Elias de Lemos (Correio9)
Indicador do Banco Central mostra queda de 0,13% entre abril e junho. No primeiro trimestre do ano foi registrado recuo de 0,2%. Mercado se mantém otimista.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira, 12, apontou recuou de 0,13% do Produto Interno Bruto (PIB), no segundo trimestre do ano, em relação aos três meses anteriores. O índice é uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). entretanto, o resultado oficial será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no fim do mês.
Se a queda for confirmada pelo IBGE, significa que o país está em recessão técnica, quando há dois trimestres negativos seguidos de queda da atividade econômica.
O baixo desempenho do segundo trimestre de 2019 já era esperado, pois a queda foi geral. O setor de serviços, por exemplo, caiu de 0,6% no segundo trimestre; a produção industrial diminuiu 0,7% e as vendas do comércio recuaram 0,3% no período.
O desempenho baixo aumenta a falta de otimismo em relação à economia brasileira para este ano. No mês passado, o Ministério da Economia reduziu sua previsão de crescimento para o PIB de 2019 de 1,6% para 0,81%. Há um ano a previsão de expansão era de 2,5%. Para 2020, a previsão de crescimento do PIB também caiu: 2,5% para 2,2%.
O IBC-Br é o instrumento usado pelo Banco Central para acompanhar a conjuntura econômica brasileira. Ele é utilizado pelo BC para nortear suas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos.
O índice foi criado pelo BC para antecipar, por aproximação, a evolução da atividade econômica e, desse modo, preparar o mercado para o índice oficial, evitando surpresas. Mas o indicador oficial continua sendo o PIB, calculado pelo IBGE.
Outro índice, o Relatório Focus, divulgado às segundas-feiras pelo BC apontou previsão de queda para o PIB em 2019. Na semana passada a previsão que era de 0,82%, caiu para 0,81%. O Relatório é produzido semanalmente, pelo BC, a partir de uma pesquisa com mais de cem empresas no País. Ele reflete a expectativa do mercado. O Relatório registrou 20 quedas seguidas, até 29 de julho. Ficou estável por três semanas e voltou a cair nesta segunda-feira, 12.
Os especialistas também diminuíram a previsão de inflação para o ano, de 3,80% para 3,76%. Isto significa expectativa de menor pressão por parte da demanda, portanto, menor consumo e menores vendas. No entanto, inflação menor facilita a redução gradual da taxa de juros.
De acordo com dados do Relatório, o mercado financeiro espera – para o fim de 2020 – uma Selic em 5,5% ao ano. Mas, para economistas a taxa de juros encerrará o ano em 5%. Na semana passada os economistas esperavam uma taxa básica de 5,25% no final de 2019.
Câmbio e balança comercial
O Relatório aponta que os analistas ouvidos não mudaram a projeção da taxa de câmbio para o fim de 2019, que permaneceu estável em R$ 3,75 por dólar pela terceira semana consecutiva. A previsão do dólar para o fechamento de 2020 também não foi alterada ficando em R$ 3,80 pela 14ª semana seguida. Já a previsão para 2021 subiu de R$ 3,85 para R$ 3,86.
A estabilidade cambial se assenta nas previsões para o comércio externo. Para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), em 2019, os analistas reduziram a previsão de superávit de US$ 52,6 bilhões para US$ 52 bilhões.
No entanto, para 2020, a estimativa dos especialistas do mercado passou de US$ 47,43 bilhões para US$ 47,6 bilhões.
Investimentos estrangeiros
Para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2019, o relatório ficou estável em US$ 85 bilhões, enquanto para 2020, a estimativa dos analistas caiu de US$ 85,56 bilhões para US$ 85,28 bilhões.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Jornal Correio9
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