Elias de Lemos (Correio9)
Na semana passada foi realizado um encontro de mulheres, organizado pelas mulheres do acampamento Ondina Dias, em Nova Venécia. Os temas discutidos foram ‘racismo’ e ‘feminicídio’. As palestrantes foram as professoras Cirleia Silva de Oliveira e Leide Maria Fagundes Alves, duas ativistas na luta pelos direitos das mulheres.
O encontro aconteceu na sede do acampamento e contou com a participação de 115 mulheres.
De acordo com Denise Pessim, uma das organizadoras, o evento teve o propósito de contribuir para a construção de uma sociedade igualitária, sem preconceito, racismo e sem feminicídio. “Com mulheres organizadas, a luta fica mais forte”, disse ela ao Correio9.
A reportagem do Correio9 conversou com as duas palestrantes, que falaram sobre suas participações e como delinearam e direcionaram suas falas.
A professora Cirleia lembrou que: “O assentamento possui um percentual bastante significativo de pessoas negras e a minha fala foi no sentido de levar a compreensão da forma como racismo se estrutura na sociedade brasileira e, para tanto, tomamos por referência algumas políticas públicas do início do sec. XVIII até a contemporaneidade, sempre atenta para o lugar da mulher na sociedade ao longo dos tempos e frente às políticas públicas referenciadas, dando um destaque especial ao alerta que nos é feito por Angela Davis, de que “em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista”.
Ela frisou que a luta contra o racismo deve ser uma luta de todos e não apenas do povo negro, daí a importância do antirracismo, pois não basta não ser racista é preciso ser contra quem o pratica.

Leide Fagundes fez uma viagem na linha do tempo sobre o papel da mulher. “Eu abordei as conjunturas da história da mulher desde o período neolítico e paleolítico, até chegar à era dos metais. A partir do momento em que as mulheres descobrem o fogo e elas ficam em casa para cuidar dos seus filhos, elas descobrem a semente e iniciam plantações e, também, surgem as primeiras invenções. Isto porque, os homens providenciavam a busca dos alimentos. Elas usam as sementes e plantam ao redor da casa”, explicou ela.
Ela esclarece sobre a abordagem: “O conceito daquela época não era este, mas, eu estou falando desse jeito para facilitar. Daí, elas criam a agricultura; depois para cozinhar os alimentos elas inventam as panelas, inclusive, panelas de pedra, né, e mais tarde outros tipos panelas”.

Leide explica que “foram as mulheres que inventaram as construções das casas, foram as primeiras arquitetas da história. Foram delas, também, a iniciativa de uso de plantas medicinais, neste sentido, ao usar plantas para fazer remédios, eram consideradas bruxas, com poderes excepcionais. E muitas foram mortas por causa disso”.
Adiante as mulheres descobrem os metais e começam a forjá-los com pedras para a construção de ferramentas. E assim foi caminhando ao longo da história, os homens foram assumindo a administração do que as mulheres iniciavam e, com isso, o poder sobre o que isso proporcionava.
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