O deputado federal, Evair de Melo, foi candidato, em 2014, pelo Partido Verde (PV), sendo eleito com 48.829 votos. Na Câmara, se engajou nas causas da agricultura.
Em março de 2016 Evair fez críticas ao governo Dilma Rousseff e afirmou que seria favorável ao processo de impeachment de Dilma.. Em abril de 2016, ele votou pelo afastamento da presidente.
Posteriormente, votou a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto dos Gastos Públicos. Em abril de 2017 votou a favor da Reforma Trabalhista. Em agosto de 2017 votou a favor do processo de abertura de investigação do então presidente Michel Temer. Agora, em 2018, o deputado defende a Reforma da Previdência.
Em visita à Redação do jornal Correio9, ele nos concedeu uma entrevista.
Confira:
Correio9 – Deputado, o senhor é candidato à reeleição?
Evair de Melo – Perfeitamente, faço um movimento incentivado inclusive pelas causas, conquistas e pelo desafio, vou colocar meu nome. Sou um pré-candidato, para disputar a reeleição. É difícil, porque no primeiro mandato peguei uma turbulência muito grande na política, mas estou muito motivado pelos resultados que consegui, com os segmentos produtivos, com a agricultura, com os municípios do nosso interior, então faço um movimento claro de candidato à reeleição a deputado federal. Mais um ciclo seria importante para finalizar e fazer as entregas que a gente tanto gostaria, principalmente para a nossa agricultura, para o nosso interior capixaba.
Correio9 – Com três anos deste mandato, o que poderia ser destacado como suas maiores realizações na Câmara Federal?
Evair de Melo – É preciso olhar para esse mandato, olhando a turbulência política que foi, talvez a legislatura mais complicada da história do parlamento brasileiro. Impeachment da presidente da república; impeachment do presidente da Casa; e duas denúncias de impeachment contra o atual presidente. Então a política atrapalhou muito os resultados que a gente gostaria.
Sou um deputado federal com a causa da agricultura e do interior capixaba, e, ao cuidar da agricultura eu cuido de infraestrutura, de segurança, de saúde, de educação, as pessoas sabem que eu faço isso a partir da agricultura. Impedimos a importação de café, fizemos um debate para reestabelecer o preço do leite, conseguimos renegociar por lei ou por resoluções, os financiamentos agrícolas de todo o povo capixaba, conseguimos construir legislação para permitir que telefonia celular e internet possam ser instaladas nos distritos das comunidades do interior do Espírito Santo e em consequência, para o interior do Brasil. Sou autor de todas as proposições legislativas que tratam para desburocratizar o processo de agroindústria do Brasil, para incentivar a agroindústria artesanal, a linguiça artesanal, o queijo artesanal, isso fortalece o arranjo local.
Sou autor de proposições que têm permitido o avanço da fruticultura no Brasil, autor de projetos na área do cacau, café, frutas, pimenta, seringueiras, ou seja, eu estou conseguindo tocar uma agenda legislativa para proteger e criar condições para que a agricultura possa continuar sendo esse negócio maravilhoso para o Brasil, então uma das marcas do mandato foi realmente igual eu falei, de importação de café. Conseguimos suspender o emplacamento de máquinas agrícolas, de tratores e mini tratores, que foi uma conquista muito grande para o nosso país, e agora, recentemente, conseguimos abaixar em 40% a taxa do Funrural (Fundo Previdenciário da Agricultura), a agricultura hoje paga 40% a menos de imposto na nota fiscal para a questão da previdência. Então é uma entrega ad eternum, ou seja, para toda a vida. Sou autor de emendas ao orçamento também, emendas legislativas, para incentivar o turismo rural e essa integração do agroturismo no campo. Consegui garantir no orçamento geral da União mais de R$ 200 milhões para a agricultura familiar. Hoje, por onde passo as pessoas reconhecem o nosso trabalho.
Correio9 – O senhor mencionou todo esse trabalho nesse período e falou do desgaste, do momento de turbulência desta legislatura. Como o senhor vai subir ao palanque neste ano? Qual vai ser a sua plataforma?
Evair de Melo – Eu vou para uma reeleição mostrando o meu trabalho, prestando minhas contas, conversando com a sociedade. Fui testado, num momento difícil alguns colegas meus se venderam por emendas parlamentares, muitos se venderam por cargo em governo, muitos colegas se venderam simplesmente por ficar no palanque fazendo oposição, criticando e nada produzindo.
Eu vou mostrar para a população que eu fui trabalhar. Tem um ditado popular falado na roça que fala: “Tinha formiga, tinha marimbondo, tinha mosquito, mas eu continuei no meu trabalho, seguindo a minha missão”. Então eu estou entregando aos capixabas um mandato propositivo, que produziu resultados completos para a sociedade, não me envolvi com corrupção, todas as denúncias de corrupção da Casa fui veemente, independente de ameaças de governo, votei contra a corrupção, volto a dizer, com baixo custo de mandato. O parlamento brasileiro custa muito caro, consegui reduzir despesas de pessoal, do próprio mandato também, e vou pedir então aos capixabas, prestando contas do meu trabalho, dessa minha independência política, pedir a oportunidade para que eu possa ter mais quatro anos de mandato, e assim consolidar muitas coisas que começamos neste mandato. Vou andar de cabeça erguida, apresentando meu trabalho.
Se fui testado para me corromper, fui testado para me vender por cargo em governo, fui testado a resistir a tudo isso, porque a causa maior que eu defendo é o interior capixaba, é a agricultura, a saúde, a educação. Então, vai ser de cabeça erguida, prestando conta e pedindo a oportunidade de continuar o meu trabalho.
Correio9 – Deputado, qual a sua posição em relação à reforma da previdência social?
Evair de Melo – A reforma da previdência é necessária, infelizmente muitos movimentos sindicais e corporativistas estão contando um monte de mentiras para a população, uma vez que a previdência privada é em torno de R$ 1.500, em média, enquanto a previdência do funcionalismo público é em torno de R$ 9 mil. Tem de corrigir essa distorção. Nós temos 15 milhões de brasileiros desempregados, o Brasil tem que recuperar a credibilidade, para trazer investimentos e que com esses investimentos, nós possamos empregar essas pessoas que se encontram desempregadas.
Daqui a pouco eles vão querer se aposentar, vão estar na idade de aposentar, vão ter o direito de aposentar, mas não tem dinheiro para pagar. Tem que ter transparência, tem que ter retidão, tem que ter verdade nisso, porque o mais triste não vai ser você não poder aposentar, vai ser você aposentar e não ter dinheiro para te pagar. Combater a corrupção, combater a sonegação, e fazer a reforma da previdência, para que ela aumente na economia, para que possa aumentar o consumo de produtos agrícolas, o consumo no comércio, gerar emprego e renda para quem está na idade ativa e naturalmente aquela garantia financeira de receber para quem se aposentar.
Correio9 – O Governo fala sempre desta questão da reforma da previdência. Agora, a gente olhando para o orçamento de 2018, R$ 3,57 trilhões (três trilhões e 570 bilhões de reais), aparece um déficit na previdência de R$ 159 bilhões e aparece, também, R$ 1,16 trilhão (um trilhão e 160 bilhões de reais) para refinanciamento da dívida. Não seria a dívida o maior problema?
Evair de Melo – A dívida é um dos problemas, mas eu só consigo pagar a dívida se eu
recuperar a economia. Vocês imaginam que no primeiro ano do mandato da Dilma como Presidente da República, o nosso orçamento tinha um superávit total de R$ 300 milhões, nós fechamos 2017 com R$ 150 bilhões de déficit, ou seja, erramos na economia.
A dívida é um problema, porque com a dívida, eu tenho que tirar, para cobrir a dívida, só que eu só consigo pagar a dívida se eu conseguir recuperar a economia, isso é muito claro, é número, é aritmética, o problema de tudo isso, é que nós temos governos corruptos, esse governo é corrupto, ele é parte do outro que saiu, que também era corrupto, ou seja, tiramos a metade do governo, ou seja, a índole dos homens públicos desse país é uma vergonha, então não podemos confundir uma coisa com a outra, a dívida é um problema porque desonerou demais, subsidiamos taxas de juros para grandes investimentos, pegamos o BNDS e a Petrobrás como garantidores de projetos que não deram retorno financeiro, fomos perdendo a capacidade de competitividade, naturalmente, a indústria perdeu tamanho, desempregou as pessoas, e nós criamos um caos.
Vai ter que exigir sacrifício de todo mundo, mas o mais importante disso, ou façamos as mudanças necessárias agora, claro que alguém, em algum momento vai ter que ter algum sacrifício maior do que o outro, daqui a pouco as coisas mudam, então, essa visão maior é importante dizer, apesar da política, a reforma da previdência. Fernando Henrique tentou fazer, o Lula tentou fazer, a Dilma tentou fazer, esse governo agora está tentando fazer, então ela extrapola, todo mundo sabe, dentro da política ou fora dela, que é necessário fazer, o grande problema é que nesse momento, um governo altamente envolvido com corrupção como este, com pessoas que em tese não teriam prestígio moral, mas estão tocando as coisas, então esse diálogo com o brasileiro tem que ser branco e franco.
Correio9 – O senhor é contra ou a favor de uma auditoria da dívida pública?
Evair de Melo – Isso tem que ser feito, as coisas no Brasil têm que ser auditadas, tem que haver transparência com isso, o Brasil tem que parar com essas coisas de “caixa preta”, as coisas têm que ser abertas, com transparência e os governos não fizeram, Fernando Henrique não fez, o senhor Lula não fez, dona Dilma não fez e o Temer, não vou entrar na discussão porque não vai fazer também.
Mas, precisamos entender que as coisas públicas desse país, tem que ter transparência, tem que ter retidão, tem que ser auditáveis e alcançáveis. Todos os números: da previdência, os números tributários, e os números de arrecadação. Já o nosso orçamento, tem que ser mais transparente e objetivo.
Correio9 – Por que a reforma tributária não avança na Câmara?
Evair de Melo – Não avança porque o governo é medroso lá na Câmara. O Estado brasileiro, tem que ter reforma política, porque você precisa colocar na política gente que tem coragem de fazer essas coisas, é um absurdo a carga tributária, pior que a carga tributária, é a qualidade do serviço de quem recebe, que entrega para a gente, pagamos a maior carga tributária do mundo, sem estrada, sem educação, então não é só também reformar a questão tributária, é também reformar o Estado brasileiro, então a reforma tributária está emperrada porque esse governo tem compromisso com dívidas altas e tem medo de perder a teta e não quer fazer, eu tenho certeza que se dependesse da Câmara e não do Executivo, o texto está pronto, o relator está pronto, a reforma é necessária, como eu disse, fizemos a trabalhista, temos que fazer a previdenciária, tem que fazer a tributária, tem que fazer a política, mais do que inclusive fazer a reforma é construir uma nova previdência, construir um novo sistema tributário, um novo sistema político. O complicado disso é que o Governo é envolvido com corrupção, então a gente fica na dúvida, mas, o maior combate à corrupção é na urna, a nossa chance de não dar mandato a corrupto é na urna, se fizermos isso, naturalmente quem vai para o mandato, vai fazer com responsabilidade, com segurança, os ajustes que são necessários.
Correio9 – Voltando para o estado, para as eleições desse ano, qual a sua tendência no palanque da eleição majoritária para Governador?
Evair de Melo – O Espírito Santo tem tido ótimos governos, de 2003 para cá, desde o governador Paulo Hartung, que fez uma ótima gestão nos dois primeiros mandatos. Depois o governador, Renato Casagrande tocou o governo brilhantemente, com a retidão correta, em algum momento, tiveram algumas questões pessoais e se romperam, Paulo Hartung fez e está fazendo um governo possível, é necessário explicar isso para os brasileiros, se o governador nosso fosse o Casagrande nessa gestão também acho que teria ido pelo mesmo caminho. Os números hoje mostram que os capixabas tomaram a decisão correta, não tem heroísmo nesse negócio não, então acho que temos que ter juízo, calma e cautela, os políticos capixabas, todos de grande envergadura, posso citar aqui Paulo Hartung, Renato Casagrande, Ricardo Ferraço, Rose de Freitas, talvez os maiores quatro atores da política dentro do cenário capixaba.
É gente que gosta do Espírito Santo, gente que defende o Espírito Santo, gente que tem condições, claro, com ideologias diferentes, mas assim, precisamos criar o ambiente para que essas pessoas continuem na vida pública. Não tem nenhum acordo de cavalheiros aqui não, mas poucos estados, claro que com ideologias as vezes diferentes, têm quatro nomes por exemplo iguais a esse, cada um com sua característica, então eu vou trabalhar muito para que esses quatro personagens, talvez os quatro maiores personagens, depois tem uma turma do segundo escalão, aliás, segundo plano. Mas com certeza vou trabalhar muito para que os quatro estejam em 2019 com um mandato. Não vale cargo a qualquer custo. Agora, é preciso ter na vida pública gente qualificada como temos aqui no nosso Espírito Santo.
Correio9 – Suas considerações, seu recado, algo que não te perguntei, que o senhor gostaria de falar aos nossos leitores.
Evair de Melo – A eleição de outubro vai ser uma campanha muito curta, vai aparecer muito papagaio de pirata, muito jogador emprestado de última hora querendo vender lote na lua e prometendo inclusive a planta, isso não pode acontecer. Não tem campanha cara na rua, cuidado com essa coisa de troca de favor, entrega de emendas de obra pública a troco de voto, isso também é corrupção. Olhe o histórico de quem está chegando agora, de como vai chegar, e, olhe o histórico de quem vai tentar uma reeleição, naturalmente, tem que trocar muita gente que está aí, mas eu entendo também que tem muita gente que foi testada e está sobrevivendo ao tempo sem estar envolvido com isso aí, e é um desafio muito grande, porque tem que ter caráter e muita responsabilidade para estar nesse momento e não se ceder a cargos, não se ceder a emendas, a favores fáceis. Aconteceu comigo recentemente né, eu votei no cidadão para Presidência da República (Aécio Neves-PSDB), não tinha todo o conhecimento, depois eu descobri que o cara pegou propina, botava dinheiro no bolso, ou seja, é muito ruim, dá uma sensação ruim. Então, é preciso conversar antes.
Correio9 – Seriam as considerações finais, mas o senhor mencionou sobre “não vai ter campanha cara”, qual a sua opinião sobre financiamento de campanha, financiamento público, ou financiamento privado?
Evair de Melo – Eu sou a favor de financiamento privado de campanha, mas com muita regulação, limitação de material, limitação de tempo, limitação de espaço, ou seja, com rigor. Campanha cara tem corrupção. Eu volto a dizer, o mandato você tem que conseguir com trabalho, com entrega, com relacionamento, com convivência com comunidade. Eu sou defensor de campanha privada, de doação privada com transparência, sou contra fundo partidário, porque isso é uma bandidagem que fizeram nesse país para roubar dinheiro do povo, não tem transparência.
Agradeço a oportunidade e parabéns ao Correio9 pelo brilhante trabalho que fazem, de qualidade e também de conteúdo.
Comente este post