Elias de Lemos (Correio9)
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, viajou na última sexta-feira (29) ao Reino Unido, para participar da COP-26 (26° Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática) na cidade de Glasgow, que começou no dia 31 de outubro e se encerra nesta sexta-feira, 5.
Casagrande foi eleito, por unanimidade, para presidir o Consórcio Brasil Verde, formado por 22 governadores. Ele foi acompanhado do secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Fabricio Machado, e a diretora presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), Cristina Engel.
O governador tem apresentado as ações que o Espírito Santo tem adotado dentro do Programa Estadual de Mudanças Climáticas. Mas, o ponto “X” é a união dos governadores para reagir às questões climáticas.
Na ausência de uma política ambiental positiva por parte do Ministério do Meio Ambiente, pela primeira vez os governadores brasileiros formaram uma coalizão para tratar de um tema tão importante.
A proposta é estabelecer diálogos com organismos nacionais e internacionais, a sociedade civil, os órgãos estaduais de meio ambiente e de líderes políticos e executivos pelo mundo, com o objetivo de articular uma rede de ações para enfrentar os efeitos das mudanças do clima.
Desde o início da Conferência, o governador capixaba tem cumprido uma agenda extensa, que começou no domingo, 31.
Na segunda-feira, 1º, ele participou do Encontro de Governadores e Prefeitos da América Latina com a Sociedade Civil.
Na terça-feira, 02, Casagrande participou do Race to Zero Announcement. O Espírito Santo aderiu oficialmente às campanhas “Race to Zero” (Corrida para o Zero) e “Race to Resilience” (Corrida para a Resiliência), da ONU (Organização das Nações Unidas), lançada em agosto deste ano, visando à redução de emissões de gases de efeito estufa e à resiliência climática.
No mesmo dia, o governador participou do Latin America Session at LGMA Pavilion, um encontrro para troca de experiências, onde expôs os programas de sucesso na área ambiental no Espírito Santo.
Na quarta-feira, 03, ele e seus pares presentes no evento participaram do “Governadores pelo Clima”. No encontro, os brasileiros apresentaram as experiências da liderança dos estados com a agenda política climática. Casagrande apresentou, ainda, o Portfólio de Projetos Regionais em Clima.
Ainda na quarta-feira, o governador capixaba participou do Catapult Dinner, um evento que reúne players importantes, em que os governos apresentaram os projetos para arrecadação de fundos de investidores.
Nesta quinta-feira, 04, o capixaba esteve no painel “Clima e Desenvolvimento: Visões para o Brasil 2030”. Nos tempos livres, Casagrande também fez reuniões e contatos na Green Zone.
Renato Casagrande exibiu uma estatura que pertence a poucos. Com a sua diplomacia habitual e a visão de mundo que tem, não envergonhou os capixabas, projetou nosso Estado e contribuiu muito para mostrar ao mundo que o Brasil não é este País cuja imagem está tão esmaecida.
Enquanto a COP-26 acontecia, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, viajou à Itália para participar da cúpula de líderes do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), que aconteceu entre os dias 30 e 31.
Bolsonaro foi o único que não teve nenhuma reunião com outros mandatários, à única exceção foi do presidente italiano Sergio Mattarella, que na condição de anfitrião do encontro, pelo protocolo, deve se encontrar com todos os líderes presentes em Roma. No entanto, na Itália, manda é o primeiro-ministro, o presidente não apita nada.
Antes da viagem, o Itamaraty informou que a agenda do presidente seria “atualizada durante a visita à Itália”, e reuniões “estavam sendo negociadas com outros países”, mas nada aconteceu.
Longe disso! O presidente brasileiro ficou isolado, sem encontros bilaterais, não fechou nenhum acordo e estava sempre pelos cantos.
Ficou claro que Bolsonaro não é reconhecido pelos demais líderes como um de seus pares. O máximo que conseguiu foi um encontro com o presidente turco, o projeto de ditador, Recep Tayyip Erdogan, esse sim, é um semelhante do presidente brasileiro.
Como aqui, lá a sua falta de relação com a imprensa não foi diferente: palavras de baixo calão, xingamentos e muitos empurrões e agressões, por parte de seus seguranças, contra jornalistas. Mas a cereja do bolo foi o pisão no pé da chanceler alemã, Angela Merkel, que ironizou: “Só podia ser você”.
Bolsonaro foi xingado por onde passou, enfrentou protestos e, como sempre, fez o que faz melhor: contou muita mentira.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
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