POR BILLY BALDO – [email protected] / [email protected]

Históricas
Após vir à tona a polêmica indicação por parte de vereadores venecianos para a retirada dos pilares da ponte velha, no Centro de Nova Venécia (reportagem divulgada com exclusividade pelo Correio9 no dia 23 de abril) parece que renasceu, na população veneciana, a consciência pela preservação do nosso patrimônio material, natural e imaterial. E isso é muito bom!
O Sonho
Hoje, praticamente todos os vereadores retiraram a assinatura desta indicação, mas, o ‘pai’ deste pesadelo já assumiu toda a responsabilidade e disse que ainda vai lutar pela retirada dos pilares do local. Sim, o próprio vereador Juarez Oliosi (PSB) já revelou que batalha por isso há mais de 15 anos e que não desistiu da ideia. Não se sabe, ao certo, a razão verdadeira deste desejo insano. Só tenho certeza que ele vai tentar sozinho, pois 99,99999999999% do nosso povo são contra a iniciativa. Sonhe mais, vereador!
Carapuça
Vocês já repararam que há políticos por esse ‘Brasilzão’ afora que não servem para nada?! Esse é o defeito da democracia, onde parte do eleitorado elege pessoas que não deveriam ocupar cargos importantes!
Cartão-Postal
E como o assunto principal de hoje é sobre o nosso patrimônio, a nossa história, vou falar sobre a extinta roda d’água de madeira situada no mirante do Casarão, que sempre foi um belo cartão-postal para a nossa querida Nova Venécia.
Cobrança
Há mais de 16 anos esta coluna cobra, do poder público, a reconstrução da roda d’água e, até hoje, nada foi feito! Seria muito interessante a realização desse projeto para resgatar a nossa memória e, também, para que o local voltasse a ser um cartão-postal e recebesse visitantes para apreciar as águas da Cachoeira Grande, no Centro da cidade.
Como Era?
A roda d’água funcionou plenamente no antigo mirante do Restaurante e Boate Casarão de 1983 a 1992. Houve uma enchente em 1992 e quando o nível do Rio Cricaré subiu foi tão rápido que não deu tempo de fechar a comporta da velha roda de madeira, que não aguentou a força da água. Alguns anos depois, parte do madeiramento da roda ainda podia ser vista, junto ao eixo de ferro; mas com o tempo, só ficou o eixo que – sem manutenção até hoje – também está sendo perdido devido à força corrosiva do tempo. A roda ficava antes ao lado oposto, no barracão dos Cunha, que foi demolido sem nenhuma justificativa em 1996.
A Mudança
Em 1983 a roda de madeira foi levada para servir de mero ornamento no mirante do Restaurante e Boate Casarão. Ela era muito antiga e fazia par com outra que ficava na pila de café que existia nos fundos e lateral do posto de combustível em frente à Câmara de Vereadores, na cachoeira ao lado da foz do Córrego da Serra.
A Mudança 2
A roda foi colocada lá como atração turística, não havia um uso específico, só como enfeite. E era lindo ver a Cachoeira Grande com a velha barragem de pedras marroadas e o mirante com a velha roda d’água. Um monumento cultural/natural que não só destacava a natureza, a partir da beleza do Cricaré, mas, também, o trabalho que de certa forma domesticou aquilo que era natural representado pela roda d’água.
Até Hoje, Nada!
Em 1992, quando a roda sucumbiu, o prefeito ainda era Walter De Prá. Então, podemos dizer que estamos sem esse belo cartão-postal em praticamente dois mandatos do ‘velho guerreiro’ De Prá; dois mandatos do ‘barbudão’ Wilson Luiz Venturim (Japonês); um mandato do ‘bigodão’ Francisco Diomar Forza; um mandato do ‘inoxidável’ Adelson Antônio Salvador e dois mandatos do ‘baixinho’ Mário Sérgio Lubiana (Barrigueira). E lá se vão quase 30 anos e nada!
Mais
Em que pese os cinco ex-prefeitos terem realizado praticamente todas as obras de vulto em nosso município e terem trabalhado bastante, o mérito da questão aqui, especificamente, é a roda d’água de madeira. Um investimento de baixo custo para a Prefeitura e que nenhum dos cinco políticos teve a competência de resolver. Espero, agora, que o ‘barbudinho’ André Fagundes construa a roda até o fim de seu mandato e não se mostre incompetente também!
Casarão
Aliás, o flagrante descaso com o nosso patrimônio cultural e paisagístico não vem de agora, como o já mencionado intuito de retirada dos pilares (quase centenários) da ponte, ou descaracterização da Casa de Pedra do Perletti, ou corte de árvores em praças públicas. Em fatos históricos, a nossa maior perda foi com o ‘sumiço’ do casarão da fazenda do Barão de Aymorés, na Serra de Baixo (o popular Casarão dos Escravos).
Ruínas
Ainda em 1988 (após mais de 115 anos de sua construção) ainda existia aproximadamente metade da edificação original. Desse pedaço perdeu-se outra metade com um desabamento criminoso de 02/09/1988. Uma parte ficou milagrosamente de pé até o fim da década de 1990.
Ruínas 2
Eu me lembro muito bem quando, ainda criança na década de 1980, meu saudoso pai me levava para ver a parte que restava do Casarão. Já, em 1990 (quando eu tinha 11 anos de idade) também havia, ainda, um bom pedaço daquela icônica construção rural. Neste mesmo ano eu passei por lá com uma turma de colegas da escola, pois foi a primeira vez que subimos a imponente Pedra do Elefante. Parece que foi ontem e ainda lembro-me de cada detalhe…
Ruínas 3
Já no fim de 2002, estas ruínas, em grande parte desabadas, ainda podiam ser vistas no local. Entre 2003 e 2004 foi praticamente tudo limpo e ‘exterminado’; além da velha caixa d’água, de uma mureta de pedra que existia em toda a fachada frontal e um esteio da cumeeira e dois da varanda dos fundos não havia mais nada visível após a limpeza, que deu lugar a uma nova moradia.
Culpados
Por não termos mais essa rara arquitetura do século XIX, e no que concernem as datas aqui divulgadas, a culpa principal recai sobre todos os prefeitos da história de Nova Venécia (a exceção, somente, de Lubiana Barrigueira e André Fagundes – pois não havia nem mais as ruínas do Casarão em seus mandatos). Sim, a culpa é deles porque eram chefes do Executivo e poderiam ter feito algo a respeito. Entretanto, é culpa secundária também de muitos representantes do Legislativo e do Judiciário, tanto local como estadual, que também poderiam ter lutado pela preservação do patrimônio arquitetônico. E, ainda, culpa de grande parte da sociedade à época, que não se empenhou suficientemente pelo caso. Todos foram inertes ou omissos!
Mais
Continuando no assunto sobre patrimônio cultural, material e natural de Nova Venécia e, sabedores de que precisamos nos responsabilizar por tudo o que ainda existe (a exemplo da Mangueira da Rua Salvador Cardoso, Pedra do Elefante, Gameleira, Santuário da Mãe Peregrina, Escadaria Jamilli Daher Rocha, Gruta Nossa Senhora de Lourdes, as esculturas em granito das praças, e muitos outros) podemos, também, pensar em ‘novos atrativos’ para a nossa cidade.
Sugestões
Compreendo que estamos numa pandemia e que há outros serviços no momento a serem priorizados na cidade pela administração pública, mas, a coluna sugere, ao atual prefeito André Fagundes, algumas ideias para serem incrementadas. Pode-se começar a pensar agora, para realizar com calma e, talvez, até buscar uma parceria público-privada, pois os investimentos não seriam altos. Para você, prefeito, ou para alguns empresários que se interessarem, anotem aí:
Homenagem
No Estádio Municipal Zenor Pedrosa Rocha poderiam ser feitas duas esculturas – em esteatito (pedra-sabão), bronze ou granito – para homenagear os jogadores Romário e Richarlison. O primeiro, pois foi um dos maiores atacantes da história do futebol mundial e fez seus dois primeiros gols como profissional aqui no Zenorzão, jogando pelo Vasco da Gama, em 18 de agosto de 1985. O segundo, por ser veneciano, vencedor da Copa América jogando pela seleção brasileira (e ainda fez gol na final realizada em 07 de julho de 2019) e hoje o maior expoente do nosso futebol. O estádio, que já recebe o público amante do esporte, viraria, também, um ponto turístico com essas duas homenagens a Romário e Richarlison.
Portais
Conforme esta coluna já pede há mais de 16 anos, a cidade merecia, também, ter quatro portais de entrada (um para quem chega de Vila Pavão; outro para quem vem de São Mateus; o terceiro vindo de São Gabriel da Palha e o último vindo de Boa Esperança). Os portais podiam ser estilizados com os setores da economia veneciana, como o café, leite, granito, etc. Cada um em um formato diferente; são detalhes que deixam um município exclusivo, além de impactar aos olhos dos turistas. Por serem mais onerosos do que uma estátua de bronze, aí sim a parceria público-privada seria bem-vinda!
Fim de Coluna
Como chegamos ao fim, e não há mais espaço, a coluna tem inúmeras outras ideias para apresentar, como a Rua das Cores (com incentivo ao turismo e gastronomia), píer com passeio de embarcações pelas águas do Velho Cricaré, dentre outros atrativos que deixariam a nossa bela Venécia ainda mais apaixonante. Em outra oportunidade falaremos sobre isso. Até a próxima, pessoal!
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