Elias de Lemos (Correio9)
César Roberto Colnago, mais conhecido como o “vice-governador César Colnago”, nasceu no dia 22 de julho de 1958 no município de Itarana, ES.
Formado em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), ingressou no movimento estudantil, quando era estudante universitário. Foi membro fundador do PSDB no Espírito Santo. Ocupou a Secretaria de Meio Ambiente e em seguida assumiu a Secretaria de Educação da Prefeitura de Vitória.
É o atual vice-governador do estado do Espírito Santo, no entanto, sua trajetória conta algumas décadas. Ingressou na política elegendo-se por três mandatos consecutivos de vereador (1993-2002), tendo presidido a Câmara Municipal de Vitória entre 1997 e 1998.
Mais tarde, foi eleito para dois mandatos de deputado estadual (2003-2010). Foi também presidente da Assembleia Legislativa (2005-2006). Atuou como líder do governo Paulo Hartung em duas ocasiões. Foi deputado federal pelo Espírito Santo de 2010 a 2014, sendo escolhido para exercer o cargo de vice-líder do PSDB na Câmara dos Deputados. Foi membro titular da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados.
Indicado na categoria “Parlamentares em Ascensão” 2012, conforme Ranking do DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. Esteve também como Membro Titular do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.
Em uma seleção – feita pela revista Veja – dos melhores deputados federais do Brasil nos anos de 2011 e 2012, César Colnago ficou em 6º lugar, entre os 513 nomes da Câmara Federal.
Ele é casado há 39 anos com Vera Saleme e tem dois filhos, Ana Luísa e João Pedro.
Na última semana, Colnago visitou a redação do Correio9, onde concedeu a entrevista a seguir.
Correio9 – Qual o objetivo da sua visita à Região?
Colnago – Eu ia correr com mais tempo, estou vindo de carro exatamente para poder parar em um distrito, parar na cidade para a gente conversar, ouvir um pouco. Foi de muita dedicação nos dois primeiros anos do governo para enfrentar a crise nacional e a crise do Estado, a crise fiscal, o nosso cenário melhorou, é só ver que a nossa receita do ano passado cresceu 4,9%. Então, o governador Paulo Hartung e eu combinamos que eu iria caminhar para checar as coisas, vendo, passando, ouvindo, porque às vezes têm coisas, detalhes, que lá de longe – mesmo nas conversas permanentes com os representantes regionais, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, a gente não capta.
Hoje, por exemplo, estou em Nova Venécia, mas, eu cheguei ontem, conversei com pessoas em Mucurici e Ponto Belo. Hoje, já estive em Montanha, Pinheiros e, agora, Nova Venécia. À noite vou para São Domingos. Nesta andança, conversei com o setor agropecuário, educacional, com setores ligados à deficiência (as Apaes e a Pestalozzi), conversei, também, com lideranças políticas, prefeitos, equipes de prefeitos, secretários, com vereadores, ex-vereadores, ex-prefeitos, sindicatos, dei uma rodada geral. Estive hoje com o presidente da grande Cooperativa de leite que nós temos aqui, que é a Veneza, ou seja, andando e checando.
No início desta caminhada, eu estive em Castelo, foi a primeira cidade que visitei, ainda no mês de maio, e vi que tinha uma escola chamada João Bley parada há muitos anos e, aquilo precisava ser resolvido. A licitação da obra já foi publicada, no dia 04 agora, fruto das caminhadas. Hoje mesmo, vindo aqui, fui me inteirar das pontes, porque eu sei dos problemas das oito pontes em Nova Venécia e Guararema, isso está caminhando. Em Cristalino, já foi feito todo o procedimento do DER (Departamento de Estradas e Rodagens), já passou pela procuradoria, está no último estágio, que é a Secretaria de Controle, para daqui há alguns dias publicar o edital para refazer as cabeças das pontes. O valor estimado não é o valor que vai acontecer pois vai ainda ser licitado, mas a estimativa é de R$ 8 milhões para refazer as cabeças dessas oito pontes.
Correio9 – Essas pontes saem esse ano ainda?
Colnago – A ideia é a licitação ir para a rua daqui há alguns dias. A última etapa é a Secont (Secretaria de Controle), quando ela liberar, vai para o DER para ele publicar e licitar essas obras, ou seja, caminhando, andando, a gente vai vendo coisas que muitas vezes são reivindicações que os valores nem são tão grandes, é muitas vezes ajustar determinado serviço.
Já me citaram algumas coisas que nós vamos verificar: “Ah, tem um sinal de trânsito aqui que precisa ser resolvido”, eu estava comentando com o Anderson (Anderson Salvador, chefe da 7ª Ciretran), o seguinte: “As nossas cidades estão entupidas de carros, para você ter ideia, nós emplacamos aqui todo mês, 70 novos carros, se eu multiplicar por doze, dá quase mil carros novos por ano, e olha, que nós estamos num período no final de uma crise profunda, crise econômica, financeira, crise fiscal do governo federal e mesmo assim, as coisas não pararam completamente.
Correio9 – E daqui para frente?
Colnago – Hoje, quando estive na Veneza eu ouvi: “César, nós estamos recuperando a produção de leite”. Eu estive recentemente com os cafeicultores e eles também falaram a mesma coisa em relação ao café. O petróleo melhorou, quer dizer, a remuneração das rendas públicas do petróleo, as participações especiais e os royalties.
Além disso, nós estamos aí no contraponto da Samarco, eu estive sexta-feira, quando o governador transmitiu para Anchieta a capital e lá, conversando com a Samarco, acordamos de buscar, com o governo federal, uma forma de tentar encaminhar questões ligadas à Samarco para ver se a gente retoma a atividade. A nova cava lá em Mariana está sendo reconstruída para voltarmos à atividade de uma indústria que representa 5% do PIB capixaba, então assim, em 2014, 2015, parecia aquela coisa lá do mal de sete dias da Bíblia, porque era crise hídrica, crise econômica, todas as crises vieram no mesmo momento, e uma crise política nacional muito violenta, uma crise de representação de lideranças muito violenta e também, de valores. Então assim, eu acho que a gente, o Espírito Santo, sob a liderança do governador Paulo Hartung, está dando um exemplo de retidão, de gestão, de controle das contas, e acima de tudo, da capacidade de realizar aquilo que a sociedade pleiteia, que são as obras voltadas para o campo social, a Escola Viva, Ocupação Social, creches, Pacto Pela Aprendizagem e muitos outros programas. A questão da segurança pública, reequipando, colocando novos armamentos modernos, coletes, equipamentos, veículos para melhorar o desempenho das nossas polícias e acho que ultrapassamos o pior momento, mas nós dependemos muito que o governo federal acerte a casa, nossa expectativa é de que isso ocorra após as eleições, porque se não fizer aquilo que precisa ser feito, o Espírito Santo não vive aqui como uma ilha isolada, vivemos em uma república e dependemos muito da política nacional.
Correio9 – Será que dentro dessa crise que estamos vivendo, não só a crise econômica, mas essa convulsão política, o governo fraco, a incerteza que paira sobre a realização das eleições, será que as reformas saem?
Colnago – Isso vai depender das nossas escolhas, porque nós vamos para um processo que vai escolher. Hoje, como a legislação mudou nós não temos a definição do quadro nacional, nós temos ainda 19 pré-candidatos nacionais, uma pulverização, e nós temos talvez um sistema partidário que seja um dos mais esdrúxulos do planeta, nós temos o Congresso mais pulverizado do planeta, 24 partidos políticos representados no Congresso. Eu fui vice-líder, mas durante muito tempo ficava como líder. A reunião de liderança parece uma assembleia, de tantos líderes, nós precisamos de ter uma reforma clara na política, e isso depende, claro, de uma reforma tributária e previdenciária.
Para isso, precisamos firmar o pacto de rever o pacto federativo, e isso, depende das nossas escolhas. Tenho dito: precisamos acreditar, ter confiança na capacidade do nosso eleitor de refletir, de não ir para a urna porque está decepcionado, e ir com suas emoções, mas ir refletindo: como é que eu posso fazer o meu processo decisório influenciar diretamente em alguém que possa, com equilíbrio, com determinação, posturas claras, de atitudes pessoais e projetos nacionais, reposicionar o Brasil para o caminho do crescimento? Nós temos que ver quem tem história, quem tem legado, quem tem visão do que é a máquina do Estado e que pode se posicionar para construir um negócio importante de convergência política. Nós estamos vivendo um momento de muita dispersão e pulverização, com isso, os discursos fáceis crescem e aí os extremos aparecem.
Correio9 – O governo não discute o assunto, mas será que o peso da dívida não é maior que o peso da previdência? E será que esse peso dos juros sobre a dívida a tornou um fardo para o Brasil, algo incapaz de ser carregado?
Colnago – Com certeza, a nossa dívida só cresce, a gente não consegue eliminar o déficit público, isso precisa ser acabado, para isso é preciso rever muito da estrutura da máquina do Estado brasileiro, Estado pesado que cobra impostos e não retorna estes impostos na medida do tamanho que cobra.
E com certeza, não é apenas uma reforma, não é somente a reforma da previdência, evidentemente, a previdência é um fator importante nessa reforma, vamos dar exemplos de dois estados porque eles estiveram comigo na sexta passada, que foi o pré-candidato Geraldo Alckmin, que é do meu partido (PSDB), o déficit da previdência do estado paulista é de R$ 18 bilhões, o déficit do nosso orçamento do estado é de R$ 2,5 bilhões, enquanto eu tenho R$ 600 milhões disponíveis para investimento, eu tenho um déficit na previdência de mais de R$ 2 bilhões, tem que rever isso, tem que discutir, mas não é só isso, tem que rever também as políticas nacionais e a estrutura do Estado, que é pesado, e que com certeza, enquanto tiver criando déficit, nem a dívida reduz, nem os juros, que ficam cada vez mais exorbitantes, levando uma dívida praticamente inadministrável.
Mas, esta situação tem jeito, é pela política, porque fora da política é guerra civil, porque já se foi dito isso: “a política é a guerra sem armas”, eu acho que fora disso, é conflito, nós temos que sair do conflito, criar convergências em cima de ideias centrais e que a população possa entender esse processo, para que possa fazer a escolha correta.
Correio9 – O senhor é candidato este ano?
Colnago – Pré-candidato né, porque as candidaturas vão se estabelecer a partir de julho, principalmente na primeira semana de agosto; sou pré-candidato à deputado federal.
Correio9 – Esta é a única possibilidade?
Colnago – (Antes de responder, ele abre um sorriso sarcástico, por alguns segundos). Eu tenho falado aquilo que é palpável, aquilo em que você pode se estruturar. Nós como dirigentes do PSDB, temos a pré-candidatura à Presidência da República, nós temos para deputado, para senador, que é o Ricardo Ferraço, nós temos uma chapa de estadual, nós temos uma chapa de federal e dialogando muito com outras forças políticas, estamos abertos, mas, muito próximos, evidentemente, da relação com o governador Paulo Hartung, conversando com os partidos uma possibilidade de aliança neste campo, colocando algumas prioridades, além da questão do palanque nacional, ao apoio e a estrutura de uma candidatura do senado que seja colocada pelo PSDB e um arranjo que contempla aí as candidaturas nossas de deputado estadual e deputado federal para podermos fechar este acordo com todos os partidos.
Correio9 – Como o senhor vê este descrédito que os homens públicos têm hoje, e que acaba generalizando de uma forma ou de outra para a política como um todo?
Colnago – Na verdade é muita decepção né! Porque a gente vê, a política brasileira, seja nas assembleias, mas vou citar o caso do Congresso Nacional, ele tem se renovado, mudado de nomes, entre 42 e 54% nas últimas quatro eleições. Então está havendo renovação, porque isso é permanente, a entrada de novas candidaturas, a reeleição de outros. Eu acho que a grande questão, aí vou ter que filosofar um pouquinho, já dizia Aristóteles: quando você escolhe alguém para te representar, é preciso olhar as características pessoais dessa pessoa, do caráter, da sua personalidade, para saber se aquilo que ele está falando corresponde com a sua estrutura cívica, aquela estrutura psicológica dele, se não, ele pode estar mentindo, pode estar te enganando.
Eu sou cristão, o pedido que eu faço a Deus é que a gente tenha discernimento para que possa com discernimento separar aquilo que é o bem daquilo que é o mal, aquilo que é o bem coletivo, daquilo que não é o bem coletivo. Eu acredito nisso, eu tenho que acreditar nisso, porque a política é essa arma, esse instrumento para a gente melhorar a nossa sociedade, o nosso processo civilizatório, e o caminho é a democracia.
Correio9 – Na eleição de 2014 nós tivemos um índice muito grande de votos brancos, nulos e abstenções. No último dia 13 eu acompanhei o processo eleitoral na cidade de Teresópolis, uma eleição extemporânea, lá tem 126 mil eleitores, sendo que destes, 71 mil não apareceram para votar, ou acabaram votando em branco ou nulo. Coisa semelhante aconteceu nas eleições municipais de 2016. Como, então, os candidatos poderão ir para a rua este ano para convencer os eleitores a renovarem as esperanças? Qual vai ser a palavra para o eleitor?
Colnago – Eu acho que tem uma coisa que, primeiro é ter uma boa proposta, com candidatos que têm uma boa história, e que saibam se comunicar. A comunicação com esse eleitor para envolvê-lo em cima de uma proposta de uma história de vida, é fundamental.
Também chegar falando aquilo que o povo não entende, não vai a lugar nenhum, está cheio de boas intenções, mas não sabe se comunicar, então é preciso encontrar a narrativa correta, uma proposta bem elaborada que atenda parte das demandas e daquilo que a população espera do poder público nas suas áreas essenciais e de alguém que a população entenda que aquela pessoa está falando a verdade. Eu acho que a população deve prestar a atenção de ver quem é que está exatamente debatendo em cima de preceitos e valores verdadeiros.
Correio9 – O que o senhor destaca nestes três anos e meio de governo aqui no Espírito Santo?
Colnago – O governo se pautou, sempre, em cima da retidão, do interesse público e na preparação do Estado, mesmo com a profunda crise nacional, uma crise política paralisante. Sob a liderança do governador Paulo Hartung nós conseguimos – a nossa equipe – produzirmos resultados com todos os problemas acontecendo no nosso entorno – com nossos vizinhos: Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro – nós conseguimos produzir aquilo que eu e o Paulo (Hartung) tínhamos dúvida se a gente ia conseguir no governo, que era voltar a ter capacidade de, além de fazer as obrigações de pagar o servidor em dia, de pagar os fornecedores, é retomar a capacidade de investir na sociedade, criando capacidade de investimentos. Neste ano, R$ 600 milhões de recursos próprios e mais de R$ 1 bilhão quando eu coloco os recursos oriundos, principalmente, de operações de crédito que são as antecipações dos investimentos através dos empréstimos feitos, principalmente, no Banco Mundial na área de águas e paisagens, com recuperação da vegetação e investimento no saneamento básico.
Nós acabamos de sair de uma quadra poliesportiva, no valor de um pouquinho mais de R$ 2 milhões, aqui nessa escola importante do nosso Estado (Escola Estadual de Ensino Médio Dom Daniel Comboni – Nova Venécia). Antes, estávamos em Santa Maria de Jetibá dando ordem de serviço de saneamento básico de R$ 24 milhões em investimentos, e tantas coisas que a gente imaginava que talvez não fosse aparecer pelo o que a gente está vendo ali no Rio de Janeiro, um estado muito mais rico, muito mais poderoso, que não consegue pagar em dia os seus servidores.
Esta capacidade, de voltar a fazer o Estado funcionar, foi com certeza a coisa mais importante, investindo em coisas novas inclusive: Escola Viva, Ocupação Social, Pacto Pela Aprendizagem, além de tantas outras coisas importantes que nós fizemos. Os editais de cultura que eu falo tanto, neste ano, foram R$ 11 milhões, muitas vezes para a cultura popular, então, assim, isso é fator de muita satisfação, de falar. Não fizemos tudo que queríamos fazer, mas fizemos mais que imaginávamos que pudéssemos fazer.
Correio9 – A Rede Cuidar não entra nesta lista?
Colnago – Havia me esquecido, mas a Rede Cuidar é fundamental. Isso aqui é uma revolução. Sou médico de família. Hoje eu fui lá ouvi várias pessoas. Uma senhora perguntou assim: ‘Quem inventou isso? Porque eu não acredito que isso seja para nós’. Ela falou isso, a outra falou: ‘Eu sou tão bem recebida aqui, com tanto carinho, do atendente ao médico’. Quer dizer, traduzindo, a gente descentralizou um serviço de exames e consultas especializadas, trouxe para mais perto do cidadão, tratando as pessoas como gente.
Correio9 – O senhor esteve aqui, em Nova Venécia, anunciando a ordem de serviço da Avenida Guanabara, ela vai sair, ainda, este ano, antes do final do governo?
Colnago – Na verdade, nós estivemos fazendo a visita na expectativa de um convênio com a Prefeitura. Em função do nosso fluxo de caixa, propusemos essa obra em parceria e estamos conversando com a Prefeitura, ainda não encerramos este entendimento, não sei se esse convênio acontecerá. Nós fizemos alguns investimentos em algumas cidades em que os convênios foram parcelados e aqui nós estamos esperando o retorno da Prefeitura.
Correio9 – Suas considerações finais.
Colnago – O recado é que nós estamos cuidando de todos os municípios, independente de questões que dizem respeito a qualquer rixa política, desde que a gente sente, converse e entenda, porque nós estamos dando para cada um, um pouquinho, nós não temos o dinheiro de investimento que já tivemos em um passado recente, mas recuperamos bem essa capacidade de investir e, evidentemente, para cada município, a gente está colocando um pouquinho de investimento. É isso que eu quero dizer. Em Pinheiros, teve investimentos na área de esporte, na área da saúde; tivemos em Montanha, investimentos na área de barragem. Em Nova Venécia, há um investimento maciço em saneamento básico, através da Cesan; e outras coisas tão importantes que estamos fazendo, e assim, para todos vai ter um pouco, é questão de distribuir bem o bolo, para ir além dos investimentos naquelas coisas do próprio Estado, mas contemplar as parcerias com os municípios do nosso querido Espírito Santo.
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