Elias de Lemos (Correio9)
Eleito presidente com mais de 57,7 milhões de votos, no último domingo, 28, Jair Bolsonaro (PSL) começou a organizar o governo com o desafio de transformar seu discurso anticorrupção em governabilidade. A onda bolsonariana deu ao PSL a segunda maior bancada da Câmara Federal, com 52 deputados, ficando atrás apenas do PT, que tem 56. No entanto, no Senado o futuro governo deve ser minoria.
Logo após a vitória, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo no Facebook ressaltando que possui condições de governar e que honrará os compromissos assumidos com parlamentares durante a campanha. Porém, o desafio será formar maioria no Congresso sem recorrer à tradicional política do ‘toma-lá-dá-cá’, que é tanto criticada pelo presidente eleito.
O novo presidente foi eleito em meio a muitas desconfianças que precisam ser superadas. Ele vai precisar negociar alianças sólidas para evitar eventuais crises políticas e conduzir as prioridades do governo na pauta legislativa. Entre as mais importantes, estão as reformas prometidas para a Previdência, Tributária e a retomada da economia.
Base de apoio
O desafio de Bolsonaro é formar maioria com métodos alternativos aos da política tradicional. É a primeira vez que a negociação que vem sendo realizada por meio de apoios individuais, sem as bancadas partidárias, está sendo testada. Isto tem gerado dúvidas sobre a viabilidade de construção de uma base de apoio estável e fiel ao governo.
Desfazer as desconfianças
Bolsonaro e seu núcleo político são avessos aos chefes partidários e são também desprezados por eles. De um lado, parlamentares julgam ser impossível ao governo obter vitórias sem concessões aos congressistas. De outro lado, o futuro presidente – que prega contra a política tradicional do ‘toma-lá-dá-cá’.
Na Câmara Federal
O novo governo vai precisar manter seus aliados mais fiéis e negociar, com o chamado “centrão”, a composição de uma candidatura – para a Presidência da Casa – que seja favorável ao Executivo.
No Senado
O partido do governo eleito tem uma bancada menor e enfrenta maior resistência no Senado. O desafio é articular a eleição para a Presidência a fim de evitar a ascensão de um oponente ao comando da Casa.
Negociar a votação das reformas
A retomada do crescimento da economia impõe, ao governo, o desafio de convencer a base a votar matérias impopulares, como a reforma da Previdência e o ajuste fiscal.
Obter e manter fidelidade no Congresso
Para governar, o futuro presidente deverá buscar manter um nível de coesão – da base aliada – capaz de resistir a crises políticas e firmar uma estrutura que permita força política ao governo em casos de eventuais acusações contra seus integrantes ou oposição às propostas do governo.
* O autor é economista, professor, jornalista e editor-chefe do Correio9.
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