
Elias de Lemos (Correio9)
Pais e mães costumam dizer que tem um amor incondicional pelos filhos. O que um pai e uma mãe são capazes de fazer por um filho? Até onde se dispõem a ir?
Um morador do interior de Nova Venécia é o testemunho real das coisas que dizem sobre pais, mães e filhos. Charles Seberino de Moraes, residente na comunidade de Córrego das Flores, no interior de Nova Venécia, se viu em uma situação desesperadora e buscou na crença e na fé a maior súplica de sua vida.
No último dia 13 de setembro o filho de Charles, o pequeno Timotio Pereira Seberino de Morais, de apenas três anos de idade, foi picado por um escorpião e foi levado ao hospital.
Naquele momento, começava uma angústia danada: “Eu e a Fernanda estávamos na sala de atendimento e a doutora disse três vezes, três frases. A primeira foi: “o que tinham que fazer, já fizemos! Minutos depois: a qualquer momento ele irá a óbito! Minutos passaram, e ela disse: vocês demoraram muito a trazê-lo! Minutos adiante ela chamou e disse: “a qualquer momento ele pode vir a óbito, tenho que preparar vocês!”.
O estado do garoto era grave! No entanto, Charles não estava só, nem seu menino Timotio estava sendo cuidado apenas por mãos humanas. Seu relato do que aconteceu é arrepiante! Um testemunho de amor, crença, fé e esperança:
“Dia 13 de setembro, por volta das 4h30, Timotio foi picado por um escorpião. Fiz o que qualquer pai deveria fazer, mas naquele momento que percebi que meu filho tinha sido picado por um escorpião, algo dentro de mim me fazia agir, numa agilidade de socorrer meu filho, não pensei o que deveria fazer, uma força agia em mim.
Não me desesperei no momento, corri com meu filho mais novo nos braços e minha esposa com Timotio. Entrei no carro enquanto minha esposa pegava os documentos; deu para rezar um Creio em Deus Pai jogando água benta nos pés dele, algo me fazia agir assim.
O que eu poderia fazer depois de dois minutos era dirigir o carro; fiz com o carro coisas que eu nunca imaginei fazer. Só pedia a Deus que o carro não flutuasse e rodasse e que o caminho tivesse livre, e o resto me deixava fazer através da Sua graça! E percorremos 29 km, foram 19 minutos até o hospital.
No caminho, a Fernanda dizia que era para eu fazer alguma coisa e eu dizia em voz baixa, para mim mesmo: ‘o que eu posso fazer, já estou fazendo’, e pedia a Deus somente que o carro não flutuasse e não rodasse, e acelerava, e eu tinha convicção que Deus estava guiando aquele carro, quando em uma curva quis agir por mim, foi que eu vi que tinha que deixar a minha mente guiar meu corpo.
Timotio chegou ao hospital desmaiado. E ao dar entrada no hospital, o atendimento foi imediato; foram quase 40 minutos para conseguir encontrar uma veia, e as horas se passavam.
Eu e a Fernanda estávamos na sala de atendimento e a doutora disse três vezes, três frases, a primeira foi: o que tinham que fazer, já fizemos. Minutos depois: a qualquer momento ele irá a óbito. Minutos se passaram, e ela disse: vocês demoraram muito a trazê-lo! Minutos adiante ela chamou e disse: a qualquer momento ele pode ir a óbito, tenho que preparar vocês”.
Ele prossegue:
“Não está tendo vaga na UTI? Perguntei ao médico. Conseguiram à meia-noite! Estávamos em Colatina, no Hospital São José; o médico disse a mesma coisa, que o caso do Timotio era grave, muito grave! Qualquer momento pode dar uma parada cardíaca; ele estava com 189 batimentos por minuto. A gente rezava, muita gente rezava, e bota muita gente nisso!
Eu e a Fernanda rezávamos com a imposição das mãos sobre ele e pedíamos a Deus pela vida dele, rezava pelo anjo, e pedia a intercessão de Santa Gianna para Timotio e os médicos.
Durante dias, eu dormia até à meia noite e depois o sono não vinha, então eu rezava o Terço, para que ele tivesse força, eu terminava um e começava o outro até amanhecer!

Fiz uma promessa, um compromisso, que eu ia carregar uma cruz acima de dois metros, do hospital até em casa (no Córrego das Flores); numa noite em que eu rezava o terço, confirmei a promessa, fui até à matriz de São Pedro, coloquei as mãos no altar e reafirmei o meu compromisso.
Minha fala com Deus foi que carregarei uma cruz acima de 2 metros, através dela testemunhando-Te.
Estou feliz por Deus dar a graça do pedido de muitas pessoas que intercederam através de suas Orações e Devoções Marianas e Santos de devoções, intenções e Orações nas Missas e Cultos. Deus ouviu”.
[Santa Gianna Beretta Molla foi uma médica italiana casada e mãe de quatro filhos, considerada a santa protetora dos filhos].
A caminhada
Como ele disse, Deus ouviu e a promessa foi cumprida! A caminhada começou na manhã do dia 8 de dezembro (dia da Imaculada Conceição e dia da conclusão do ano dedicado a São José).
Foram seis dias percorrendo os 155 quilômetros de Colatina ao Córrego das Flores. Ele não fez a jornada sozinho. Amigos juntaram-se a ele e à esposa. Eles residem no Córrego das Flores (no interior de Nova Venécia), mas fazem parte da Comunidade de São João Batista, que é da Paróquia de Vila Pavão.
Os caminhantes foram: o pai Charles e a mãe Fernanda (que fez parte do trajeto); o irmão de Charles, Apolo Pereira Seberino de Morais e os amigos Raimunda de Barros Freisleber (a Dinha), Adélia Schneider Magalhães, Gilvanio Santos, José Augusto de Moraes da Cunha e Harlen Paulo Pereira.
Durante o percurso fizeram paradas para alimentação e dormir. A primeira pausa foi na Ponte do Rio Pancas, entre Colatina e São Domingos do Norte, onde fizeram o segundo intervalo; depois, São Gabriel da Palha e, por fim, Nova Venécia. A chegada foi, conforme o prometido: na sua casa.

Eles relatam que não sentiram cansaço e se surpreenderam com o acolhimento das pessoas por onde passaram, pois quem crê presenciou um testemunho.
“Você precisa ver como foi emocionante para a gente que caminhou esses dias todos. As pessoas no caminho nos paravam, tiravam fotos, choravam junto com a gente. Foi muito emocionante”, disse a Dinha.
O grupo festejou a chegada com orações! E, agora, convidados pelo padre, no próximo domingo todos vão participar de uma missa em Vila Pavão.
Charles deu um testemunho de fé em Deus! Já o pequeno Timotio terá uma bela história para contar aos seus netos.
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