O capixaba Wemerson Nogueira, eleito professor Nota 10 e que disputou o prêmio de Melhor Professor do Mundo em Dubai neste ano de 2017, viaja nesta sexta-feira, dia 1º de setembro à Coreia do Sul a convite da ONU e da UNESCO para ser reconhecido pelo extraordinário projeto desenvolvido com seus alunos na escola pública estadual de Boa Esperança, localizada no Norte do Espírito Santo.
O projeto “Filtrando as Lágrimas do Rio Doce”, nasceu no ano de 2016 após o ocorrido da tragédia ambiental de Mariana, com o rompimento da barragem de rejeitos de minérios, afetando os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Após esse ocorrido o professor Wemerson Nogueira decidiu juntamente com os seus alunos desenvolver uma metodologia de ensino diferenciada para que a criança aprendesse conteúdos relacionados à disciplina de Química, exclusivamente “Tabela Periódica”, ao perceber a grande dificuldade dos alunos no aprendizado e o sofrimento das comunidades ribeirinhas afetadas pela tragédia ambiental. Nogueira decidiu realizar uma parceria com a Secretaria de Educação do Estado – SEDU e com empresários do município de Nova Venécia e Boa Esperança, conseguindo assim desenvolver um “Filtro Bioativo de Areia”, capaz de filtrar a água contaminada com os rejeitos de minérios (metais pesados) deixando a mesma totalmente transparente e com 75% de portabilidade. No início o projeto atendeu à comunidade da Vila de Regência, no município de Linhares, com apenas 55 filtros sustentáveis, mas atualmente já está ajudando mais de oito mil famílias nos estado do Espírito Santo e Minas Gerais. Desde então com tantas repercussões na imprensa local e nacional, Wemerson Nogueira conquistou diversos prêmios pelo trabalho inovador, sendo eleito o Professor Nota 10 do Brasil e eleito um dos 10 melhores professores do mundo tendo representado o Brasil em março de 2017 em Dubai (Emirados Árabes) no prêmio Global Teacher Prize – considerado o Nobel da educação.
Após chegar de Dubai, muitas coisas mudaram na vida do professor, e o mesmo continuou com o desejo de buscar pela valorização da educação e reconhecimento do Estado do Espírito Santo, trazendo mais destaques na educação brasileira. O projeto “Filtrando as Lágrimas do Rio Doce” será reconhecido na Coreia do Sul pela ONU – Organizações das Nações Unidas e UNESCO, no próximo dia 04 de setembro, quando acontece o evento “International Fostering Global Citizenship Education for Shaping a Peaceful and Sustainable Future” (Fomento Internacional da Educação na Cidadania Global para moldar um futuro pacífico e sustentável).
As organizações internacionais – ONU e UNESCO – conheceram o projeto do professor durante a cerimônia de premiação do Global Teacher Prize 2017 e nesse momento em que estamos trabalhando a promoção da cidadania global e desenvolvimento sustentável, convidaram o Professor para se juntar por 10 dias no maior evento Educacional das Nações Unidas na Coreia do Sul, onde o professor irá apresentar o seu projeto e trazer mais um reconhecimento para sua carreira profissional como docente.
Confira, abaixo, o bate-papo, com o professor.
Como foi realizado esse convite especial para representar novamente o nosso estado e o Brasil neste evento internacional da ONU e UNESCO?
Confesso que fui pego de surpresa, eu não imaginava que quando abrisse meu e-mail teria na minha caixa de entrada um convite da ONU e da UNESCO. No momento até ignorei e comentei com um amigo, olha, estou sendo convidado para ir a Coreia do Sul para alguma coisa; ele questionou comigo ainda perguntando se eu tinha me inscrito para outro prêmio internacional. Eu disse que não, foi então que no dia seguinte chegou outro e-mail da coordenação do evento com uma carta ofício, que trazia o convite para receber um reconhecimento internacional das Nações Unidas. Eu abri a carta e comecei a chorar, por que, poxa, viver tanta coisa que eu vivi na educação, enfrentar tantas barreiras que estou enfrentando e ainda assim Deus me concede a oportunidade de continuar mostrando meu trabalho, os nossos projetos para o mundo, isso me deixou muito orgulhoso. Estamos vivendo um momento difícil neste país e elevar o nome do Brasil, do Espírito Santo para o mundo é mostrar que temos grandes competências e ações inovadoras que serviram de exemplo para todos.
O que mudou na sua vida desde quando chegou do Prêmio Internacional de Dubai?
Eu posso dizer com toda certeza que mudou completamente, aconteceram coisas boas, coisas ruins, mais o importante de tudo isso é que eu tive a oportunidade de continuar com o desenvolvimento dos meus projetos educacionais. Não parei, não recuei, pelo contrário, abracei cada dia mais um estado, município ou escola diferente, pois só quem viveu o que eu vivi em Dubai, conhecendo tantos professores de toda parte do mundo sabe que fazer a diferença na educação é necessário urgentemente, pois as nossas crianças querem ter um motivo a mais para estar na sala de aula, e com certeza nós professores que estamos inovando, podemos dar essa aula diferente, inovadora.
Como será esse prêmio de reconhecimento na Coreia do Sul, para onde você está viajando no próximo dia primeiro de setembro para receber?
Bom, a ONU e UNESCO tem muitas atividades voltadas para o desenvolvimento sustentável e a promoção da cidadania global educacional. Quando estive em Dubai, eu tive a oportunidade de conhecer a presidente chefe executiva da UNESCO e o Presidente-Chefe Executivo da ONU, apresentei o projeto do Rio Doce para todos os ministros e chefes de estado, de diversos países, o impacto foi surpreendente, pois houve muito questionamento, pelo fato de termos usado uma tragédia ambiental para ensinar química e ciências e ao mesmo tempo ajudar famílias que estavam sofrendo. Acredito que isso sensibilizou muito. Me recordo que no final da minha apresentação a Presidente-Chefe da UNESCO me pediu um cartão e disse que queriam manter contato comigo, pelo fato de ser tão jovem e ter grandes realizações. Eu acredito que talvez seja por esse motivo que houve o desejo de me reconhecer como referência pelo trabalho desenvolvido, afinal ajudamos e estamos ajudando muitas famílias vítimas da tragédia.
Depois que chegou de Dubai, teve a oportunidade de conhecer outros países, viagens pelo Brasil lançando essa semente na educação?
Sim, desde quando cheguei de Dubai, muitas, muitas portas mesmo se abriram, recebi diversos convites para palestrar, realizar Workshops, realizar assinatura de pactos pela educação entre estados e município, enfim, muita coisa boa aconteceu. Durante esses cinco meses que se passaram eu percorri doze estados brasileiros, conheci mais de quarenta escolas públicas e privadas e palestrei para mais de 60 mil professores e alunos juntos, ou seja, dei início a um grande projeto educacional, levar a minha experiência para muitos professores e jovens de todo o Brasil. As viagens internacionais estão marcadas para esse fim de ano, entre eles estão países como Argentina, Bolívia, Equador, Estados Unidos, Canadá e novamente Dubai.
Você está atuando como professor em alguma escola no Estado do Espírito Santo? Quais são os seus próximos projetos?
Bom, eu não estou atuando como docente na sala de aula, desde então me desliguei do vínculo de professor, por questões pessoais, porém, não parei no desenvolvimento de projetos não, pelo contrário, estou sendo assíduo, e agora o Brasil, os Estados e Municípios são e serão a minha sala de aula. Estou com um projeto junto com a Fundação Varkey, a mesma fundação que promove o prêmio Global Teacher Prize, esse projeto é percorrer todos os estados brasileiros falando sobre educação, inspirando professores, jovens e conhecendo projetos que estão em desenvolvimento nas escolas públicas e privadas, para que possamos juntos apoiar algumas iniciativas e contribuir da melhor forma possível para formação de uma educação global, onde todos aprendem juntos. Estou com um projeto pessoal para 2018, ainda é uma surpresa, mas com certeza irá ajudar muito o nosso estado do Espírito Santo.
Este prêmio de reconhecimento da ONU e da UNESCO tem alguma premiação em dinheiro?
Bom, eu não sei como funciona ainda esse reconhecimento, sei que vou receber uma placa entregue pela ONU e pela UNESCO, mas se terá alguma espécie de dinheiro não sei responder, porém, o reconhecimento do Estado do Espírito Santo, da escola pública de Boa Esperança, da Educação brasileira é muito mais importante do que qualquer espécie monetária. Afinal, o dinheiro acaba, mas o reconhecimento permanecerá para sempre.
Professor, agora uma pergunta muito importante para que todos que acompanharam sua história representando o Espírito Santo e o Brasil possam ficar informados sobre a suspeição da autenticidade do seu diploma. Como está a sua situação junto à SEDU, depois da abertura do Procedimento Administrativo?
Bom, primeiramente quero dizer que tudo na vida acontece para nos fortalecer ou serve de experiência para o nosso crescimento. O meu caso na SEDU está em perfeito encaminhamento, a SEDU cumpriu com o dever dela de apurar a situação e eu concordo plenamente com isso sim. Dizer que eu sabia, infelizmente não pode dizer, pois realmente eu não sabia desse fato comigo, porém, desde quando iniciou esse procedimento administrativo eu juntamente com os meus advogados cuidei de reunir o máximo de provas, testemunhas possíveis para cuidar com cautela dessa situação. A SEDU tem uma corregedoria competente, técnicos capacitados para apurar todo e qualquer procedimento administrativo da melhor forma possível, e tenho certeza que eles farão isso. O meu procedimento não foi o primeiro e nem será o último a ser apurado, mas com certeza tudo em breve será esclarecido. O importante é eu, como professor, continuar desenvolvendo este trabalho que estou desenvolvendo com escolas, alunos e professores para que um dia possamos sim ter uma educação de qualidade para todos.
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