Um policial militar matou com tiros à queima roupa um adolescente de 17 anos que já estava rendido durante uma abordagem em Pedro Canário, nesta quarta-feira (1º). A ação foi flagrada por câmeras de segurança que confrontaram a versão da polícia e mostraram que o militar arrastou o corpo do adolescente, alterando a cena do crime. Todos os agentes envolvidos terminaram presos.
O caso:

Em imagens de vídeo de uma câmera de segurança, é possível ver um policial de frente para o adolescente, que está sentado em uma calçada.
Um segundo militar pula o muro de uma residência e se aproxima, enquanto o primeiro policial caminha em direção ao carro de polícia que estava estacionado.
O militar que pulou o muro fica de frente para o adolescente, que levanta e fica com as mãos para trás.
O mesmo militar encosta no adolescente, que dá três passos para trás, momento em que o PM atira à queima roupa, ao menos duas vezes, sem possibilidade de defesa da vítima.
Mesmo com os disparos, as imagens mostram ainda que o policial que estava caminhando até o carro da polícia não esboçou nenhuma reação.
O militar que atirou se aproxima do adolescente e, logo em seguida, um terceiro PM sai de dentro da residência.
O registro das câmeras de segurança mostrou ainda que o policial que atirou arrasta o corpo do adolescente para dentro do imóvel de onde o terceiro militar saiu, alterando a cena do crime.
Versão de boletim de ocorrência e vídeo não batem
Na versão escrita pelos policiais no boletim de ocorrência, os militares teriam alegado que “em uma revista pessoal, o indivíduo colocou a mão na cintura na tentativa de sacar uma arma de fogo, momento em que, para cessar a eminente injusta agressão, o policial efetuou os disparos”.
Pela imagem é possível ver que o homem não coloca a mão na cintura, e sim está com as mãos para trás.
O comandante Douglas Caus afirmou que, se os policiais colocaram uma versão diferente na ocorrência, eles também serão responsabilizados por terem colocado fatos inverídicos; e que a ação da adulteração é crime militar.
O comandante disse, ainda, que durante a autuação dos policiais no crime de homicídio, eles se reservaram ao direito de ficarem calados na presença de seus advogados.
Prisão de policiais envolvidos
Foram identificados cinco policiais militares envolvidos na morte do adolescente em Pedro Canário, todos eles foram presos ainda nesta quarta-feira (1º).
Eles foram ouvidos sobre o caso na sede do 13° Batalhão de São Mateus e foram encaminhados ao presídio da corporação, em Vitória.
Segundo o comandante-geral da PM no ES, Coronel Douglas Caus ,os policiais militares foram atender uma denúncia anônima de que dois indivíduos, conhecidos como gêmeos, que praticam crimes de tráfico de drogas e homicídios estavam na região.
Os militares foram autuados em flagrante por homicídio e foram transferidos para a capital para realização do exame de corpo de delito.
Ainda segundo o comandante, todos os policiais envolvidos têm menos de dez anos de polícia, são dois cabos e três soldados.
O adolescente
Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (1º), o comandante-geral da PM no ES, Coronel Douglas Caus, confirmou oficialmente a identidade do adolescente de 17 anos como sendo Carlos Eduardo Rebouças Barros.
Com ele, a polícia teria apreendido uma arma que teria sido usada para trocar tiros com os policiais no quintal de um imóvel que aparece no vídeo. No momento da abordagem, no entanto, a arma não aparece nas imagens.
Governador do Espírito Santo se pronuncia
Em suas redes sociais, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande se pronunciou sobre as imagens e informou a determinação de que providências sejam tomadas e o caso seja apurado.
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