Mesmo com o anúncio do fim da paralisação dos caminhoneiros, feito pelo governo na manhã desta segunda-feira, os bloqueios permanecem em todo o país, e em Nova Venécia, não há previsão de normalização da situação.
No oitavo dia de interrupção das atividades, as manifestações dos caminhoneiros e bloqueios de estradas continuam durante esta segunda-feira. Apesar da expectativa com o possível fim da greve após o governo anunciar que atendeu a “praticamente todas” as reivindicações da categoria.
A greve está provocando uma crise de desabastecimento em todo o Brasil.
Em Nova Venécia, começou a faltar combustível na quarta-feira (23). Na noite de quinta-feira (24), vários postos estavam com as bombas lacradas. Na sexta-feira (25), os estoques de gasolina foram zerados.
Nesta segunda-feira (28), todos os postos de Nova Venécia estavam com o atendimento suspenso para a população.
A Rede Ferrari recebeu quatro caminhões de gasolina, que chegaram escoltados pela Polícia Militar. Segundo informou a gerência da Rede, é combustível suficiente para atender a quatro cidades: Nova Venécia, Pinheiros, São Domingos do Norte e Vila Pavão. No entanto, manifestantes tem impedido a distribuição do produto.
Apenas veículos públicos que prestam serviços essenciais têm sido abastecidos, como viaturas policiais, ambulâncias e carros do corpo de bombeiros.
De acordo com as informações prestadas pela empresa, grupos de manifestantes têm se revezado na fiscalização dos postos. Na manhã desta segunda-feira, houve tumulto entre taxistas e os atendentes dos postos da Rede Ferrari, em Nova Venécia. No final, ninguém abasteceu. A fim de evitar tumultos, a polícia tem feito ronda nos postos da empresa. Mesmo assim, as filas não param de crescer em todos os postos da Rede.
Nos demais postos de Nova Venécia, ainda não há nenhuma previsão de chegada de combustível. O Posto do Elias informou que suas encomendas ainda não deixaram as distribuidoras, que está dependendo dos desbloqueios das estradas. O mesmo acontece com o Posto 2 Irmãos.
Ônibus
Nesta segunda-feira, a viação São João ampliou os horários de circulação dos ônibus de transporte coletivo municipal. Na sexta-feira a empresa reduziu as operações ao início da manhã, horário de almoço e fim do dia.
No entanto, nesta segunda, todas as linhas estão funcionando, normalmente ao longo do dia, com restrições à noite.
A empresa informou que os ônibus vão parar às dezenove horas, com retorno às 22 horas. Para esta terça-feira (29), ainda não há definição.
O Acordo
Representantes dos sindicalistas que negociaram com o governo disseram que os bloqueios que ainda ocorrem são realizados por trabalhadores que ainda não foram informados do fim da greve.
O governo anunciou as seguintes medidas:
1ª) A redução de R$ 0,46 no litro do diesel, a ser financiada pelo governo, e não pela Petrobras. O presidente, Michel Temer, afirmou que a redução corresponde aos tributos “PIS/Cofins e Cide somados”;
2ª) Essa redução deve durar 60 dias e, a partir disso, será reajustado mensalmente, “para o motorista poder planejar os custos e o valor de seu frete”, disse o presidente;
O governo editará três Medidas Provisórias, a primeira isentando a cobrança pelo eixo suspenso em pedágios de todo o país; a segunda, garantindo que 30% dos fretes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) serão feitos por motoristas autônomos; e a terceira, criando tabela com preço mínimo de frete.
A paralisação
A greve dos caminhoneiros completou uma semana neste domingo (27), com protestos ainda existentes em diversas rodovias do país e um saldo de desabastecimento de combustível e insumos básicos que afetaram, em diferentes graus, a maior parte do país.
Na noite de sábado, os ministros Raul Jungmann, da Segurança Pública, e Sérgio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, afirmaram em entrevista coletiva que a situação “começaria a se normalizar”, com o reabastecimento de aeroportos e o início da desobstrução de estradas.
Desabastecimento
O domingo foi de incerteza quanto ao abastecimento e de filas nos postos de combustível, mesmo com o início da desmobilização de parte da greve. Nesta segunda-feira, postos de Salvador e do Rio começaram a ser reabastecidos, mas a maior parte dos Estados sofre com desabastecimento.
O temor pela ausência de combustível fez com que muitos estabelecimentos de ensino anunciassem, ainda no fim de semana, a suspensão das aulas na segunda-feira em várias capitais do país. Uma delas é a Universidade de São Paulo (USP), que suspendeu as aulas da graduação até quarta-feira.
Continuidade
No Espírito Santo, os caminhoneiros continuam às margens das rodovias em protesto na manhã desta segunda. Não há prejuízo para o trânsito, mas o bloqueio impede a passagem de caminhões.
Na BR-262, em Viana, na Grande Vitória, cerca de 600 caminhoneiros permaneciam no protesto.
Governo do Estado vai multar manifestantes que impedirem a passagem de cargas essenciais
Nesta segunda-feira, o Governo do Espírito Santo vai começar a aplicar multas para caminhoneiros e manifestantes que impedirem a liberação de cargas essenciais para serviços e para a vida humana nas rodovias que cortam o estado.
Ao todo, o Espírito Santo tem 1.646 veículos parados em 29 pontos de manifestação, segundo o governo do estado. Neste domingo, a gasolina chegou a 80 postos do Estado, gerando quilômetros de filas que exigiam muita paciência dos motoristas.
Na noite deste domingo (27), caminhões com cargas de alimentos voltaram a entrar nas Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), em Cariacica. Os produtores relataram que passaram com tranquilidade pelos portões, que estavam liberados.
De acordo com o governo do estado, 200 caminhões carregados com produtos essenciais à população, como alimentos e medicamentos, foram liberados dos bloqueios.
Paralisação causa prejuízos à economia
Um dos setores mais afetados pela paralisação é o de entrega de encomendas postais. No Espírito Santo, 85% das correspondências deixou de ser entregue, devido à impossibilidade da chegada dos caminhões dos Correios ao seu destino.
Encomendas Sedex convencional e PAC, estão sendo postadas normalmente, porém os prazos de entrega desses serviços estão comprometidos, dependendo do fim dos desbloqueios das rodovias.
Modalidades de serviço internacional, malote, carta, FAC, impresso, mala direta, Correios Entrega Direta e Remessas Econômica/Expressa também foram afetadas, apesar de serem postadas.
Apenas os serviços com dia e hora marcados (Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje) estão temporariamente suspensos.
Água e abastecimento
A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) informou que por enquanto a produção de água tratada está dentro da normalidade. No entanto, há dificuldade de entrega de produtos químicos para tratamento de água. A empresa orienta a população a economizar e evitar o desperdício.
Indústria e comércio
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) estima um prejuízo de R$ 300 milhões para o setor. Segundo a entidade, a manifestação dos caminhoneiros parou 66% das indústrias instaladas no estado.
Já a Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES) calcula que as vendas caíram 60% na última semana por conta da greve dos caminhoneiros.
Com informações do G1.
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