O novo coronavírus, causador da Covid-19 mudou o jeito de nos relacionarmos, assim como mudou condutas e comportamentos na rua e no trabalho. Descobrimos que não sabíamos lavar as mãos e estamos aprendendo a viver de forma isolada, com pouco ou nenhum contato físico com outras pessoas.
O isolamento social é uma das principais recomendações para combater a propagação do coronavírus. No entanto, mantê-lo é um grande desafio para a maioria das pessoas, principalmente para aquelas que não dispõem de um espaço ao ar livre para tomar sol, brincar com o cachorro ou fazer outras atividades para aliviar a tensão do confinamento.
Quem circula pelo centro de Nova Venécia, nas imediações das agências bancárias e casas lotéricas, se depara com grandes aglomerações de pessoas. Em filas, tomam conta das calçadas, na expectativa de receber benefícios (os R$ 600 do auxílio emergencial), salários ou fazer outras transações.
Apesar do grande número de pessoas, nem todas usam máscaras, o distanciamento entre elas – aconselhado em cerca de um metro e meio – não é observado, demostrando que muita gente tem menosprezado o risco de contágio.
Nova Venécia soma 21 notificações, 12 casos descartados, 5 confirmados, 3 casos curados e uma morte.
O município saiu na frente tomando medidas de prevenção logo no início da pandemia. Em seguida, veio o decreto do Governo do Estado estabelecendo medidas restritivas para todos os municípios. No entanto, com o relaxamento das medidas e o fim da quarentena, os capixabas relaxaram a prevenção.
Nesta quarta-feira, 6, completa quinze dias do fim das restrições, para quando é esperado um salto nas notificações e no número de casos. O alerta foi feito na última quarta-feira, pelo médico José Mauro Pimentel Machado, durante entrevista coletiva, concedida na Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Nova Venécia.
Tanto as autoridades sanitárias, quanto da administração pública, têm reforçado, insistentemente, da necessidade de manutenção das medidas de prevenção. Mas, a necessidade econômica tem falado mais alto e as pessoas têm se aglomerado sem se darem conta do risco; as filas em frente à Caixa falam por si.
O impacto do novo coronavírus sobre a atividade econômica é grande sem poupar ninguém, mas é importante lembrar de que as pessoas vêm antes da economia.
O mundo sabe que o enfrentamento da pandemia traz impactos econômicos sérios, e todos os governos responsáveis estão abrindo cofres, elaborando programas de recuperação econômica para quando a crise passar por seu pico.
Mesmo assim, ganha evidência no debate atual sobre a pandemia do COVID-19 a crítica à estratégia do isolamento social, levada a cabo por governadores e prefeitos. Esta se fundamenta, em essência, na ideia de que os impactos econômicos do isolamento são maiores do que os seus benefícios em termos de saúde pública.
O argumento é que a eventual restrição de contato social deveria ser direcionada aos grupos de risco desta pandemia: pessoas com mais de 60 anos de idade ou que sejam portadoras de doenças crônicas. Por conseguinte, o resto da sociedade deveria retomar a normalidade o quanto antes a fim de reduzir os impactos econômicos desta crise súbita.
Os defensores do “retorno à normalidade” argumentam que os óbitos causados pelo covid-19, como proporção do total da população, são inferiores às mortes derivadas de outras enfermidades ou processos sociais, como assassinatos e acidentes de trânsito. E, por imposição lógica, se a economia não costuma parar em função de tais problemas, não haveria de ser impedida por efeito de um vírus ainda menos letal. Esquecendo-se de sua capacidade de proliferação e que não há cura.
Como supor que a vida social e econômica seguirá seu curso natural com a contaminação crescente se, mantidas as proporções atuais, 4% dos infectados apresentam sintomas graves e, com isso, demandam atenção intensiva de recursos médicos e hospitalares, inclusive leitos de UTI, equipamentos de apoio à respiração entre outros? Para exemplificar a situação, basta um raciocínio simples: se metade da população brasileira for infectada, pelo menos cinco milhões de pessoas demandarão atenção especial, um número muito superior à capacidade humana, material e de recursos hospitalares existentes no País. O mesmo vale para os demais países que enfrentaram, ou não, o pico da doença.
Assim, por mais que a taxa de mortalidade da pandemia em curso seja relativamente baixa, mesmo quando comparada com outras tragédias humanitárias, os impactos sobre o sistema de saúde e o conjunto da sociedade são, realmente, preocupantes para se considerar a volta à normalidade, como se o vírus não estivesse aí.
Também por força da lógica, é preciso admitir que o número potencial de mortos e de pessoas infectadas que demandariam atenção especial seria tão grande que possivelmente produziriam uma desorganização ainda maior do que aquela produzida pelo isolamento atual.
Além disso, trata-se de uma nova doença, sobre a qual se sabe pouco e não há vacina ou remédio para combater o vírus causador.
Se mesmo assim, você continua negligenciando a covid-19, se ponha no lugar daquelas pessoas que perderam seus entes queridos.
Comente este post