Mais um registro triste viralizou nas redes sociais em Nova Venécia esta semana. Um vídeo gravado na Avenida Mateus Toscano, nas imediações da Escola Dom Daniel Comboni (Colégio Estadual) mostra duas meninas brigando enquanto são assistidas por uma grande plateia de estudantes. E não é a primeira vez, nem um fato isolado.
O vídeo tem duração de 42 segundos, tempo suficiente para uma adolescente expor sua selvageria. Uma das adolescentes é bem maior que a outra, o que torna a contenda uma briga desigual e covarde.
Logo no início uma voz diz: “É talarica mano!”. ‘Talarico’ é um substantivo masculino que descreve um homem que se envolve fisicamente ou emocionalmente (de forma imprópria) com a mulher de um dos seus amigos. Este termo pejorativo é comum na linguagem informal e é sinônimo de fura-olho.
Em seguida, no primeiro segundo da gravação, a mais alta dá uma bofetada na menor; na sequência um chute. A menina tenta sair, mas ela a agarra pelos cabelos e a joga violentamente no chão. Caída, ela leva mais um chute. Levanta-se e mais um tapa. Tenta sair dali, mas é perseguida; vira-se e as duas se encaram. A menor não está afim de briga, mas, a outra está disposta.
Alguém grita: “Talarica tem que apanhar!”; “Talarica tem que apanhar!”. Um garoto se aproxima e tenta tirar a menor que está apanhando, mas a agressora não permite e “parte para cima”. Ela agarra a oponente pelos cabelos, sacode, a joga no chão, mais uma vez, enquanto uma voz feminina ordena ao menino que tenta separar: “Sai daí menor p…”. Caída, a vítima leva dois chutes no rosto.
Completamente descabelada e sem reação contra sua algoz, ela se levanta e sai.
Como se não bastasse a cena protagonizada por elas brigando, na porta da escola o restante da “garotada” aplaude a confusão, se diverte com cada nocaute, grita e incentiva como se estivesse assistindo a uma competição esportiva. Uma cena deprimente que envergonha a qualquer pessoa civilizada.
Brigas entre alunos são algo que sempre existiu, desde os primórdios da educação. Entretanto, a violência entre estudantes está cada vez mais frequente e preocupa pais, professores e até mesmo a polícia. No entanto, algo que tem chamado a atenção é o fato de que os embates, na maioria das vezes corporais, têm ocorrido com maior frequência entre as meninas, seja dentro ou nas imediações das escolas.
O sexo feminino, considerado mais calmo e tranquilo, dentro de escolas está cada dia mais violento e enfurecido. As brigas, quase sempre filmadas por colegas, mostram meninas se agredindo com extrema violência, trocando socos, tapas e puxões de cabelo, dentro ou na porta de escolas.
Somente na última semana, ocorreram, pelo menos, quatro brigas em outras escolas envolvendo alunos, em grande parte garotas. Três das confusões ficaram no bate-boca, mas nem sempre é assim. Os motivos de tanta intolerância e fúria entre as meninas, geralmente, envolvem namoros no ambiente escolar e disputas de poder.
A educação de cada indivíduo varia conforme a maneira que ele foi criado em casa. Toda família tem uma forma de educar e varia de acordo com fatores sociais, culturais, familiares e individuais. A lógica da educação pautada no autoritarismo, na repressão e na força precisa ser repensada e transformada em uma educação mais participativa, democrática e baseada no respeito às diferenças. Isso não significa que os adultos (pais ou professores) devam perder seu papel de autoridade.
O problema é que, frequentemente, existe na educação familiar uma incoerência entre o que é esperado das crianças e o modelo que os adultos exercem e passam a educação. Pautar a educação no uso da força resultará, provavelmente, em atos de violência por parte das crianças e dos adolescentes. Ainda mais neste momento social, em que há maior espaço para que eles se expressem mais abertamente.
O Correio9 falou com alguns estudantes, e uma delas disse: “Aqui a gente tem que ter cuidado até na maneira como olha para alguém porque – dependendo do jeito que olha – já é motivo de briga. Rola porrada até porque uma fala da sandália da outra ou porque alguém diz que fulana é mais bonita. Mas, a maioria das brigas é por causa de namoros”.
O problema não são os agentes de violência que sempre existiram e atingiam a todos, mas a forma fragilizada e ofensiva como a geração, especialmente a juventude, atual reage.
A escola sempre foi um refúgio contra a violência para crianças e adolescentes. Hoje, ironicamente, a violência está na escola. Um grande problema que pode evoluir para casos mais graves, como tantos que ocorrem pelo Brasil afora, com esfaqueamentos, assassinatos e ataques.
Os pais precisam agir e se conscientizar do perigo que está rondando seus filhos. Precisam se conscientizar de que criar filho é uma coisa e educar é outra. Precisam rever seus comportamentos e se aliarem à escola.
Enfim, entender que o bem que se faz a uma criança é como plantar sementes de esperança para novas safras boas emergirem. Nunca precisamos tanto disso, como necessitamos agora!
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