OPINIÃO
Flávio Henrique Albuquerque de Freitas *
Protagonizou-se nas redes, ontem, 04/03/2022, um áudio de um deputado estadual paulista sobre mulheres ucranianas. Poderia ser um áudio respeitoso, pois estamos a menos de uma semana do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 08 de março. Todavia, não foi isso o que se passou.
Uma fala sexista, machista, apontando a mulher ucraniana (e porque não todas, independentemente da nacionalidade) como objeto, inclusive ensinado os locais onde elas seriam “mais fáceis”. Faz vergonha ouvir isso de um homem, de um parlamentar, o qual certamente recebeu votos de mulheres para representá-las.
Para muitos, e já vi isso em algumas leituras nas redes sociais, estão de “mimimi” em relação à fala do deputado. Penso totalmente contrário a essa visão de que tudo não passaria de um “mimimi”.
Não custa relembrar que situações vergonhosas protagonizadas por homens brasileiros no exterior, em relação às mulheres, não é um fato isolado. Cito as “brincadeiras” nas redes sociais com as mulheres na Copa da Rússia e a recente prisão do médico brasileiro no Egito por desrespeitar uma mulher egípcia.
Na verdade, estão querendo normalizar o desrespeito e isso é inadmissível. Ter, no mínimo, empatia já desqualifica o discurso do “mimimi”. Sou pai de duas mulheres (Bianca e Alice), casado com outra mulher (Aline) e filho de outra mulher (Dona Graça) e não aceitaria falas como essas em relação a nenhuma delas. Então porque aceitar em relação a qualquer outra mulher!? Para piorar a situação, de mulheres fragilizadas por conta de uma guerra sem propósito!
Meu respeito às mulheres ucranianas pela falta de respeito cometida por um parlamentar homem brasileiro; meu respeito a todas as mulheres do Brasil por essa vergonha alheia cometida a menos de uma semana de um dos dias, simbolicamente, mais importante para as mulheres.
Registro minha indignação, ressaltando que essa fala não representa o pensamento da grande maioria dos homens do Brasil.
Meu desfecho a esse texto é registrando uma frase de meu falecido pai, Seu Jorge, para mim, quando eu ainda era adolescente: “Nunca fale nada desabonador de uma mulher!”.
* O autor é juiz de Direito, mestre, doutorando e colaborador do Correio9
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