Fugindo do lugar comum, na sessão da semana passada (26 de setembro), na Câmara Municipal, o vereador Otamir Carloni (PSB) falou de uma questão importante que diz respeito ao futuro de Nova Venécia.
Ele lembrou da necessidade de se pensar no planejamento estratégico do município. A fala conclama a olhar para a frente a fim de perguntar para onde o município caminha a partir do ponto onde está.
As palavras do vereador chamam a atenção por não ser um assunto que faz parte da maioria dos planos de gestão e, tampouco, consta de alguma agenda do Legislativo veneciano.
No entanto, o início da conversa merece atenção podendo ser levado a uma ampla discussão que possa debater os rumos do município estabelecendo o ponto de partida, os caminhos possíveis e o ponto de chegada.
Onde estamos? Uma análise retrospectiva permitirá entender a linha do tempo percorrida e como chegamos até aqui. Depois, qual o panorama atual e quais os pontos fortes e fracos do município. Quais as condições favoráveis que podem nos conduzir ao futuro? Quais as incertezas? Quais os pontos críticos? Quais cenários futuros podem ser projetados? Quais são os indicadores de resultados?
Onde queremos chegar? Qual a visão que Nova Venécia tem do futuro? Como vai tratar suas regiões? Quais as metas? Quais os condicionantes endógenos e exógenos? Como o futuro poderá ser construído? Como compor grupos de trabalho nos variados eixos de desenvolvimento? Qual a agenda necessária à governança do projeto?
Crescer é diferente de se desenvolver. O crescimento pode acontecer no curto e no médio prazos. Mas, o desenvolvimento só acontece a longo prazo. Além disso, crescimento nem sempre se traduz em desenvolvimento.
O desenvolvimento abrange toda a sociedade, enquanto o crescimento, na maioria das vezes, é localizado. Por exemplo: alguns melhoram de vida e outros não. Nem todos percebem o crescimento, mas o desenvolvimento é percebido pela maioria das pessoas.
O planejamento estratégico aponta o caminho a ser percorrido e os obstáculos à consecução do objetivo. Não se tratando de uma aventura, mas do aproveitamento das potencialidades locais e da apresentação dos nichos inexplorados e que podem favorecer a caminhada. Um exemplo: nos perguntemos quanta coisa existe aqui, que pode favorecer o desenvolvimento da nossa cidade, mas não são lembradas?
Os pontos fracos de Nova Venécia e os fortes não são menores nem maiores que outras cidades. Cada lugar tem suas vantagens e isso é enriquecedor. Mas o bom proveito depende do enfrentamento e de um curso viável para a superação de desafios e a construção da realidade que queremos.
Querer outro futuro é começar a partir de uma agenda no presente porque o futuro só pode ser construído agora. Pela perspectiva do hoje, amanhã será futuro. Quando chegarmos lá, deixará de ser futuro passando a ser presente. Neste sentido, o futuro nunca chega.
A melhor motivação para desejar o futuro é percebê-lo no presente por meio do alcance de metas em todos os segmentos da sociedade envolvendo entidades públicas, privadas, não governamentais e a sociedade civil organizada em movimentos sociais.
Até aqui, Nova Venécia cresceu de forma desordenada. Basta observar mazelas como a falta de saneamento básico, a ausência de uma política habitacional, gargalos na saúde e a insegurança que absorve nossos jovens pelo caminho das drogas e, prematuramente, arrefece vidas. Como criar oportunidades para os jovens e atraí-los para outros caminhos?
Vencer os obstáculos depende de um modelo de desenvolvimento global, que só será possível, por meio de um esforço coletivo em torno de um planejamento que norteie claramente os caminhos para o município rumo ao que é desejado. O planejamento estratégico de longo prazo desenha este caminho.
Ele detalha a trajetória rumo ao ciclo de desenvolvimento e como o município será preparado para as gerações futuras, em outras palavras, o planejamento é o fio condutor.
A estratégia deve contemplar diretrizes, áreas e princípios e como todo o plano se integra e se interdepende em uma agenda de execução que possa responder aos anseios ao longo do percurso.
O futuro pode ser construído. Um grande exemplo de resgate de cidades, que se tornou uma referência mundial é a cidade de Medellín, na Colômbia, que até os anos 1990 padeceu com o cartel, que levava o nome da cidade, onde o traficante internacional Pablo Escobar mandada e desmandava.
A cidade colombiana tem quase 2,6 milhões de habitantes e se resgatou do passado macabro. Mas, isso não foi feito de um dia para o outro, nem a poucas mãos, foi e está sendo fruto de uma mobilização geral de todos que almejaram e alimentam a esperança de um futuro melhor.
O futuro não chega, ele se passa no presente. Não abandone sua fala, Otamir Carloni, pois o futuro é logo ali!
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