O Dia Internacional da Saúde Mental é celebrado no dia 10 de outubro e destaca a importância de conscientizar a sociedade sobre a depressão, um transtorno psicológico que, silenciosamente, atinge pessoas de todas as idades e classes sociais.
A depressão é uma doença multifatorial causada por razões psicológicas, biológicas e sociais, explica a psicóloga especialista em saúde mental de crianças e adolescentes, Mariana Harumi.
“Na adolescência, o indivíduo está sofrendo inúmeras transformações. Desde questões físicas e hormonais, como alterações no corpo, a emocionais e socioculturais”, ressalta Mariana.
Nos últimos meses, a auxiliar de limpeza, Bárbara Artoni, notou que seu filho, de 15 anos, estava se distanciando. “Eu comecei a perceber que meu filho estava diferente pelas postagens com músicas depressivas. Ele também ficava olhando para o nada. Via ele longe”, conta.
A transição da infância para a adolescência pode ser um grande choque e o primeiro estímulo para a depressão, explica a psicóloga. “Durante a infância, é permitido que se viva de uma maneira mais leve. Aí, a partir da adolescência, tem um ‘chamado’ para o futuro. E isso já é um impacto.”
Hoje, aos 25 anos, a escritora e publicitária Beatriz Sousa conta que as pessoas mal interpretavam seus sentimentos e angústias, quando começou a ter sintomas de depressão. “As pessoas interpretavam como fases da adolescência, mas não era bem assim. Eu sentia que tinha algo de errado comigo. E eu me sentia mal por não conseguir fazer amizades, por não conseguir me socializar. Como se eu não encaixasse”, relembra.
“É muito comum que a família negue. A gente tem vivenciado um desvalor do sentimento. E é muito grave porque a pessoa não escolhe estar doente”, alerta a psicóloga Mariana.
Foi com auxílio profissional que Beatriz conseguiu compreender o que estava vivenciando.
“Eu achava que estava sozinha nessa. Minha luta contra a depressão foi triste, muito solitária. Mas, com o tratamento, eu vi que era muito maior que minha depressão. Eu luto até hoje contra ela, mas ela não me define. A minha luta é diária”, diz Beatriz.
A psicóloga Mariana ressalta a importância da ajuda psicológica e psiquiátrica, ao surgirem sintomas de depressão. “Os pais precisam estar atentos para identificar se o adolescente precisa de auxílio e se precisa recorrer à procura médica ou psicológica.”
A auxiliar Bárbara relata que a ausência, causada pelas tarefas cotidianas, contribuiu para os sintomas de depressão em seu filho. “Tem mãe que é solteira, como é o meu caso, que trabalha e ainda cuida da casa. E muitas vezes acha que comprar roupa, tal coisa, está suprindo, mas não, também precisa de atenção e carinho”, reforça.
“Eu canalizei minha dor em algo bonito. Depositei todos os meus sentimentos, como uma forma de me libertar do que eu estava sentindo”, relembra Beatriz Souza.
De acordo com Bárbara, seu filho agora passa por atendimento psicológico através de atendimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde no município onde moram, no interior de São Paulo.
Atendimento gratuito
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) oferece atendimento gratuito nos municípios de todo o país, para diferentes tipos de transtornos e complexidades médicas.
Os serviços de saúde oferecidos vão desde a atenção primária, por meio de equipes de saúde da família até atendimentos especializados no CAPS.
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