Elias de Lemos (Correio9)
Quando o assunto é câncer de mama, muito se fala a respeito de prevenção, do autoexame, da procura por especialista e do tratamento. Outra coisa associada à doença é a queda de cabelo das pacientes. No entanto, é importante falar daquelas mulheres que enfrentaram ou enfrentam a doença com otimismo. Entre os extremos – do diagnóstico à cura – existe a convivência com essa descoberta.
Apesar de ninguém estar preparada para receber essa notícia impactante, ela não sentencia o fim das possibilidades – e quem passou por essa fase garante que há muito que aprender durante a jornada.
No início de 2019, a agente de saúde Rosane Teixeira Lage da Silva, 52 anos, foi diagnosticada com a doença. Moradora de Nova Venécia – casada com o vereador José Luiz da Silva (o Zé Luiz do Cricaré), mãe de quatro filhos e avó de quatro netos – ela contou ao Correio9 que a descoberta causou muita preocupação em toda a família. “Foi um baque para mim, mas depois passou, minha família ficou mais preocupada do que eu”, disse.
Cheia de otimismo e religiosidade, ela conta nesta entrevista como está passando pelo que ela chama de “fase”.
Correio9 – Como você descobriu a doença?
Rosane – Ao fazer o autoexame em março de 2018 eu detectei por conta própria. Era um carocinho muito pequeno e eu achei que não era nada, por isso não procurei um médico especialista. Porém, um ano depois, em março de 2019, comecei a sentir umas ‘fisgadas’ e o local queimava igual pimenta. Aí é que procurei ajuda e para minha surpresa, estava quase do tamanho de um ovo.
O médico pediu uma ultrassonografia e eu fiz. Em seguida fiz uma mamografia e depois uma biópsia. Aí começou o tratamento.
Correio9 – E como foi que você recebeu o diagnóstico?
Rosane – No momento em que recebi foi um baque, mas saí tranquila do consultório. Não internalizei o problema e fui a busca de tratamento. A doença não me derrubou. A gente tem que enxergar a força que tem e enfrentar. Me preocupei com a possibilidade de a doença se alastrar, mas com ela em si, não.
Correio9 – Depois disso, como foi e está sendo a convivência com o tratamento?
Rosane – Primeiro pedi ajuda em orações, na Igreja Batista, que frequento. As pessoas que me ouviram ficaram impressionadas com a maneira natural que expus o assunto. Eu sempre falei naturalmente, sem drama. Também, não pesquisei na internet sobre o assunto. Me detive, apenas nas palavras dos médicos. Confiei neles.
Falei com a minha mãe: Vou me tratar e vou ficar bem, vou ver meus netos crescerem.
Mantive minhas atividades na igreja onde sou líder de música, e, também, na Escola Dominical.
Continuei conversando com meus amigos; não deixei de sair de casa, ponho um lenço na cabeça e vou, não tenho vergonha de estar carequinha (disse aos risos).
Correio9 – E o tratamento em si como está sendo?
Rosane – Comecei a fazer quimioterapia no dia 10 de abril deste ano (no Hospital São José, em Colatina). Foram oito sessões, é muita química, causa enjoo, desconforto, perda de apetite. Tem dia que dá vontade de comer, outro não. Mas, mesmo sem vontade, eu me alimentava. É muito importante cuidar da alimentação. A dieta é fundamental, é preciso evitar frituras, por exemplo.
A quimioterapia busca estabelecer algum controle sobre o tumor. Ela pode deter o crescimento ou até diminuí-lo; é um processo de preparação para a cirurgia. A quimioterapia maltrata muito o organismo. No entanto estou otimista, a chance de cura é de 100%.
Correio9 – Vai passar por cirurgia?
Rosane – Devo fazer a cirurgia entre a primeira e a segunda semana de novembro. Não sei se vai ser necessário retirar toda a mama, ou parte dela. O que posso lhe afirmar é que estou preparada, eu coloco a minha vida, a minha saúde, a minha família; tudo nas mãos de Deus.
Correio9 – Que conselho você dá a mulheres que estão enfrentando o mesmo problema?
Rosane – Não se sintam doentes, eu não me sinto, estou passando por uma fase, e depois disso, vou ficar bem. É preciso buscar ajuda e enfrentar.
Não se preocupem com queda de cabelo, porque cai, mas, depois cresce. É importante não se entregar porque isso não ajuda nada. Não é fácil, mas, é muito importante contar com as pessoas à sua volta. Mas, pessoas positivas, não aquelas que trazem reforço negativo.
Todos os exames que fiz eu clamei a Deus o tempo todo. Durante todo o procedimento Deus estava comigo. Sem Deus eu não sou nada, sou uma mulher de fé, e Ele já me ajudou até aqui. Conto inteiramente com a minha família que está me ajudando muito. É preciso enfrentar para dar tudo certo!
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