
Elias de Lemos (Correio9)
O resultado da construção da segunda ponte (Ponte Afonso Cremasco), em Nova Venécia, é o pesadelo de quem mora na Rua Alegre, no Centro da cidade. Quem denuncia são moradores que convivem dia e noite com os transtornos do trânsito nas imediações de acesso à ponte. Atualmente, moradores testemunham acidentes, quase diariamente. A trepidação da rua tem provocado rachaduras nas casas, janelas de vidro se quebram, os muros estão rachados e os prejuízos se acumulam.
Inaugurada há pouco mais de dez anos, a ponte prometia uma grande solução para desafogar o trânsito do Centro da cidade, mas trouxe outros problemas. No local há uma curva de aproximadamente 45 graus, que torna impossível o acesso de ônibus e caminhões por ali, mas, os motoristas não respeitam. Há uma placa que avisa da proibição do tráfego de veículos pesados, mas ela não é respeitada. Hoje, a rua que já foi dividida por um canteiro, está separada por três blocos de gelo baiano. De acordo com os moradores, o canteiro, construído na gestão de Walter de Prá, aliviava o problema, mas que após a retirada, no governo de Wilson Venturim, o Japonês, o problema piorou muito.
Diante do problema, alguns moradores procuraram a redação do Correio9. A equipe do jornal esteve no local e conversou com eles. Além do sossego perdido, muitos estão apresentando problemas de saúde, decorrentes do estresse que estão vivendo.
Um destes moradores é Margarida Luiza Mileri Pinto, ela narrou que está sobrevivendo sob o efeito de remédios, e explica a razão. Ela disse que tem testemunhado acidentes de trânsito como nunca imaginara, “é muito difícil um dia que não tem acidente aqui, tem até uma placa, mas não serve para nada, pois os motoristas não respeitam”, afirmou. Segundo ela, recentemente um caminhão se desgovernou na curva e bateu no muro da casa vizinha. Outro invadiu a varanda da casa ao lado. No mesmo local, duas motoqueiras foram parar dentro da casa.
Com isso, Maria providenciou a instalação de obstáculos na frente da sua residência, eles são formados por tocos de madeira e por barras de ferro fincadas ao chão. Mas estas providências não resolvem o problema da trepidação, e Maria está contando as rachaduras que vem aparecendo na sua casa a cada dia. O piso da casa está trincando e as paredes da frente apresentam marcas como se estivessem riscadas a lápis.
Ela contou que já foi à Prefeitura, à 7ª Ciretran e ao Ministério Público, mas nada foi feito. Maria citou o exemplo de um carro que, ao curvar, bateu no gelo baiano, em seguida, derrubou uma árvore, bateu em um carro estacionado, e só parou quando encontrou o muro da varanda de uma casa da rua. O prejuízo foi de R$ 13 mil.
Outra moradora, Maria Ortolani levou a equipe até a sua casa e mostrou a calçada que ela já perdeu as contas de quantas vezes teve que refazer. Reclamou também das discussões acaloradas entre motoristas e dos xingamentos e palavrões que ouve diariamente. Segundo ela, a vida se tornou um tormento naquele lugar.
Maria se sente gritando no deserto, “reclamamos, buscamos as autoridades, mas ninguém ouve”, desabafou a moradora.
Situação não muito diferente, também, é vivenciada por Kairan Pena Eleotério Soares. Ela cuida do pai doente e acamado, “meu pai está doente e passando por muito estresse, estivemos no médico e ele disse que o estado dele está se agravando, ele reclama muito do barulho e dos xingamentos”, disse ela.
Kairan precisou trocar duas janelas recentemente, pois a trepidação da rua rachou as paredes e danificou as janelas da frente da sua casa.
A reportagem ouviu, também, a residente Rosane Piva, ela disse que está sem esperanças. “Nos disseram que fariam desapropriações para a construção de uma rotatória, e nos pediram para procurar casas em outro local, pois seríamos indenizados, mas as palavras se foram com o vento”, disse ela. A casa de Rosane é uma das mais afetadas. Com rachaduras por todos os lados está trazendo risco para os moradores. Recentemente ela fez uma “reforma” na parte interior, mas do lado externo da residência, ela classifica “como um horror”, e completa: “Se eu tivesse condição, eu já teria abandonado a minha casa”.
O Correio9 procurou a 7ª Ciretran, o chefe do órgão, Anderson Salvador, informou que o trânsito não é municipalizado, mas que cabe à Prefeitura identificar os problemas e levá-los à Ciretran. Segundo ele, não há nenhuma solicitação neste caso.
O Correio9 procurou, também, o Setor de Obras da Prefeitura, que é responsável pela organização das demandas do trânsito na cidade. O secretário de obras, Sebastião de Sá, disse que desconhece o problema e ao ouvir o que a equipe de reportagem ouviu dos moradores, declarou que sendo assim “só falta a rua afundar”. Ele lembrou de que, no local, tem uma placa que avisa do impedimento do tráfego de ônibus e caminhões. Mas, no momento da reportagem a equipe flagrou a passagem de veículos pesados, inclusive um ônibus de transporte escolar e um caminhão de recolhimento de lixo, ambos da Prefeitura.
Ele disse que vai averiguar o problema junto com o secretário de Planejamento, Edson Marquiori, e que vai buscar uma solução para o problema.
Enquanto isso, os moradores aguardam e o Correio9 “está de olho”.



Comente este post