Um sargento do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) da PM atirou num empresário enquanto ele tentava ajudar vítimas de um roubo, em Macaé, no Norte Fluminense. A Corregedoria da corporação investiga o caso, que aconteceu na noite do último dia 1º, no bairro Praia Campista. O policial confundiu o homem, de 42 anos, com um dos criminosos que haviam acabado de assaltar duas mulheres na frente de uma boate próxima. Com a confusão, os assaltantes conseguiram fugir numa moto.
O empresário testemunhou o roubo e tentava interceptar a dupla de criminosos com seu carro quando foi alvo dos disparos do agente, que está na PM há 18 anos. Ele foi atingido por três tiros — na nunca, de raspão, nas costas e no braço —, todos feitos pelas suas costas, de trás para a frente do veículo. O carro, um Gol, teve os vidros traseiro e dianteiro, bancos e retrovisor perfurados pelos disparos. O empresário foi socorrido ao Hospital Público Municipal de Macaé e foi liberado durante a madrugada.
— Eu sou e sempre fui um grande defensor da polícia. Acho que a sociedade precisa apoiar as pessoas que arriscam a vida para nos proteger. Mas se ele errou, tem que pagar. Ele poderia ter matado um inocente — afirmou o empresário, que não quis se identificar por medo de represálias.
Na 123ª DP (Macaé), onde o registro de ocorrência foi elaborado, o PM não assumiu o erro: o sargento alegou que atirou “para não ser atropelado” pelo empresário. O agente afirmou, em seu depoimento, que estava numa viatura atendendo outra ocorrência com um colega quando “foi informado por populares que um Gol havia sido tomado de assalto ali próximo e estava em fuga na direção dos policiais”.
Os dois PMs desembarcaram da viatura e avistaram o carro, que, segundo o sargento, “foi em direção da equipe em alta velocidade, sendo dada ordem de parada ao condutor, que não atendeu”. Por fim, o agente disse que, “para não ser atropelado, ele se jogou para trás e efetuou cinco disparos com a pistola em direção ao veículo”.
Advogado estuda processo
O sargento não explicou, em seu depoimento, porque os tiros foram disparados pelas costas. Não foi encontrada nenhuma arma com o empresário — que, logo que saiu do veículo, explicou que tentava ajudar as vítimas de roubo.
O empresário diz que viu o carro da PM há cerca de 50 metros de onde estava quando foi alvo dos disparos. Ele acredita que o agente pode ter se enganado sobre o veículo usado pelos assaltantes quando foi acionado por testemunhas do roubo. Na delegacia, o caso foi registrado como “Fato Atípico” — quando não o delegado não interpreta que houve crime — e tanto os PMs como o empresário foram liberados. Entretanto, a 6ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), em Campos, abriu uma investigação e quer ouvir a versão do empresário.
Ricardo Monteiro, advogado da vítima, avalia a possibilidade de processar o Estado pelo crime.
— O erro do agente está claro — diz.
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