Por Elias de Lemos – [email protected]
Na última segunda-feira, 25, a Petrobras anunciou mais um reajuste no preço do óleo diesel e da gasolina. O aumento passou a valer na terça, 26. É o segundo acréscimo nos dois combustíveis em menos de um mês.
Mas, não foram os únicos. Desde o início do ano, aconteceram pelo menos 13 reajustes no valor do diesel, sendo 10 altas e três quedas e 15 no preço da gasolina, que teve 11 aumentos e quatro diminuições. Em 2021, a gasolina já subiu 73,4% nas refinarias, enquanto o diesel acumula alta de 65,3% no ano.
O gás de cozinha também vem tendo aumentos sucessivos, com alta acumulada de 36,4% no ano. No Brasil, o preço mais elevado é no município de Cacoal, no Estado de Rondônia, onde o botijão é encontrado a R$ 135, e o menor preço encontrado foi em Cariacica, no Espírito Santo, a R$ 75,99. O preço médio nacional está em R$ 101,96.
Por que os combustíveis têm subido tanto?
Sendo a Petrobras uma empresa brasileira, sediada no Brasil, com reservas em território nacional, como explicar sua política de preços atrelada ao valor internacional do barril de petróleo?
Fundada em 1953, a Petrobrás deteve o monopólio petrolífero até a década de 1990 quando o governo decidiu capitalizá-la. Com isso, ela deixou de ser exclusivamente estatal e passou a ter acionistas.
Antes da abertura de capital, a companhia era utilizada como instrumento de política econômica de controle de preços. Porém, com o ingresso de acionistas, ela deixou de atender aos interesses públicos e passou a se subordinar a interesses privados, dos seus novos “donos”.
Desde então, a política de preços foi mudada passando a se basear no preço internacional, que é cotado em
Dólar.
Assim, os preços dos combustíveis que antes eram controlados pelo governo, passaram a sofrer duas influências: 1ª) o preço do barril no mercado internacional e; 2ª) a taxa de câmbio no Brasil. Qualquer alteração nessas duas variáveis mexe com os preços nacionais.
Para ter uma ideia, em janeiro o barril foi negociado a U$ 54,55. Nesta quinta-feira, a cotação foi de U$ 82,33, o que significa um aumento de 50,9%. Já o Dólar, que valia R$ 5,16 em janeiro de 2021, chegou a ser cotado a R$ 5,77, na última segunda-feira.
Para quem acha que está ruim, em 2008, o barril de petróleo atingiu preços estratosféricos, chegando a R$ 140,5.
Nesse nível, a gasolina chegaria a R$ 15 e o diesel giraria em torno de R$ 12,00. Já o gás de cozinha ficaria entre R$ 170 e R$ 190, facilmente.

Por que o Dólar está tão alto?
A taxa de câmbio (valor do Dólar em Reais) ultrapassou R$ 5, de onde não desce, e esta semana chegou ao pico de R$ 5,77 – na segunda-feira, 25. Nesta quinta-feira, 28, a moeda americana fechou o dia a R$ 5,625.
Vários fatores contribuem para o aumento do Dólar, desde fatores políticos a econômicos. No âmbito político, os principais elementos são as turbulências entre o presidente Jair Bolsonaro e instituições como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Do lado econômico a situação é ainda mais complicada. A questão econômica se cruza com a desastrosa política externa brasileira que comprou briga com meio mundo, prejudicando as relações comerciais. Soma-se a isso a desaceleração econômica mundial que impacta as exportações de matéria-prima.
Internamente, para conter a alta do câmbio o Banco Central joga Dólares no mercado e isso tem reduzido gradativamente as reservas cambiais. Em 2018 o volume de Dólares em poder do Banco era de US$ 374,7 bilhões; depois caiu para US$ 356,88 no ano seguinte; para US$ 355,62 em 2020 e em 2021 está em US$ 339,1 bilhões. Nessa toada, não será surpresa se – 16 anos depois de quitar a dívida externa com o FMI – o Brasil voltar a bater à porta do Fundo Monetário Internacional.
Custo da Dívida Pública asfixia o orçamento do Governo
O orçamento federal de 2021 no valor total de R$ 4,148 trilhões destina R$ 2,236 trilhões, mais da metade dos gastos previstos para o ano, para pagamentos de juros e amortizações da dívida pública.
Enquanto os gastos com a dívida pública representam 53,92% do orçamento/2021, áreas sociais receberão, neste ano, volume de recursos inferior à média do que foi recebido entre 2015 e 2019.
Em 31 de dezembro de 2018 a Dívida Pública somava R$ 3,877 trilhões; em 2019, saltou para R$ 4,249 tri; em 2020 bateu em R$ 5,010 tri. No acumulado até setembro de 2021 o montante é de R$ 5,481 trilhões.
No mesmo período o governo gastou R$ 1,324 trilhão com o pagamento de juros.
Para efeito de comparação, em 2018 o investimento total do governo foi de R$ 48,8 bilhões. Volume que caiu para R$ 27,7 bilhões em 2019. Já 2020 foi um ano atípico por causa da pandemia. Porém, em 2021 o valor previsto é de R$ 28,7 bilhões.
No mesmo período, a taxa de desemprego pulou de 12,3% para 14,1%. Em números absolutos isso significa que a quantidade de desempregados subiu de 12 milhões para 14,4 milhões.
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