Elias de Lemos (Correio9)
O advogado Paulo Roberto Alves Damasceno (DC) tem 51 anos, é pós-graduado em Direito Trabalhista e Direito Previdenciário; pós-graduando em Gestão Pública, Direito Eleitoral e Processual Penal.
Em 2020, se elegeu vice-prefeito de Nova Venécia para seu primeiro cargo eletivo.
Agora, em 2022, lançou-se candidato a deputado estadual concorrendo a uma das 30 vagas da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo.
Nesta entrevista, os leitores conhecerão um pouco mais sobre ele e poderão analisar suas ideias e propostas.
Correio9 – O senhor foi eleito vice-prefeito e, agora, é candidato a deputado estadual. O que te levou a tomar esta decisão?
Dr. Paulo Roberto – No primeiro momento é ausência de representatividade política na região; no litoral Norte do nosso Estado e na Região Noroeste, nós temos 32 municípios que comportam cerca de 40% da nossa população e dos 30 deputados estaduais que nós temos, na atual legislatura, apenas seis deputados têm residência fixa em um desses municípios. Então, proporcionalmente estamos muito distantes e entendo que a democracia envolve a representação e com isso a região deve ser melhor representada com maior número de representantes.
Sobre a importância disso para a região, o que isso traz de benefício para cá, primeiramente, é a força política. A nossa região, mais especificamente Boa Esperança, Nova Venécia, Vila Pavão… há mais de 20 anos não tem uma representatividade efetiva na Assembleia.
Nós tivemos um deputado que se elegeu com boa votação, mas ele não era efetivamente da região, não conhecia a nossa realidade. Quando você tem um deputado estadual, além das emendas que ele pode encaminhar para onde ele tem o maior reduto eleitoral, maior representatividade – isso não significa que o deputado será um deputado de uma cidade, ele é de um estado – mas todo deputado e todo o seu reduto mais forte é onde ele investe os maiores recursos que estão disponíveis. Além disso, um deputado estadual tem força junto ao governo, está junto a secretarias do Estado para atrair recursos para essa determinada região.
Então é essa a importância da representatividade. E em um segundo momento precisamos de alguém que conheça a nossa realidade, as carências, a deficiência que nós temos de infraestrutura.
Não falo apenas da nossa cidade, mas de Vila Pavão, Boa Esperança, Pinheiros, Montanha… na hora de dividir, de fazer um orçamento é possível privilegiar algumas áreas dessas cidades. E, com certeza vai priorizar aquela que mais necessita porque conhece a realidade local, isso é diferente daquele candidato de outros municípios. Às vezes ele é de outro município, de longe da nossa região e conhece apenas o centro, mas não conhece outra realidade.
Correio9 – E como tem sido a receptividade da campanha nas ruas?
Dr. Paulo Roberto – Eu tenho um propósito que é a conscientização do eleitor da nossa região, principalmente da Região Noroeste. Que ela precisa de maior representatividade e eu tenho trabalhado com propostas para isso. A minha campanha é feita de propostas, eu faço uma campanha propositiva e defendendo sempre uma política ética, com seriedade, e apresentando algumas bandeiras que serão alvo da minha insistência com o futuro governador do Estado.
Defender as minhas ideias para trazer as melhorias que julgo necessárias para a região. Eu defendo, por exemplo, a construção de um hospital regional e, caso não haja possibilidade, a contratação de clínicas e de hospitais filantrópicos, ou particulares, no interior e oferecer a esses hospitais as especialidades que se tem nos grandes centros, diminuindo essa saúde sobre rodas que é muito sofredor, que é humilhante, que chega até atacar a dignidade do ser humano.
Sair de ônibus para ir para Vitória à meia-noite e retornar à meia-noite para fazer um exame. Eu acho que o estado poderia interiorizar mais a saúde ou em construção de hospitais regionais ou, na impossibilidade disso ser feito de imediato, comprar serviços médicos junto à rede privada que oferece esse tipo de atendimento.
É um problema crônico e se arrasta por muitos e muitos anos, mas, eu tenho esperança, eu sou brasileiro e brasileiro não desiste nunca. Eu nunca perdi o meu sonho de ver uma região melhor. Enquanto eu viver eu vou com essa meta, seja como representante da sociedade civil, seja na política.
Eu não vejo que há dificuldade em fazer a interiorização, eu vejo a visão de alguns políticos de que é melhor levar o paciente para se tratar longe do que gastar no interior.
Esse é um dos pontos que eu entendo que é melhor você tentar trazer o profissional. É difícil, o custo para isso extrapola o orçamento da maioria dos municípios da Região Noroeste; então, isso precisa de parceria de responsabilidade para trazer essas especialidades ou através de hospitais com essa estrutura e dando salários dignos para os profissionais que seriam atraídos para cá.
Nós temos, por exemplo, ortopedistas excelentes, mas, que raramente atendem pelo SUS; temos cardiologistas que, também, não fazem atendimento público.
Se a gestão pública comprasse esse serviço de uma clínica privada para oferecer esse tipo de serviço ao paciente, nós melhoraríamos a vida desse paciente. Têm profissionais, mas a maioria dos profissionais de saúde está nos grandes centros. O que nós precisamos é trazer essa saúde para o interior. Para todas as cidades é impossível, mas é possível aproximar.
Correio9 – Outra questão saindo da Saúde, que não sai da Saúde também, que é a questão do consumo de drogas…
Dr. Paulo Roberto – O problema de drogas, por exemplo, é uma questão de saúde pública, como você mesmo já disse, e é um problema que envolve também a segurança, é claro. Em relação às minhas propostas, se eu me eleger deputado estadual, uma das defesas será em relação à segurança.
Eu acho que hoje nós temos uma força pública – envolvendo a Polícia Militar, a Polícia Civil e os bombeiros militares – um pouco defasada em relação à questão remuneratória. O Espírito Santo é o vigésimo quinto estado com o menor salário de policiais militares. Então, eu acho que defender melhores condições para a polícia é o primeiro passo junto ao futuro governador do Estado.
Será uma das primeiras bandeiras: trabalhar para que remunerem melhor, com plano de carreira para a força pública.
Mas, devemos reconhecer parabenizá-los todos os dias. Mesmo, às vezes, não tendo sido reconhecida a sua remuneração nós temos uma força pública muito ativa no nosso município, com a Polícia Militar fazendo o trabalho preventivo e a Civil no investigativo.
Agora, entendo que só com emprego e renda é que nós vamos tirar os jovens dos descaminhos. O que será da nossa região daqui a 10, 15, 20 anos?
Eu tenho um neto de 6 anos de idade e quando eu olho para ele eu fico pensando daqui há 12 anos quando ele for entrar no mercado de trabalho, ou daqui a 10 anos quando ele fizer 16 anos, que ele puder entrar no mercado de trabalho ;o que a nossa região vai poder oferecer para ele?
Então nós precisamos preparar a nossa região desburocratizando… melhorando as leis, muitas são antigas e estão ultrapassadas. O desenvolvimento econômico de uma região depende de atração de grandes indústrias, de grandes empresas para tornar isso aqui um local atrativo para se morar e para se investir, para que daqui a alguns anos nós tenhamos geração de emprego e renda satisfatórias, que preencham as necessidades da população.
Quando o jovem sai do ensino médio ou ele vai para o ensino técnico ou para uma faculdade, ele precisa de uma garantia de emprego na nossa região. Isso que, talvez, vai impedir a juventude de seguir o caminho das drogas da ociosidade… isso depende, também, de uma educação atrativa, dinâmica, com profissionais valorizados. Eu não sou expert em segurança pública, mas, eu acho que tem algumas coisas que devem ser melhoradas, principalmente no aspecto tecnológico. Nós temos dificuldade hoje, por exemplo, de fazer um reconhecimento de uma digital em nossa região.
Às vezes, para periciar um aparelho leva meses e às vezes ele precisa de ser encaminhado para outro estado para ser periciado. Eu acho que quando você dá ferramenta, remunera bem e traz emprego e renda para essa sociedade, automaticamente um problema de saúde pública, que são as drogas, está sendo combatido.
Correio9 – A gente acompanha de longe, a criança chega até certa idade, vai para escola, os pais cuidam e ela valoriza a escola, mas quando começa a adolescência ela vai perdendo o interesse e abandona os estudos…
Dr. Paulo Roberto – A educação precisa começar a trabalhar com a escolha daquilo que ele ou ela quer fazer quando se tornar uma pessoa apta para o mercado de trabalho. O que ele almeja para sua vida, o quer?
Isso depende de professores motivados e bem remunerados, não só professores, mas todos os profissionais de educação e uma escola dinâmica que segure esse aluno em tempo integral. Sem aquela coisa monótona, todo dia a mesma coisa; falo de uma diversificação na área de ensino é o que eu penso em defender. Creio que escola em tempo integral é um caminho, com oferta de atividades curriculares e estímulo ao esporte, por exemplo, escolas completas.
Correio9 – Suas considerações finais, candidato…
Dr. Paulo Roberto – Peço aos eleitores que observem a maneira como os nossos municípios vizinhos, com menor número de eleitores, têm entendido a necessidade de ter um representante.
Sei da responsabilidade do que estou me propondo para assumir uma vaga na Assembleia Legislativa; tenho muita humildade nisso.
Estou preparado, conheço a realidade da nossa região e suas particularidades. Observar em quem está votando; é aquele candidato que você encontra na rua, pode conversar e cobrar.
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