
Elias de Lemos (Correio9)
O advogado Edgar Ribeiro da Fonseca é veneciano, onde trabalha em várias áreas do Direito há mais de 30 anos. Casado e pai de três filhos, ele é também um apaixonado por política.
Dr. Edgar atua como advogado na política e, agora, decidiu colocar seu nome à disposição dos eleitores pela segunda vez.
Nesta entrevista, ele discorre sobre as principais áreas que mais afetam a vida da população, o desenvolvimento e o crescimento econômico.
Correio9 – Quem é Edgar Ribeiro da Fonseca?
Edgar Fonseca – Sou, com muita honra, filho de seu Moisés Fonseca [seu Moisés oficial de Justiça]; e de Dorca Maria da Fonseca. Casal que adotou Nova Venécia pelos idos de 1950. Amaram Nova Venécia, educaram seus filhos aqui e aqui construímos nossas famílias.
Eu sou advogado, há mais de 30 anos, milito como advogado público, especialmente na área de Direito Administrativo; defendo funcionários perseguidos por diversas administrações. Tenho pautado, também, a defesa dos menos favorecidos. Tenho um trabalho voluntário de advocacia para a APAE, que para mim tem sido muito honroso.
Correio9 – O que te levou para a política?
Por estar chateado com a politicagem, não com a política. Eu sempre trabalhei nos bastidores da política, defendendo políticos experientes, políticos que foram perseguidos e teve seus mandatos cassados…
Eu vou falar regionalmente: a região norte está perdendo a sua capacidade de representação. Eu vejo que a politicagem capixaba está criando um feudo que podemos chamar de cabresto. Os municípios recebem tudo a conta gotas, as benesses. As obras que precisam ser feitas não chegam aos municípios.
Então não adianta ficar só reclamando nas redes sociais; uma hora tem que colocar seu nome. Não é só reclamar; é preciso entrar no sistema e combatê-lo de dentro para fora.
Eu penso que o sistema político capixaba precisa ser renovado. Nós vemos políticos, deputados sendo eleitos e reeleitos sucessivamente ao longo de anos. Parece que têm cadeira cativa e quando eles não entram eles põem seus filhos…
Nova Venécia, por exemplo, há 20 anos não tem uma representatividade local. O que estamos vendo é que o município está retrocedendo. Naquele período a população era a metade da que tem hoje e a cidade tinha três hospitais. De lá para cá a população dobrou, passa hoje de 50 mil pessoas e a cidade tem, apenas, um hospital, que é o São Marcos, que teve suas reformas, mas, a sua estrutura é de 60 anos atrás.
Enquanto isso, cidades menores têm hemodiálise, UTI, tem ortopedia, como é o exemplo de Barra de São Francisco; isso porque lá tem liderança, ou seja, tudo se desenvolve nos outros municípios, mas Nova Venécia só retrocede.
Eu tenho uma indignação porque eu vejo que a politicagem tem estragado Nova Venécia. Assim como aqui, muitos municípios passam pela mesma situação.
Vou citar um exemplo: no segundo mandato do Walter De Prá, ele descobriu que a Constituição de 1988 estabelecia que as universidades federais deveriam ser interiorizadas, que elas deveriam chegar ao interior. Ele foi em Vitória e lutou muito, levou vários ônibus com muitas pessoas, fez muita pressão. E conseguiu; vieram dois polos para a região, um para Nova Venécia e outro para São Mateus.
Acontece que, quando terminou o mandato dele, políticos venecianos brigaram entre si e conseguiram discutir uma conquista tão árdua e importante para a população.
Meu candidato a governador é o Manato. Ele tem meu apoio, mas sendo eleito eu serei responsável com ele, vou fiscalizar e cobrar. Se for outro governador eu vou fazer o mesmo! Eu acho que nós precisamos fazer uma política de junção.
Correio9 – Outros municípios menores, como Barra de São Francisco, Pinheiros e São Gabriel da Palha elegem deputados. Por que Nova Venécia não elege?
Edgar Fonseca – Só Nova Venécia tem 39.712 eleitores aptos a votar. Com esse número é possível fazer um deputado e dependendo da legenda, até dois. Basta querer! O que vejo é um processo destrutivo do sistema político local. Os políticos daqui estão criando um grupo deles, não para a população. Estão fechados em grupos, eles é que têm que ser.
Eu penso que precisamos de construir lideranças, eu penso que precisamos de novos nomes, novas lideranças e despertar as pessoas para isso.
Quem defende candidatos de fora e tira votos de Nova Venécia está pensando nele, não na população. Aí alguém diz: mas o cara me trouxe um benefício. Mas por que ele trouxe? Porque ele está no poder e tem obrigação com isso. Ele vem aqui para aparecer e ganhar votos.
O município está preocupado com carro pipa, que ótimo. Mas, e a saúde? Tem duas coisas que arrebentam a vida: uma delas é a fome e outra é a saúde. Não importa quem seja a pessoa, mas se faltou comida, principalmente se tiver filhos, aí a coisa desanda.
A outra é a saúde, sem saúde não somos nada e estamos perdendo muita gente, muitos amigos por causa da saúde precária de Nova Venécia.
Eu penso em propor uma emenda à Constituição Estadual para direcionar, no mínimo, 1% da Receita Líquida (RL) como emenda impositiva, que devem ser aplicadas naquele exercício. A RL do Estado do Espírito Santo este ano foi R$ 24 bilhões, se você pega 1% são R$ 240 milhões. Imagine se a cada ano aplicar esse volume de investimento no Estado?
Outro ponto é em relação à descentralização da saúde. A saúde precisa chegar aos municípios.
Durante a pandemia os estados e municípios receberam muitos recursos do governo federal; mas, não foi montada estrutura que tivesse continuidade. Se hoje tiver uma pandemia nós vamos perder muito mais gente.
Outra coisa é infraestrutura geral. As pessoas falam, e o meio ambiente? Eu sou favorável ao meio ambiente! Ah, mas, vai ter que cortar dez árvores! Nós vamos cortar dez e plantar cem. Se a estrada oferece segurança entre Nova Venécia e a capital, favorece a atração de indústrias no município, então, isso precisa ser pensado.
Quando a gente perde liderança local, a gente perde isso tudo!
Vou citar um exemplo: essa malha ferroviária que está sendo construída, ela vai cortar Nova Venécia inteira. Porém, onde foi instalado o porto seco? Em Barra de São Francisco!
Correio9 – Fale um pouco sobre segurança…
Edgar Fonseca – Falando nisso, essa semana, conversando com alguns amigos eu fui pego de surpresa. Tem muito roubo de bomba de irrigação, café, gado, pimenta…
Em relação à segurança eu penso que primeiro é a valorização das forças policiais, a Polícia Militar, a Civil, os bombeiros militares e a Polícia Penitenciária. Se isso não for feito, ninguém vai querer trabalhar minguado não. Além disso, você não consegue colocar qualidade na polícia. Quanto mais a polícia for valorizada, mais gente de qualidade vai ter interesse em entrar na Polícia.
Segurança pública é prioridade; é preciso valorizar e investir em tecnologia. Eu sou favorável que todos os batalhões do Estado devem ser transformados em escolas de formação. Durante a formação você já pode levar o formando para a rua, para que ele tenha conhecimento do trabalho policial perto da população. O policial tem que estar perto da população.
Outras coisas, são necessárias, precisa haver parceria com o Ministério Público e o Judiciário.
Tem gente que acha normal roubar um celular! Outra coisa que defendo é o monitoramento das rodovias.
Outro ponto que machuca. Eu já perdi conhecidos e amigos policiais durante o trabalho, mortos por bandidos. Aí vão lá, velam, fazem homenagem com salva de tiros e depois vão embora e a família fica abandonada, sem amparo. O filho quer estudar e não pode. O estado tem que amparar suas vítimas, não pode jogá-las, à própria sorte.
Correio9 – Sobre economia…
Edgar Fonseca – Vamos falar do ICMS, agora o deputado Renzo Vasconcelos fez uma proposta de redução do ICMS. O café, por exemplo, eu acho um absurdo o conilon pagar 12% e o arábica 7%. Se reduzir, vai perder receita? Eu penso que pode até aumentar, porque isso combate a sonegação, então mais gente vai pagar o imposto.
Correio9 – E na educação?
Edgar Fonseca – Na educação eu sou um cara conservador, pode discordar ou concordar comigo, mas eu sou. Eu sou fruto da educação pública, sempre estudei em escola pública. Tenho, até hoje, amigos daquele tempo. Mas hoje, a casa que era para ser de amigos, se tornou uma escola de inimigos.
Eu penso que pai é pai e mãe é mãe. A gente não pode confundir isso, eu acho que na ficha deve constar ‘pai’ e ‘mãe’.
A escola tem que orientar, mas a orientação tem que vir do lar. A educação sexual não cabe à escola. Eu respeito a população LGBTQIA+, e eles me respeitam, mas a questão educacional é muito delicada.
Um exemplo é o Moa [ex-vereador veneciano por três mandatos, que faleceu em 2017], foi um grande exemplo para mim, ele sempre deixou claro que pai é pai e mãe é mãe. A minha orientação sexual não tem nada a ver com política e ele deixava isso claro, não misturava.
Outra coisa: penso que as escolas devem ser abertas à população nos finais de semana. Isso aproxima a escola da comunidade.
Correio9 – Sua mensagem final aos eleitores…
Edgar Fonseca – Quero me dirigir aos eleitores do Espírito Santo em geral. O Estado precisa de mudança, de renovação. Com todo o respeito que tenho por quem está lá; nós temos na Assembleia Legislativa, hoje, pessoas que estão lá há anos. Deixo uma mensagem a população de Nova Venécia, se nós perdermos essa oportunidade de eleger alguém daqui, não teremos outra. Quem pede voto para candidato de fora, para aquele que ele não conhece, aquele que só vem aqui na época de política, não está pensando em Nova Venécia.
Quem vota em candidato de fora atrapalha o município de Nova Venécia. Outros municípios avançam e nós, não; nós já tivemos o vice-governador do estado, nós já participamos da política do Estado e, hoje, o que nós somos?
Precisamos de representatividade novamente!
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