Antes presentes apenas nos filmes de ficção científica e futuristas, os ciborgues – parte homem, parte máquina – deixaram as telas para se tornarem realidade. E o 1º deles a ser reconhecido por um governo é o artista audiovisual Neil Harbisson, que tem integrado ao corpo uma antena que muda a forma como ele vê o mundo.
Harbisson nasceu com uma condição visual chamada acromatopsia, também conhecida como “cegueira de cores”. Logo, o artista só consegue ver em escalas de cinza. Mas, através de uma antena implantada no crânio, ele consegue sentir e perceber diferentes cores.
O artista é primeiro ciborgue reconhecido pelo governo britânico. Depois de conseguir que as autoridades aceitassem o aparelho como um órgão pertencente ao corpo dele, Harbisson está no Rio como um dos convidados do Festival Futuros Possíveis, da Casa Firjan.
Como funciona?
O sensor da antena de Harbisson detecta as cores – que são vibrações de luz – e as retransmite por meio de um chip instalado no crânio dele. O chip é responsável por transformar a vibração de luz de cada cor em uma vibração sonora (como são as notas musicais) e cada nota e suas variações são representativas de uma cor.
A antena também tem conexão com a internet e é possível receber cores, por exemplo, enviadas pelo celular. Para além das possibilidades visuais do olho humano, Harbisson também consegue sentir radiações infravermelhas e ultravioletas.
Antena já foi confudida com ‘pau de selfie’
A tecnologia utilizada na antena de Neil foi criada por ele mesmo em parceria com colegas de faculdade e apresentada como projeto de conclusão do curso.
Desde 2004, o artista utiliza o aparelho, que, segundo ele, é como um órgão, mesmo ele tendo levado meses para se acostumar e ter sofrido com dores de cabeça. O artista confessou não ser fácil andar por aí com uma antena da cabeça. O que passou a ser natural para o britânico, acaba sendo novidade para a maioria das pessoas.
“Na minha vida, o que mais me afeta são as reações sociais à antena. Por 15 anos sou parado na rua todo dia ou recebo olhares de estranhamento, mas tenho que me acostumar. Eu só tento evitar mulheres bêbadas porque elas tendem a puxar e é bem desconfortável”, brincou.
Em 2004, conta Harbisson, as pessoas pensavam que o “órgão” fosse uma luz de leitura. No ano seguinte, o artista disse que era questionado se era um microfone. Com o passar dos anos, as versões para o que seria o equipamento foram mudando:
“Em 2007 e 2008, ouvi que era um telefone possível de usar sem as mãos. Em 2009, me perguntavam se era uma câmera GoPro e pessoas me davam tchauzinho como se fossem aparecer no vídeo. Em 2012, já achavam que eu trabalhava pro Google Street View. Em 2015, crianças me perguntaram se era um ‘pau de selfie’. Em 2016, crianças ficaram eufóricas achando que eu era um Pokémon.”
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