Por Elias de Lemos – [email protected]
Com o governo acuado, e muita polêmica diante da queda de braço entre o Planalto e o Senado sobre a indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia foi instalada no Senado nesta terça-feira (27), confirmando Calheiros no posto.
Para complicar situação, o governo começa contando com, apenas, quatro dos 11 senadores que vão analisar suas ações e omissões no combate à covid-19. Com minoria na comissão investigativa, Bolsonaro e seu exército digital começam a espalhar notícias falsas, cujos alvos principais são os governadores.
Governo é derrotado na formação da CPI
A chapa encabeçada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) com Randolfe Rodrigues (Rede- AP) na vice-presidência, foi eleita, por oito votos.
Desde que a CPI começou a tomar força, o governo e a base aliada vinham trabalhando para impedir a investigação que tem potencial devastador sobre o governo.
Diante das duas derrotas seguidas no Senado – sem conseguir frear a instalação e com minoria na Comissão, o governo começou a preparar uma “operação de guerra” para se defender na CPI da Covid nas próximas semanas.
A estratégia de defesa do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores sempre negaram a doença, a pandemia, as medidas restritivas e a vacina. Agora, para enfrentar a CPI, o Palácio do Planalto pediu a vários ministérios um relatório de todas as ações tomadas no combate à pandemia, principalmente em relação a temas em que o governo é mais atacado. A preocupação é tanta que o governo montou um comitê de crise para se preparar para a CPI.
A movimentação de defesa do presidente foi revelada pelo portal UOL e, em seguida, também pelo O GLOBO. Na solicitação, cada ministério ficou encarregado de responder a algumas das acusações feitas ao governo como, por exemplo, a pressão de Bolsonaro sobre os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich para aprovarem o uso da hidroxicloroquina.
São 23 “confissões de culpa”, divididas entre 13 ministérios. O documento é uma demonstração da preocupação do governo diante da CPI. A estratégia é produzir um aparato para a defesa do ex-ministro Pazuello (que pode ser preso) e também para blindar Bolsonaro que vê suas declarações caírem por terra pavimentando um caminho que pode levar a um processo de impeachment.
A recusa de vacinas
O Ministério da Saúde recusou 11 ofertas formais de fornecimento de vacinas contra a Covid-19. Todas as propostas foram ignoradas pelo governo.
Entre as ofertas recusadas, que estão documentalmente provadas, seis são referentes à CoronaVac, desenvolvida no Instituto Butantan. O imunizante é defendido pelo antagonista de Bolsonaro, o governador paulista João Doria (PSDB), e com isso, questões políticas foram colocadas acima da crise sanitária dando início à chamada “guerra das vacinas”, com trocas de acusações entre os dois.
Confissão de culpa
Para a oposição ao governo, a lista do Planalto é uma confissão de culpa. Se, até agora, o governo negou os 23 itens da lista, porque se preocupar em ser punido por decorrência deles?
Bolsonaro mente e depois diz que não falou o que todos ouviram. No entanto, suas preocupações atuais demonstram que ele mente “de caso pensado”, mas, sabe que a mentira tem pernas curtas.
Uma lista produzida pela Casa Civil da Presidência mostra as acusações frequentes sobre o desempenho do governo federal no enfrentamento à covid-19. Estes são os 23 itens de que o governo tem medo:
1 – O Governo foi negligente com o processo de aquisição e desacreditou a eficácia da CoronaVac (que atualmente se encontra no Plano Nacional de Imunização).
2 – O Governo minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo).
3 – O Governo não incentivou a adoção de medidas restritivas.
4 – O Governo promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas.
5 – O Governo retardou e negligenciou o enfretamento à crise no Amazonas.
6 – O Governo não promoveu campanhas de prevenção à Covid.
7 – O Governo não coordenou o enfrentamento à pandemia em âmbito nacional.
8 – O Governo entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especializados (militarização do Ministério).
9 – O Governo demorou a pagar o auxílio-emergencial.
10 – Ineficácia do Pronampe.
11 – O Governo politizou a pandemia.
12 – O Governo falhou na implementação da testagem (deixou vencer os testes).
13 – Falta de insumos diversos (kit intubação).
14 – Atraso no repasse de recursos para os Estados destinados à habilitação de leitos de UTI.
15 – Genocídio de Indígenas.
16 – O Governo atrasou na instalação do Comitê de Combate à Covid.
17 – O Governo não foi transparente e nem elaborou um Plano de Comunicação de enfrentamento à Covid.
18 – O Governo não cumpriu as auditorias do TCU durante a pandemia.
19 – Brasil se tornou o epicentro da pandemia e “covidário” de novas cepas pela inação do Governo.
20 – Gen. Pazuello, Gen. Braga Netto e diversos militares não apresentaram diretrizes estratégicas para o combate à Covid.
21 – O Presidente Bolsonaro pressionou Mandetta e Teich para obrigá-los a defender o uso da hidroxicloroquina.
22 – O Governo recusou 70 milhões de doses da vacina da Pfizer.
23 – O Governo Federal fabricou e disseminou fake news sobre a pandemia por intermédio de seu gabinete do ódio.

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