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CONTINUAO resultado das eleições do último domingo, 7, surpreendeu em vários aspectos. As pesquisas davam como certa a reeleição de figuras que sempre “reinaram” no Congresso. Nem de longe as intenções reveladas nos levantamentos indicavam grande renovação. Os mais otimistas acreditavam que ela ficaria, no máximo, na casa dos 30%. Mas, todos erraram.
No Senado Federal, por exemplo, a renovação foi de 87%. Dos 54 eleitos, 46 são novos. No entanto, o perfil da composição de senadores e deputados federais indica que a próxima legislatura seja a mais conservadora desde a redemocratização.
Ficaram de fora do Senado, figuras como Romero Jucá (MDB), de Roraima, Ricardo Ferraço (PSDB) e Magno Malta (PR), ambos do Espírito Santo. Eunício Oliveira (MDB), ficou em quarto lugar no Ceará e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), também perdeu. Os ex-ministros do governo Temer, Edson Lobão (MDB-MA) e Garibaldi Alves (MDB-RN), também foram derrotados.
Ao todo, 16 senadores perderam o mandato pelo país. Opositores a Temer, como Lindberg Farias (PT-RJ) e Roberto Requião (MDB-PR) também não foram eleitos.
O novo tabuleiro pode ser visto como uma “onda”, que vem sendo liderada pelo presidenciável Jair Bolsonaro. Seu partido, o PSL, elegeu, apenas, um deputado em 2014.
Desde então, angariou mais sete e, atualmente, tem 8. Mas saiu das eleições de 2018 com uma bancada de 52 deputados das 513 vagas, 10% do total da Câmara Federal. A primeira é do PT, com 56 deputados.
O novo Parlamento terá a cara do filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro. Ele tornou-se o deputado federal mais votado da história, com 1,8 milhão de votos no Estado de São Paulo. Flávio Bolsonaro, o outro filho que concorria ao Senado, pelo Estado do Rio de janeiro, foi o Senador mais votado.
Ao mesmo tempo em que o capitão do exército saiu fortalecido da eleição, seus antagonistas saíram enfraquecidos. Muitos “medalhões” não se reelegeram ou tiveram votação inexpressiva. Dilma Rousseff foi derrotada na disputa pelo Senado em Minas Gerais e Jean Wyllys, ficou na 77ª posição, com 0,32% dos votos no Rio de Janeiro. Sua reeleição foi salva em razão do coeficiente eleitoral de sua coligação.
Em grande parte, as denúncias da Lava-Jato tiveram forte efeito nas eleições. Os partidos tradicionais do cenário político brasileiro, envolvidos com o esquema de corrupção, perderam muito de sua força, especialmente o MDB, que caiu de 51 para 34, e o PSDB, que antes tinha 49 e, agora, tem 29.
Reduzidos a 29 deputados, os tucanos saíram com a menor bancada do partido desde 1994. Já o MDB de Michel Temer foi reduzido pela metade: de 66 eleitos em 2014 para 33 deputados.
A bancada evangélica também sofreu prejuízos. Entre as mudanças importantes, estão as tentativas frustradas de eleição de vários membros da bancada evangélica.
Alguns de seus membros mais proeminentes tiveram uma redução drástica de votos ou não tiveram êxito no pleito. O caso mais surpreendente é a derrota imposta ao senador Magno Malta, que acabou ficando de fora.
A senadora Rose de Freitas (MDB) amargou o quarto lugar na disputa ao governo capixaba. O recado dado pelo eleitor evidencia que ele não está preocupado somente com pautas morais, ou questões econômicas, mas que o apoio de parlamentares a Michel Temer, o presidente mais reprovado da história recente do país, teve um alto custo.
* O autor é economista, professor, jornalista e editor-chefe do Jornal Correio9
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