Elias de Lemos (Correio9)
Nesta terça-feira (06), a Câmara Municipal de Nova Venécia vai eleger a nova Mesa Diretora para o biênio 2023-2024. Com a eleição serão escolhidos o presidente, vice-presidente e os 1º e 2º secretários. A sessão acontece às 17 horas.
As inscrições foram protocoladas na última sexta-feira (02). Inicialmente, três chapas se registraram para a disputa em uma situação inédita – para não dizer bizarra – e cujo processo eleitoral está cheirando muito mal.
Em uma das formações o vereador Anderson Salvador (do PSDB) é o candidato à presidência, tendo Dega do Altoé (PDT) como vice; Sebastião Macedo (Solidariedade), como 1º secretário, e Jorge Machado (DC), como 2º secretário.
Mas com os nomes apresentados, as outras duas chapas (que ao final ficou só uma) deram um nó na cabeça da população. Os movimentos iniciais tornaram difícil entender o que estaria por traz da eleição interna do Legislativo veneciano. Quais interesses estariam por traz do enredo que aconteceu?
Para começar, o vereador Juarez Oliosi (PSB) aparecia como candidato a presidente em duas chapas (isso mesmo)! A diferença entre as duas composições eram os nomes apresentados para vice-presidente da Casa. Em uma delas a vereadora Mayara Eller (Republicanos) era a vice dele. Na outra chapa, quem aparecia como vice era o vereador Roan Roger (MDB).
Mas, o imbróglio não terminava por aí: em ambas as chapas de Juarez, os vereadores Delei da Borracharia (Solidariedade) e Zé Luiz do Cricaré (PDT) apareciam como 1º e 2º secretários respectivamente.
Fora das chapas registradas, ficaram Pedro Gonçalves (Podemos), mais Damião Bonomette, Enéas Scardini Júnior (Juninho Catatau) e Valdecir Silvestre Juliati (Fio), os três são do PSB.
A divisão das bancadas, também chamou atenção: Dega do Altoé e Zé Luiz do Cricaré, do PDT, ficaram em lados opostos. Situação idêntica aconteceu com Sebastião Macedo e Delei da Borracharia, do Solidariedade. Juntando isso com a candidatura de Juarez Oliosi, tendo seus três colegas de bancada (PSB) fora das duas chapas encabeçadas por ele, configura-se nesse cenário a falta de identidade ideológica e partidária da maioria dos integrantes da Câmara.
Assim sendo, qual o critério usado por cada um – que hoje ocupa uma cadeira no Legislativo – para escolher o partido para disputar uma vaga nas eleições de 2020?
A eleição da Câmara impacta a vida dos venecianos. É o presidente quem ordena e pauta os trabalhos do Legislativo que, por sua vez, chancelam, ou não, as ações do Executivo. A eleição da Mesa Diretora é coisa séria. Não deve ser usada para vereadores buscarem soluções para os seus interesses (se houver), mas perseguir soluções para os problemas dos venecianos.
Mas, isso parece não acontecer! Como explicar o registro de duas candidaturas com o mesmo nome na cabeça e, na totalidade dos integrantes, com 75% dos candidatos das duas chapas serem os mesmos? Como?
Tendo seus nomes em duas chapas, em qual das duas votariam? Quais seriam os critérios de escolha na hora do voto? Eles conseguiriam explicar isso com clareza, de forma convincente, à população veneciana?
Na ausência de explicações plausíveis, recobraram o bom-senso e retiraram uma das chapas encabeçadas por Juarez. Mas, algumas perguntas permanecem: Por que registraram duas chapas com os mesmos nomes? Por que retiraram uma delas do páreo? Por que escolheu uma e não a outra?
Vamos às contas. Como duplo candidato a presidente, Juarez teria o próprio voto contando, ainda, com os do 1º e 2º secretários e de seus dois vice-presidentes (Mayara e Roan), em chapas diferentes. Assim, para garantir esses 5 votos, uma chapa desistiu e Mayara deixou de ser candidata. Agora, duas chapas ficam na disputa tendo Anderson em uma e Juarez na outra com Roan sendo o seu vice-presidente.
A outra chapa teria (em tese) 4 votos. Desse modo, a decisão ficaria para os 4 vereadores que não se meteram nas ‘chapas quentes’ (Pedro, Damião, Catatau e Fio).
De acordo com informações obtidas por este colunista, o Regimento Interno da Câmara não trata dessa questão. Em outras palavras, não proíbe nem permite a dupla candidatura. Com o assunto em aberto, o espaço fica livre para a acomodação de “certas coisas”.
Se por um lado, pelo Regimento, a iniciativa não chega a ser ilegal, por outro, é sugestiva uma reflexão sobre ética e moralidade por parte de alguns vereadores.
Se o propósito (de alguns) dos nobres edis venecianos é provocar críticas à Câmara com esse tipo de política, eles podem ter a certeza de que o dever está sendo cumprido.
A população precisa estar de olho; aparentemente há uma cortina de fumaça escondendo um teatro, e o que está se desenrolando por traz dessa cortina interessa a todos os venecianos, pois 2024 está logo ali.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
OS TEXTOS ASSINADOS NÃO REFLETEM, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO CORREIO9
Comente este post