Vacinas eficazes contra a Delta
O passo derradeiro do desconfinamento estava previsto para o dia 21 de junho, mas foi adiado diante do crescimento dos casos no país. O país registra hoje uma média de 24,5 mil diagnósticos diários, mas as mortes e internações não crescem na mesma proporção: o coronavírus mata em média 17 britânicos por dia. A maciça parte das novas internações, disse Boris, continua a ser pessoas não vacinadas.
As vacinas usadas no Reino Unido são eficientes contra a variante Delta: segundo uma pesquisa preliminar divulgada em junho pelo sistema de saúde inglês, as duas doses da Pfizer-BioNTech evitam internações em 96% dos casos e as duas injeções da Universidade de Oxford-AstraZeneca, em 92% dos pacientes.
Uma pesquisa paralela realizada em Israel constatou que as duas doses da Pfizer seriam 93% eficientes para evitar casos graves causados pela mutação Delta, mas sua eficácia para conter o contágio seria menor que o anteriormente previsto: evitaria a infecção em 64% dos vacinados, menos que os 94% em cepas anteriores.
Tal qual o Reino Unido, o país vê um aumento dos diagnósticos, mas as mortes e internações permanecem relativamente mais baixas. Nada disso significa que as vacinas não são eficazes, mas apenas que será necessário vacinar uma parcela maior da população para que seu impacto seja sentido com mais afinco na curva de contágio.
Paralelamente, o Reino Unido discute aplicar doses de reforço nos mais vulneráveis. Apesar de ainda não se saber ao certo por quanto tempo as doses irão conferir imunidade, Downing Street já se programa para aplicar uma terceira dose antes do inverno. A campanha englobará todos com mais de 50 anos, além de pessoas com comorbidades e funcionários da linha de frente.
Decisão precipitada?
Antes mesmo da mudança desta segunda ser formalmente anunciada, contudo, especialistas e grupos sindicais já haviam demonstrado temores de que as concessões do governo fossem demasiadamente lenientes. À rádio BBC, o conselheiro científico do governo, Stephen Reicher, disse que a Inglaterra terá “problemas” caso o governo ponha completa e exclusivamente na mão do povo:
— Se o governo ceder completamente a responsabilidade, nós teremos problemas — afirmou. — Para que as pessoas ajam com responsabilidade, a informação é crítica, mas os recursos também (…). Meu medo é que quando o governo te diz para agir com responsabilidade, pode parecer que eles estão dizendo que não levarão a responsabilidade deles a sério.
Já o sindicado Unite, que reúne 1,4 milhão de funcionários do setor de transportes, emitiu um apelo para que o governo repense o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes públicos. Segundo o grupo, a decisão oficial é “absolutamente ridícula” pois o uso de máscaras “não apenas reduz transmissões, mas dá segurança extra para os motoristas e passageiros nervosos que temem se infectar.
“Nossos membros já relatam que há um aumento dos passageiros ignorando as regras que dizem respeito às máscaras”, disse ele. “Pôr um fim à obrigatoriedade seria um ato de grande negligência”.
Também em entrevista à BBC, um representante do sindicato da Associação Médica Britânica concordou:
— Não faz sentido parar de usar máscaras em ambientes públicos fechados, como no transporte público — afirmou Chaand Nagpaul, o presidente do órgão. — E, no que diz respeito à “escolha pessoal”, lembrem-se que o uso de máscaras em público não protege predominantemente quem a usa, mas aqueles ao seu redor.
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