Elias de Lemos (Correio9)
No último domingo, 15, o ex-secretário municipal de Saúde, André Fagundes (PDT) foi eleito prefeito de Nova Venécia. Ele e seu vice-prefeito, o advogado Paulo Roberto Damasceno (Solidariedade) obtiveram 10.550 votos, o que corresponde a 39,39% do total válido.
André é enfermeiro, tem 36 anos e nasceu no município de Bertópolis, no interior de Minas Gerais, que fica a 651 quilômetros de Belo Horizonte.
Ele é filho da professora Maria Silva e do pedreiro Adelvar Fagundes. Caçula de três irmãos, André é casado com Josieli Santana e pai de três filhos.
Em Nova Venécia, já trabalhou no Hospital São Marcos e foi secretário de Saúde do município no atual mandato do prefeito Mário Sérgio Lubiana, o Barrigueira.
Na manhã desta sexta-feira, 20, o prefeito eleito esteve na Redação do Correio9 quando concedeu esta entrevista exclusiva em que fala da preparação para a campanha, do apoio da família e como vai enfrentar os desafios que tem pela frente.
Ele contou que quando deixou a Secretaria, no início de 2020, recebeu uma proposta de trabalho no município de São Mateus, mas recusou para se preparar para a campanha, pois estava decidido: “Fiquei seis meses desempregado, e só a Josieli estava trabalhando. Aí precisamos dispensar a mulher que trabalhava na nossa casa e eu assumi os afazeres domésticos. Eu lavava, passava e cozinhava; fazia todo o trabalho doméstico. Ninguém sabe disso! Mas, foram seis meses assim”, revela.
CORREIO9 – Você enfrentou forças políticas tradicionais em Nova Venécia, a máquina administrativa do Município e do Estado. E venceu! A que você atribui essa vitória?
ANDRÉ FAGUNDES – Primeiro eu tenho que agradecer a Deus, à minha família e aos voluntários. A nossa vitória se deu porque a população reconheceu o tamanho que a gente tinha, sem expressão política nenhuma no município fizemos um diagnóstico do que precisávamos fazer. A gente precisava caminhar. Daí, traçamos algumas metas, angariamos voluntários, fizemos uma campanha bem estratégica. Eu acredito que a vontade do povo fazer mudança estava explícita e enxergou no nosso grupo uma mudança com qualidade, transparência e eficiência.
Então, agregou aí um nome novo, transparente, ficha limpa e a vontade da população, por isso eu acho que aconteceu uma vitória tão expressiva disputando com grupos que têm história política.
CORREIO9 – Você vai precisar de uma base de apoio na Câmara, além disso, um dos seus principais adversários foi apoiado pelo governador. Como você pretende articular esse apoio de que vai precisar para governar?
ANDRÉ FAGUNDES – Uma coisa é a identidade política. É fato que tínhamos a nossa identidade, não tínhamos expressões políticas nos apoiando. Mas, o gestor municipal que não buscar apoio estadual e federal se torna míope.
Nós temos que ter boas relações porque o município depende de convênios estaduais e federais e nós temos diversos parceiros – deputados estaduais e federais – que já se colocaram à disposição para fazer esse intercâmbio, esse elo. Não vamos trabalhar observando ideologias políticas, vamos buscar o que é melhor para o município, para a população.
CORREIO9 – Você prometeu reduzir o número de secretarias de 16 para 10. Você já tem uma ideia de quais secretarias serão extintas?
ANDRÉ FAGUNDES – É fato que nós vamos tirar seis secretários, não vamos acabar com as secretarias. Toda estrutura abaixo da secretaria vai permanecer. Já estamos trabalhando com alguns nomes e vocês vão perceber que são nomes técnicos. Peço autorização para me furtar de responder quais são as secretarias.
A partir do dia 5 de dezembro nós vamos começar a divulgar os nomes do secretariado; ainda tem duas ou três pastas que não definimos os nomes. Quando definirmos tudo, vamos divulgar os nomes e quais secretarias foram fundidas com outras. Mas, garanto que são pessoas técnicas e algumas até mesmo apolíticas.
CORREIO9 – Você disse que já definiu alguns nomes. Pode adiantar alguns?
ANDRÉ FAGUNDES – Ainda não, porque, por exemplo, a Secretaria de Saúde, da qual eu fui secretário, eu não tenho um nome ainda. Para a cultura, eu também não tenho.
Eu havia conversado com duas mulheres, uma para a Educação e outra para a Saúde. A da Educação sinalizou positivo, mas, a da Saúde, por algumas questões que aconteceram durante a campanha – uma questão familiar – ela pediu um segundo momento para se definir.
A da Educação está 100% positivo, mas para a Saúde, ainda, temos que voltar a conversar.
CORREIO9 – Outra defesa de campanha foi o uso de benefícios fiscais para atrair novas empresas para o município. Como você pretende fazer isso?
ANDRÉ FAGUNDES – É lógico que para isentar um imposto a gente precisa justificar como isso será recompensado.
Nós vamos procurar novos segmentos empresariais e, de acordo com a produtividade, a quantidade de funcionários e a rotatividade econômica, vamos conceder o máximo de isenção de ISS (Imposto Sobre Serviços). Com essa isenção, nós podemos aumentar a nossa participação no ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias).
CORREIO9 – E em relação ao funcionalismo público, qual é o plano?
ANDRÉ FAGUNDES – Nós fomos muito transparentes com os servidores públicos durante a nossa campanha. Não prometemos fazer, logo de início, um aumento de ganho real, prometemos aplicar a correção anual da inflação.
Agora, na medida em que o País recuperar, se a situação permitir, podemos ir concedendo aumento com ganhos reais.
De imediato, tanto para o Banestik quanto para o aumento do funcionalismo público, será feita a correção pelo índice de inflação.
CORREIO9 – Em relação à Saúde, vamos falar de três grandes problemas: a questão das UTI’s; o deslocamento de pacientes que são levados para Colatina ou Vitória e a fila de espera de madrugada no Centro de Saúde. Como você vai tratar estas situações?
ANDRÉ FAGUNDES – A primeira coisa que a gente tem de fazer é diminuir a Saúde sobre rodas. O paciente não pode ficar dentro de uma ambulância para ir consultar; então, todo serviço que a gente puder descentralizar para a região Norte a gente vai fazer.
Por exemplo, na questão da hemodiálise a gente já está negociando uma parceria privada para realizar no município. Cirurgia de catarata e glaucoma, estamos buscando parceria para realizar estes tratamentos aqui. Quando a gente agrega valor à carteira de serviço, outros profissionais se interessam em fornecer outros serviços e é isso que estamos buscando.
CORREIO9 – Como será a gestão da Saúde pós-pandemia?
ANDRÉ FAGUNDES – A gestão da saúde tem de ser sempre adaptada, remodelada de acordo com a necessidade. A UPA está aberta fazendo atendimento a pacientes com Covid, mas, a gente não pode parar todos os outros segmentos para trabalhar só com Covid.
Tem gente que está morrendo de AVC, diabetes, infarto, causas violentas… e a gente precisa estar atento a todas essas morbidades, por isso, a nossa visão é trazer a saúde para perto da população para que os venecianos não precisem sair da cidade em busca de atendimento.
CORREIO9 – Por favor, faça suas considerações finais.
ANDRÉ FAGUNDES – Primeiro, quero agradecer a oportunidade de estar aqui, me expressando no jornal Correio9 e dizer que a gente vai precisar de parcerias e parcerias de todos os lados. Vocês podem observar que nós começamos com a equipe de transição e tem nome que trabalhou em campanhas adversárias.
Nós não estamos considerando questões partidárias, mas perfil técnico. Toda a nossa gestão será baseada em produtividade, responsabilidade, transparência e eficiência. Quem estiver do nosso lado e não mostrar para que veio para a gestão pública, terá oportunidade, mas não permanecerá.
Vamos olhar para a Prefeitura como uma empresa privada e é assim que vamos trabalhar. Quem olhar a equipe de transição vai ver que têm pessoas que nunca se envolveram com política, mas têm perfil técnico.
No primeiro ano eu acredito que nós vamos tomar algumas decisões impopulares para fazer Nova Venécia voltar aos trilhos. Isso pode gerar desgaste, mas essa não é a minha principal preocupação. No segundo ano a população vai ver que essas medidas vão trazer resultados e aí vai perceber que a nossa gestão é para a população e não para um grupo político.
CORREIO9 – Deixe uma mensagem aos venecianos:
ANDRÉ FAGUNDES – População veneciana, muito obrigado pelos mais de dez mil votos! Entenda que a gente vai trabalhar diuturnamente com toda a nossa equipe dialogando sempre, quanto mais a gente ouve, menos a gente erra e vamos trabalhar para quem mais precisa.
Nós vamos ter prioridade e o nome para isso é equidade, é dar a quem mais precisa. Portanto, contem comigo! Tem muita gente mandando mensagem ou telefonando e eu não tenho conseguido responder a todos, mas eu vou responder todo mundo em tempo hábil.
Vou continuar o mesmo André funcionário do Hospital São Marcos, o André Secretário de Saúde e, agora, André como prefeito do município de Nova Venécia.
Muito obrigado e que Deus nos abençoe sempre!
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