Por Elias de Lemos – eliasdelemos@correio9.com.br
Bolsonaro pode surpreender
Os números das pesquisas eleitorais têm colocado o deputado federal, Jair Bolsonaro, PSL, como o segundo, nas intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018. Muitos acreditam que na medida em que a campanha eleitoral avançar ele vai se desgastar. O ceticismo em relação à sua candidatura vem do pouco entendimento demonstrado por ele sobre questões fundamentais que serão discutidas durante a campanha.
Com a possibilidade, cada vez, mais remota da candidatura do ex-presidente Lula, acredita-se que o candidato apoiado por ele receberia votos de seu eleitorado, enfraquecendo outras candidaturas.
Embora exista a crença de que Bolsonaro venha a ser o folclore destas eleições, pelo menos uma coisa pode ser afirmada: a candidatura do capitão da Reserva do Exército é uma realidade. Muitas pessoas acreditam que com o decorrer da campanha, os eleitores buscarão um candidato menos radical, e com isso Bolsonaro tenderá a perder votos para um candidato de “centro-direita”.
Outros acreditam que o desempenho do candidato dependerá dos demais candidatos, e, principalmente, de como eles se comportarão e quais suas bandeiras. Ainda que o ex-presidente Lula venha a apoiar o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a candidatura Bolsonaro parece ser mais consistente do que se apresenta. Uma coisa seria a eleição com Lula, o que, segundo as pesquisas, comprometeria uma das vagas para o segundo turno. Mas, sem ele, a coisa muda. Não é possível sugerir que outro candidato petista chegaria ao segundo turno da disputa.
Muita coisa pode mudar, mas o quadro que se apresenta hoje é de polarização entre o petismo e o antipetismo. E é aí que a eleição de Bolsonaro pode não ser tão improvável. No entanto, o radicalismo, a falta de clareza nas propostas, as proposições ambíguas e as incertezas, que seu nome gera, jogam contra ele.
Desse modo, tendo conquistado o eleitorado mais radical a ponto de se tornar um fenômeno na internet, a vitória de Bolsonaro passaria pela ampliação de seu eleitorado. Um meio seria buscar eleitores mais de centro, o que ele já sinalizou com a mudança de partido, quando saiu do PSC e foi para o PSL, sinalizando ser um liberal.
Outro fator é o foco do candidato na questão da segurança pública. Um problema nacional que nenhum candidato discute com clareza. Bolsonaro pode não ter clareza sobre o tema, mas ele discute.
Além disso, a dificuldade do PSDB apresentar um nome sustentável para a campanha contribui com a ampliação da visibilidade de Bolsonaro. Somando-se a isso a quantidade de candidatos que deve disputar a eleição, o militar fica ainda mais favorecido. Quanto mais candidatos, melhor para ele.
Por fim, a degradação política e a crise econômica também contribuem com ele. O aprofundamento do descrédito nas instituições e a deterioração política favorecem o campo das aventuras. Bolsonaro pode, sim, ser presidente.
“Da próxima vez quero ver 200 pessoas armadas aqui dentro. A arma, mais que a defesa da vida, é a garantia da nossa liberdade”. (Jair Bolsonaro)
Não foi, mas apareceu
A estrela da inauguração do aeroporto de Vitória, na manhã da última quinta-feira, 29, não apareceu, mas brilhou. Mesmo estando em Vitória, o governador Paulo Hartung não compareceu à cerimônia que contou com a presença do presidente da República, Michel Temer.
Enquanto Hartung se fez notar pela ausência, outros reivindicavam a paternidade da obra. Na tarde do mesmo dia, por volta das 15h30m ele divulgou uma nota contra a corrupção. No entanto, não explicou o motivo da ausência.
Porém, na manhã da inauguração a Polícia Federal prendeu, em São Paulo, o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Os dois são amigos do presidente Michel Temer.
Ambos foram presos a pedido da Procuradoria Geral da República, dentro da Operação Skala, deflagrada na quinta pela PF em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Na inauguração, Temer não falou com a imprensa, nem comentou sobre as prisões, agindo como se nada tivesse acontecido. Hartung não foi, mas apareceu mais que os presentes.
Quebra de decoro?
A Câmara de Vereadores de Nova Venécia instituiu a Comissão Processante que vai avaliar a conduta do vereador Ronaldo Barreira, acusado do furto de um computador da casa. Juarez Oliosi (PSB), Biel da Farmácia (PV) e Zé Luis do Cricaré (PT do B) são os indicados.
A Comissão é resultado de um pedido de cassação, do mandato do vereador, feito pelo Grupo de Inteligência Municipal, GIM. No entanto, de acordo com o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, à Comissão, compete avaliar, apenas, o âmbito político-administrativo da denúncia.
O Ministério Público recomendou a retenção de 60% do salário e multa de R$ 200 mil. Mas, Ronaldo ainda não foi julgado. Uma vez que a justiça, ainda não decidiu, se for cassado, agora, será um julgamento político, sem investigação.
Entre aspas
Do governador Paulo Hartung: “O país amanheceu mais uma vez sobressaltado com fatos políticos preocupantes. Apoio a investigação dessas denúncias com profundidade e, como democrata que sou, também defendo o amplo direito de defesa de todos os citados. Mas ressalto que os episódios políticos sucessivos e graves dessa natureza têm prejudicado o País e a economia, trazendo prejuízos sociais com impacto direto na vida das pessoas, particularmente os mais pobres”. Declaração feita na última quinta-feira, 29, quando dois amigos do presidente Michel Temer foram presos.
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