* Elias de Lemos Gonçalves
Nesta terça-feira, 08, recebi a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Esperei muito por esse momento. Não sou um religioso praticante, mas levo a minha fé comigo e com o que os princípios que aprendi. Mas confesso que, há muito, tempo tenho dedicado momentos a orações rogando para uma solução para o que vivemos.
A espera (não se) foi longa, mas, durou 4 horas, no entanto, sem nenhum estresse. O movimento de vacinação, organizado pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Nova Venécia está sendo exemplar. Além da organização, por mais demorada que seja, a espera tem sido suportada sem transtornos. Pelo menos foi isso que percebi ao conversar com tantas pessoas na fila.
Muita calma, ansiedade e profissionais dedicados compõem o cenário de vacinação em Nova Venécia. O atendimento é impecável! Digno de admiração, especialmente, porque é um trabalho ininterrupto, elas e eles não param. É muita gente para atender e informar!
Cheguei como todos: iria tomar uma vacina e pronto! Como dito, conversei com muita gente! Mas, minha percepção, ou sensações, começaram a mudar quando me vi na iminência de ser vacinado.
A pandemia afetou a todos, sem exceção. Aqui no Correio9, além de tomar conhecimento de mortes, temos de conversar com familiares que acabaram de perder seus entes. Isso não é fácil!
Temos contado histórias tristes; narrado dores. E é impossível se acostumar com isso!
Quando aproximava o momento da minha vacinação, me lembrei de tantas histórias que já escrevi ao longo dessa pandemia e que aquelas pessoas poderiam estar aqui, se lá atrás, tivessem um recurso.
Comecei a ficar emocionado, nervoso, como poucas vezes. A enfermeira que me aplicou a vacina e uma amiga que fez a foto histórica me perguntaram se eu estava com medo. Nunca tive medo de vacina ou injeção de qualquer natureza. Até Benzetacil eu já tomei!
Mas fiquei pensando em tudo que já aconteceu, está acontecendo e vai acontecer na pandemia.
Tive Covid em fevereiro deste ano, fui diagnosticado no dia 13, sábado de carnaval, na véspera do meu aniversário. Fiquei catorze dias em quarentena, sendo dez destes, em prisão domiciliar. Dos dez dias, cinco foram os piores da minha vida. Trancado, sem abrir a porta e recebendo ajuda pela janela. Quando eu precisava de alguma coisa, meu irmão Eduardo, ou o meu sobrinho, Gustavo, traziam e me entregavam pela janela.
Os sintomas que senti poderiam ser aliviados com internação, intubação, medicamentos. Mas, e o medo!? Nunca senti tanto medo na minha vida! Foram dias que me fizeram refletir sobre muita coisa. Eu tinha dificuldade para beber água! Arroz e feijão, nem pensar!
Assim, ao receber a primeira dose da vacina, senti um fio de esperança para tanta turbulência. Senti-me grato. Se todos estamos vivos, é por causa da ciência. Fiquei pensando em quantas mentes, quantos cérebros se dedicaram para que aquele pequeno líquido me deixasse tão nervoso.
Tremi muito, a enfermeira procurou me acalmar e, fiquei, até, envergonhado. Por pouco eu não chorei, foi um momento muitíssimo especial para mim, como vi que foi para tantas pessoas ali.
Com fé na ciência, respeito à razão, poderemos vencer.
Para encerrar esse texto, vou parafrasear quatro gênios:
Marie Curie: “Na vida, não existe nada a temer, mas a entender”.
Isaac Newton: “O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano”.
Benjamin Franklin: “Viver é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença”.
Hipócrates: “Há verdadeiramente duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância”.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
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