Segundo dia do I Fórum Municipal de Políticas Públicas em Defesa dos Direitos da Mulher discutiu as consequências psicossociais da violência doméstica.
A cada uma hora e meia, uma mulher morre no Brasil por causas violentas. A taxa de feminicídio no país é de 4,8 para cem mil mulheres, a 5ª maior do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, sendo que o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais de 80% dos casos de morte de mulheres por violência doméstica.
Esses dados foram apresentados durante o segundo dia de palestras do I Fórum Municipal de Políticas Públicas em Defesa dos Direitos das Mulheres, que aconteceu no auditório da Câmara Municipal de Nova Venécia na noite desta quinta-feira, 09.
Com o tema “As Consequências Psicossociais da Violência Contra a Mulher”, o evento reuniu especialistas da área de psicologia e assistência social. O público mais uma vez lotou o plenário para prestigiar os debates.
O segundo dia de palestras contou com a presença do vereador Cláudio do Granito, da escritora Irene Pianissola, o enfermeiro do Hospital São Marcos, Ulisses Pereira Silva, Marcilene Andrade da Silva, coordenadora do setor de recepção do Hospital São Marcos, Alessandro Aguilera, diretor do Hospital São Marcos, a proprietária da Clínica São Marcos Imagem e Diagnóstico, Andrea Negreli, o comandante do 2º BPM de Nova Venécia, tenente-coronel Sebastião Aleixo e os palestrantes, a psicóloga, Elsemara Silveira Alípio Costa, a assistente social, Herileny Pratte e o psicólogo, Marcelo Dalcol.
A vereadora Gleyciaria Bergamim, idealizadora do fórum, abriu o evento: “A Lei Maria da Penha está entre as três melhores do mundo e não funciona. Temos que nos incomodar com a dor do outro sim, buscar e acreditar que podemos fazer a diferença”.
O tema da primeira palestra abordou “As Defesas Psicológicas da Mulher que Sofre Violência”. A psicóloga Elsemara falou sobre a história da misoginia, que é o desprezo e ódio às mulheres: “Ao contrário do que acontecia na antiguidade ou até meados do século XX, hoje a misoginia é algo mais sutil, mas tão devastadora quanto no passado. Relações violentas são relações misógenas. Um homem misógeno é como um bebê faminto e exigente e quando sente que a mulher não corresponde às suas exigências, parte para a agressão”.
O segundo palestrante foi o psicólogo, Marcelo Dalcol, com o tema: “Transtorno do Estresse Pós-Traumático”, Marcelo destacou que o país com 62 mil homicídios anuais é intolerante, mas o feminicídio consegue ser mais cruel por ser cometido dentro de casa e pela pessoa que deveria proteger e a amar a mulher. “Homens agressores geralmente são dominadores, e em muitos casos, apresentam problemas psiquiátricos, como a psicopatia. Existe também o problema comportamental, daquele sujeito que possui personalidade violenta e hostil e que não está ligada a nenhuma patologia. O feminicídio é um crime de gênero, motivado pelo machismo e por uma sensação de posse do homem em relação à mulher, que não é vista não mais como um ser humano, mas como um simples objeto.”
O último tema trabalhado discutiu “A Violência Contra A Mulher: Autoestima x Superação”. A assistente social, Herileny Pratte destacou que a autoestima equilibrada é fundamental para acabar com o ciclo de violência contra a mulher. “A questão da violência contra a mulher encontra terreno em uma autoimagem negativa, com baixa autoestima. Para recuperar o amor próprio e lutar por uma vida diferente essa mulher precisa: se perdoar, entender que tudo o que aconteceu não foi culpa dela, dar um novo sentido à sua vida, e atribuir ao trauma da violência um crescimento pessoal, lembrar do que aconteceu para se tornar uma pessoa ainda melhor, não se lamentar ou remoer. Mudança é a palavra-chave”, afirmou.
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