Elias de Lemos (Correio9)

Na madrugada da quinta-feira (2), o senador capixaba, Marcos Do Val (Podemos) fez uma revelação bombástica. Ele disse que teria participado de uma reunião, no Palácio do Alvorada, juntamente com o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro teria detalhado um plano para desencadear um golpe.
A fala do senador aconteceu em uma live durante a madrugada. De acordo com ele, o plano consistia na indução de uma conversa com o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que ele admitisse que agiu fora da Constituição; do Val gravaria a conversa que seria usada para levar à prisão do ministro e impedir a posse do presidente Lula.
O plano seria executado em conluio com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), “que daria suporte técnico à operação, fornecendo os equipamentos necessários”.
Essa história precisa ser investigada, está claro que não foi apenas a “minuta do golpe” (encontrada na casa do ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres).
Depois da fala do senador, Bolsonaro declarou ser italiano: “Itália prima de tutto”.
Disse, depois, desdisse
A denúncia de Marcos Do Val dominou o noticiário e, no dia seguinte, ele desconversou o que havia afirmado dizendo que Bolsonaro não falou durante o encontro; que quem detalhara o plano fora Daniel Silveira, que parecia desesperado. E com razão, Silveira foi preso no dia 2 de fevereiro, um dia após ficar sem o mandato de deputado federal.
Na sexta-feira (03), Do Val classificou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como “parceiraços” e disse que Bolsonaro foi comunicado sobre a repercussão de suas falas.
O alvo é o presidente Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino
Marcos Do Val está se tornando uma figura bizarra na política, cuja palavra, nem sempre, podo ser levada em conta.
No ano passado ele disse que havia recebido emendas de R$ 50 milhões para apoiar a candidatura de Rodrigo Pacheco à Presidência do Senado. Depois, se desmentiu dizendo que não foi isso.
Depois do vexame protagonizado por bolsonaristas no dia 08 de janeiro, Do Val não questionou a baderna, ao contrário, vem se esmerando para conseguir um meio de responsabilizar o presidente e o ministro Flávio Dino pela tentativa de golpe que o próprio Lula sofreu. Nessa lógica, para o senador, a vítima é quem deve ser punida.
No último final de semana, Marcos Do Val passou mais uma vergonha ao postar o que seria um relatório da Abin sobre a responsabilidade pelos atos terroristas do dia 08. Na legenda, ele escreveu: “Neste relatório, cai o ministro da Justiça, cai o presidente Lula”. No entanto, a postagem chamou a atenção de internautas pela semelhança com o calendário distribuído anualmente pela Agência. E não é que era isso mesmo!
Ao ser desmascarado, ele apagou a postagem, porém, os prints já inundavam a internet.
Não se sabe, ainda, se ele passa vergonha no débito ou no crédito.
Carla Zambelli faz arte do plano golpista
Esta semana, saiu mais um nome envolvido na orquestração do golpe. Ela mesma, a deputada da bala, Carla Zambelli.
De acordo com o site brasil247, o hacker Walter Delgatti Neto tentou invadir o celular do ministro Alexandre Moraes para expor os “podres” do ministro. Delgatti confirmou a informação.
O ataque ao ministro coaduna com as palavras do senador Do Val.
Operação Tabajara
A desinteligência sempre foi muito criticada, no entanto, ela tem contribuído muito para a preservação da democracia brasileira.
Isto mesmo, porque se não fosse a falta de raciocínio dessa gente, provavelmente a vaca já teria caído no atoleiro e estaríamos sob um governo despótico e autocrático, comandado por um irresponsável, cruel e insensível às questões sociais e nacionais.
A atrapalhada do senador Do Val, com as seguidas mudanças de versão do que ele fala, não deixa claro quando ele diz a verdade e quando está mentindo.
Do nada ele detonou Bolsonaro, a quem afirmou ser o incentivador de um golpe, e depois alterou o rumo da conversa apontando o dedo para o ex-deputado Daniel Silveira como sendo o articulador da tramoia.
Na transmissão da quinta-feira ele disse que que o ex-presidente Bolsonaro tentou coagi-lo a participar do golpe; afirmou que se sentia irritado por ser chamado de bolsonarista. Depois, percebendo a lambança que fez, negou a coação e votou em Rogério Marinho, o candidato do ex-presidente, à Presidência do Senado (que perdeu para Rodrigo Pacheco). O homem não tem coerência em nada do que fala e faz.
O que está por traz das declarações do senador? O que ele realmente busca?
Depois das Americanas, Ambev também é suspeita de rombo
Depois da descoberta do rombo de R$ 40 bilhões que colocou as Lojas Americanas à beira da bancarrota, agora, a suspeita ronda a Ambev, a maior cervejaria da América Latina, e uma das maiores do mundo.
Em comum com as Americanas, a Ambev tem a presença da 3G Capital, dos bilionários Marcel Teles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann.
A denúncia contra a cervejaria partiu da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). Conforme publicado na revista Veja, o rombo estimado na companhia seria de R$ 30 bilhões, causado por manobras tributárias por parte da gigante de bebidas.
Os três sócios são defensores do estado mínimo, mas, a Americanas deve R$ 1,3 bilhão ao Banco do Brasil e outros R$ 500 milhões à Caixa.
Qualquer semelhança é mera coincidência?
Quando o monarca francês Luiz XVI e sua família tentou fugir do seu país, em 1791 – na chamada Fuga de Varennes – e foi detido na fronteira com a Áustria e levado de volta pela população e pelo exército, o filósofo Étiene de La Boétie afirmou que “um dirigente em fuga é a cada dia menos rei. Perde sua realeza”.
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