
Elias de Lemos (Correio9)
Por que as mulheres gostam tanto de bolsas? E por que elas precisam ter muito mais do que uma, precisam de uma bolsa para cada ocasião e uma para cada estado de espírito? E por que em cada bolsa tem que ter um batom, um pente, um lápis de olho? Estas são perguntas que, geralmente, os homens fazem! E querem saber, eles não vão entender nunca!
A bolsa surgiu para carregar coisas, era uma necessidade. No entanto, já faz tempo que a bolsa deixou de ser apenas uma utilidade e passou a representar um sinônimo de status, glamour, um estilo de vida. As bolsas mudam a cada nova enxurrada de tendências do mercado.
Quando se trata de uma peça exclusiva, fica marcado o estilo feminino. Neste sentido, as peças artesanais são um achado. E para quem deseja estilo, as peças produzidas pela artesã Luciene Ferraz são perfeitas: cheias de personalidade!
Em entrevista ao Correio9, ela contou como começou a trabalhar com artesanato de crochê e o que a atividade representa em sua vida. Ela nasceu em Mucurici, cresceu em Nova Venécia e hoje vive em Guarapari.
“Atualmente eu trabalho com fio de malha e com barbante que são as duas técnicas que eu uso. Eu faço tapetes, jogos de banheiro, jogos de cozinha, cestos, aliás, faço bastante cestos e, atualmente, estou focada nas minhas bolsas, porque saem muito bem”.
“E faço colchas, também, que vendem muito, mas eu estou dando um tempo, uma parada nelas porque me custa mais tempo; então, eu tenho um pouco mais de demora para concluir”.
Ela conta que se surpreendeu ao iniciar na atividade: “Eu nunca fui delicada, eu sempre fui muito bruta e não sabia fazer crochê. Eu aprendi, na verdade, através do filtro dos sonhos; eu sonhei fazendo o filtro dos sonhos e comecei a fazer, depois veio o crochê e fui pesquisando no YouTube, vendo o passo a passo e aprendi a fazer, fazia desmanchava, não dava certo, fazia de novo, mas, eu não desisti porque eu achava muito bonito”.
“Eu me apaixonei mesmo! E quando eu vim morar em Vitória, eu conheci o meu esposo, o Felipe, a gente estava viajando e para mim foi uma ocupação muito legal porque, além de estar viajando, eu aproveitei o tempo na estrada para treinar”.
“E assim eu fui me aperfeiçoando, fazendo sozinha: ninguém me ensinou eu aprendi na base da tentativa e erro. E, assim, se passaram quatro anos. Hoje eu faço crochê e é maravilhoso! É um remédio, uma terapia, eu estive pesquisando, e existem clínicas que usam o crochê como terapia e isso ajuda muito as pessoas, psicologicamente e fisicamente também”.
“O crochê é muito especial, mas, a história do artesanato na minha família vem do meu avô. Ele fazia celas e rédeas, então passou para o meu tio; a minha mãe é costureira. Daí essa coisa legal do artesanato já vem da minha família. Para mim é muito gratificante! Quando eu olho para cada peça que eu faço, eu falo: gente foi eu quem fez! Às vezes eu fico emocionada, porque é algo muito especial para mim! Algo que me ajudou muito psicologicamente, eu posso dizer que até espiritualmente (para te falar a verdade) hoje eu vivo de uma outra forma, muito particular! Para mim o crochê é uma benção; é um dom que Deus me proporcionou e eu sou muito grata por isso”.
O trabalho artesanal é único, ficando difícil reproduzir peças exatamente iguais:
“Eu não gosto de copiar as minhas peças. Quando eu tiro um molde eu sempre coloco algo diferente, do meu jeito, da forma que eu acho que vai ficar legal. Nunca consigo fazer aquela peça igualzinha, tanto que eu não faço encomenda, não gosto de fazer porque para mim me atrapalha muito eu não gosto. Prefiro fazer cada peça, produzindo e vendendo”.
“E, também, é muito chato! Às vezes você tem uma peça e você chega no lugar a pessoa tá com a peça igual a sua. Nossa é horrível, constrangedor!”.
Como as peças são vendidas?
“É mais pelas redes sociais mesmo; eu tenho também o meu canal Ferraz Crochê, aí eu faço a divulgação lá nos meus canais: no Instagram, no Facebook e classificados. Aí as clientes me ligam, às vezes vou à praia, aqui o pessoal ama artesanato! Deus me abençoou tanto que eu estou na cidade onde o artesanato é muito forte! Tudo que você faz de artesanato, você vende”.
Como é a saída?
“Nossa, é muito boa! Toda vez que eu posto uma nova peça, não fica, eu vendo em questão de tempo! Eu anuncio e logo chega alguma mensagem: “eu quero essa, eu vou ficar com ela, já pode separar para mim”.
“Vou citar um exemplo: no mês passado eu fiz 40 bolsas e, hoje, eu só tenho 11. É muito bom quando a pessoa valoriza o seu trabalho. Quando eu faço uma peça, eu coloco todos os meus sentimentos sabe, toda minha gratidão naquela peça, em cada correntinha em cada detalhe. Eu peço a Deus que abençoe cada pessoa que gosta, que compra, que ela leve bençãos para a vida dela”.
Guarapari, uma cidade do artesanato:
“E, além disso, aqui, também tem as feiras de artesanato, que ajudam muito; a cada três meses acontecem as feiras, que funcionam como uma cooperativa de artesanato porque aqui tem muito artesão”.
Apesar da boa saída, ainda falta encarar o artesão ou artesã como trabalhadores. Há preconceito:
“Muitas pessoas não reconhecem o artesanato, aí eu acho que as pessoas deveriam dar mais valor ao artesão: aquele que faz a pulseirinha, aquele que faz a panela, o que trabalha com artesanato para ganhar o seu pão de cada dia. E tem pessoas que não valorizam esse trabalho, que é um trabalho feito à mão que é um trabalho detalhado e único”.
O trabalho do artesão enfrenta dilemas como o preconceito, sendo entendido como uma ocupação de quem não tem outra coisa para fazer:
“Esse é um problema que os artesãos sofrem muito. Muitas vezes acham que um artesão que faz a pulseirinha; eu vou vender minha bolsa… Acham que não tem outra coisa para fazer… Que faz aquilo ali por fazer, para ganhar um dinheirinho e não uma arte. Mas, é preciso colocar as ‘mãos na massa’ e desbravar”.
Veja alguns itens criados pela artesã Luciene Ferraz:
Se você gostou do trabalho da Luciene Ferraz e deseja peças originais, visite as redes sociais dela. Basta acessar qualquer um dos links abaixo.
https://www.instagram.com/luferraz369
https://whatsapp.com/channel/0029Vb5n2vO35fLn3Zzv5l2t
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