Bruno Gaburro (Correio9)
O café, planta originária da Etiópia, chegou ao Brasil em 1727, trazido da Guiana Francesa e se difundiu por todo território nacional, ganhando destaque e conquistando paladares. No dia 24 de maio, celebra-se o dia nacional da iguaria que é paixão nacional e, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), é a segunda bebida mais consumida no país, ficando atrás apenas do consumo de água.
Para que esse consumo elevado seja possível, é preciso que haja uma produção volumosa. Diversos países como a Colômbia, Costa Rica, Arábia Saudita, Índia, Etiópia, Angola, Zaire e México são grandes produtores de café, porém, o Brasil tem a maior taxa de produção do planeta.
NO BRASIL
A história do grão no Brasil começa em 1727, quando o oficial português Francisco de Mello Palheta trouxe as primeiras mudas da Guiana Francesa, que foram cultivadas no estado do Pará, onde floresceram sem dificuldades. Porém, não seria no ambiente amazônico que a planta se tornaria tão importante economicamente para o país.
Com o crescimento do consumo mundial do café, foi preciso um aumento na produção, e então, o Rio de Janeiro, por volta do ano de 1780, se tornou a nova área da cafeicultura brasileira. Penetrando pelo vale do rio Paraíba, os cafezais chegaram ao estado de São Paulo, que a partir da década de 1880, passou a ser o principal produtor nacional do café.
NO ESPÍRITO SANTO
A produção do Rio de Janeiro não se expandiu somente para São Paulo, mas também para a região Sul do Espírito Santo, substituindo a forte cultura canavieira presente no estado até então. Anos mais tarde, o governo brasileiro deu início ao movimento de imigração do Brasil, trazendo diversos estrangeiros para o país, mas principalmente, italianos e alemães. Estes recebiam um pedaço de terra para trabalharem e assim, colaborar na povoação do estado, que era praticamente inabitado. Além de contribuir com a economia, que seria estimulada com os ganhos da lavoura.
A partir de 1920, o movimento de povoação da área capixaba estende-se ao Norte do Rio Doce, uma área não tão propícia ao café arábica, já que são plantados em altitudes superiores a 800 metros e necessitam de um clima mais ameno. Por conta destes fatores, foi preciso introduzir o café conilon nesta região
Atualmente, o Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, sendo responsável por cerca de 75% da produção nacional, e 20% da produção mundial. Segundo o Incaper, os maiores produtores de café conilon do Espírito Santo são os seguintes municípios: Jaguaré, Vila Valério, Nova Venécia, Sooretama, Linhares, Rio Bananal, São Mateus, Pinheiros, Governador Lindenberg, Boa Esperança, Vila Pavão, São Gabriel da Palha, Colatina e Marilândia.
EM NOVA VENÉCIA
Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017, Nova Venécia produziu cerca de 15.811 toneladas do produto, gerando um valor bruto de R$ 98.661.000, em uma área de 13.376 hectares, com um rendimento médio de 1.182 quilos/hectare.
Esse valor de aproximadamente 98 milhões de Reais corresponde a 10,42% do produto interno bruto (PIB) de Nova Venécia. Fatia importante na economia da cidade, que movimenta o comércio e atrai investimentos.
DIFICULDADES
O engenheiro agrônomo veneciano, Thiago Vignatti, atualmente atuando como inspetor do CREA/ES relata ao Correio9 que os produtores rurais da região, em especial, os cafeicultores, vêm passando por uma série de desafios nesses últimos anos. O primeiro grande choque foi a crise hídrica, que provocou uma queda histórica na produção de café, descapitalizando o produtor, que também sofre cada vez mais com o elevado custo de produção, por conta de insumos, energia, diesel e mão de obra.
“Os produtores têm que buscar alternativas para reduzir o custo de produção, o principal fator para que isso aconteça é o aumento da produtividade. O primeiro passo é começar a fazer o uso racional das irrigações com equipamentos que ajudam a economizar até 30% de água e energia como a tensiometria – técnica que possibilita o monitoramento do uso da água na irrigação e, por isso, subsidia a tomada de decisão de quando e quanto irrigar.
Também é importante realizar a análise de solo e extração de solução, para avaliar melhor as necessidade nutricionais do solo, economizando em até 35% com os custos de adubação. A mecanização contribui para a diminuição da mão de obra, por isso, também é interessante para aferição de lucros mais significativos. É preciso que o produtor, em conjunto com uma assistência técnica qualificada, trabalhe com clones mais produtivos e espaçamentos mais adequados na lavoura”, esclarece Thiago.
Segundo ele, esses são fatores que reduzem custo de produção, aumentam a produtividade e consequentemente, possibilitam uma margem de lucro maior ao cafeicultor.
“Muitos produtores não sabem o seu custo de produção, o quanto ganham e o quanto gastam. A propriedade de café deve ser tratada com uma empresa, afinal, o que não se mede não se gerencia”, finaliza.
Comente este post