Elias de Lemos (Correio9)
Depois de uma reunião no início da semana passada, que tratou da mobilidade urbana, em Nova Venécia, a Prefeitura, por meio da Superintendência Municipal de Trânsito, anunciou, na quarta-feira (10 de janeiro) a instalação de quebra-molas na Avenida Guanabara. Seria uma operação simples, se a medida não causasse náuseas em muitos venecianos.
Recentemente, a Prefeitura instalou quebra-molas e faixas elevadas em algumas vias da cidade, nos bairros Santa Luzia, Rúbia e na Rua Ernesto Ayres Farias, quebrando uma tradição que tanto orgulhava a população. Nova Venécia era a única cidade do Estado que não possuía quebra-molas. Por isso, nos anos 1980-1990, recebeu o carinhoso apelido de “Suíça Capixaba”.
A tradição e o orgulho veneciano estão arraigados até hoje, tanto que qualquer conversa sobre quebra-molas gera polêmica e um longo debate.
Na prática, a realidade da cidade mudou muito nas últimas décadas e a “Suíça Capixaba” perdeu o status. O número de carros e motos nas ruas cresceu muito e com este crescimento veio a imprudência e os abusos no trânsito, que é um dos mais confusos que se pode ver.
Agora, o novo apelido de Nova Venécia é “Nova Índia”, em referência ao País do Sul da Ásia. E não é não é por acaso; em horários de pico, especialmente pela manhã e no fim do dia, os condutores e condutoras precisam de muita paciência. Mas não são apenas quem guia veículos; pedestres sofrem para atravessar nas faixas e os atropelamentos em cima delas são recorrentes.
No caso da Guanabara, os problemas começaram após o asfaltamento das duas vias (de descida e subida). A avenida é uma das vias expressas mais importantes da cidade, e com pavimentação asfáltica, se transformou em “pista de corrida” para condutores irresponsáveis.
Para evitar a quantidade de acidentes que acontece na Guanabara, bastaria cuidado, atenção e respeito aos limites de velocidade e da sinalização (como as faixas de pedestres, por exemplo). Mas, carros e motos ‘voam’ por lá. Isto levantou o debate sobre a necessidade de tomada de alguma medida para reverter a situação. Porém, as opiniões se dividem!
Para alguns, a solução seriam radares; para outros, os polêmicos quebra-molas.
A reportagem do Correio9 ouviu venecianos que manifestaram suas opiniões sobre o assunto. Alguns defendem, outros não. No entanto, parte dos entrevistados não confia na medida anunciada na semana passada. Uma das razões é a distância entre as “lombadas”.
Algumas pessoas que opinaram pediram para não terem seus nomes divulgados.
VEJA AS OPINIÕES ABAIXO:
Kim Campos (advogado):
“Houve um tempo em que Nova Venécia era conhecida como a ‘Suíça Capixaba’, mas entendo que de lá pra cá o número de motos e carros quadruplicou. Desta forma, sabendo que a Avenida Guanabara é pista factível a grandes velocidades, é certo que se impõe alguma medida para que seja reduzida a velocidade dos que ali trafegam”.
Josemiro José dos Santos (barbeiro):
“Sobre os quebra-molas eu acho que as autoridades estão precipitando, porque não colocam mais radares? Aí, se não resolver o problema dos acidentes, parte para essa alternativa radical e colocam os quebra-molas. Mas eu acho que com vários radares resolveria o problema. No momento sou contra quebra-molas na Guanabara. Eu acho que o prefeito André (Fagundes) deveria consultar a população veneciana, antes de qualquer obra na Guanabara”.
Delaide Covosque de Lemos (artesã):
“Acho que tem que ter sim, infelizmente os motoristas só respeitam a velocidade se for dessa forma. O da subida acho que não tem necessidade por subir muito caminhão pesado, mais na decida estão apostando corrida. Então sou a favor!”.
Edson Zaché (educador físico):
“Eu sou contra quebra-molas em qualquer lugar do mundo. Pode colocar radar, qualquer coisa, mas quebra-molas não é símbolo de desenvolvimento. É a gente caminhar para trás! É coisa de gente ignorante. Veja aquelas faixas que foram colocadas na Ernesto Ayres Farias. Aquilo não é faixa elevada, é rampa elevada, porque faixa não pode ter mais de 15 centímetros. Eu acho isso uma ignorância! Põe radar e quem desrespeitar, paga a multa. Mas, muitos ignorantes vão bater palmas!”
Gildo Martins Belmiro (caminhoneiro e morador da Avenida):
“Eu sou contra quebra-molas, porque quem vai pagar? Todo mundo vai pagar, todos os usuários da Avenida. No caso do radar, quem vai pagar é quem comete infração que vai ser multado. Eu vi o projeto da Guanabara e o projeto original previa radares em frente à Rede Cuidar, no Bairro Betânia, em frente à entrada do 2º Batalhão e outro perto da Rádio Nova Onda. Agora, eu vou falar como profissional de estrada: quebra-molas de morro abaixo ou morro acima é muito perigoso. Se um caminhão perder os freios, a tragédia pode ser bem maior. E subindo, é bem pior! Como que um caminhão de 20 ou 25 toneladas vai passar por um quebra-molas subindo morro acima? Entendeu? O ideal seria radares. Além disso, a cidade fica feia! A realidade, hoje, é radar”.
“Tinha que colocar radar na subida, isso sim. Eu prefiro radar, porque o cara sente no bolso aí, vai devagar”. (Anônimo)
“Quebra-molas trazem a possibilidade de serem ‘pulados’ por motociclistas, principalmente. Há também a questão dos carros pesados na subida da via, pois necessitam de certa velocidade para enfrentar o cume. Portanto, apostaria em radares. Esses certamente dão a escolha a quem trafega. Ou respeita o limite imposto ou é agraciado com multa. Quebra-molas são feios, arcaicos e não dão a garantia de que o condutor vai respeitar”. (Anônimo)
“Na Guanabara e na Avenida Belo Horizonte. Se depender da minha opinião seria um a cada trinta metros”. (Anônimo).
“Está para existir outra cidade com o trânsito mais louco que o de Nova Venécia”. (Anônimo).
“Eu sou contra o quebra-molas, mas, poderia sim colocar faixas de pedestre elevada nas cores certas que são vermelho e branco”. (Anônimo).
“Rapaz, aqui poucos respeitam as sinalizações, na verdade muitos pedestres, também, não usam faixas para atravessarem as avenidas e ruas”. (Anônimo).
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