O mês de outubro é reconhecido mundialmente como o mês em que mulheres e homens são convocados a discutir a importância da prevenção da saúde da mulher. O foco é o câncer de mama. Dentro deste tema, diante da complexidade que é a fisiologia feminina, fomos além e apresentamos diversos especialistas na área. O Jornal Correio9 fez uma incursão no universo da saúde da mulher.
Além dos especialistas em áreas variadas, foram entrevistadas mulheres que passaram ou estão passando por este problema. A estreia foi com a Rosane Teixeira Lage, depois Eglieni Trevezani e, por último, Janaína Sarmento Malta Baldo. Elas se dispuseram a expor suas histórias de enfrentamento e de relação com a doença.
Ao contrário do que poderíamos esperar, não encontramos drama, mas mulheres imbuídas de força e coragem extraordinárias. Elas encararam o câncer sem medo, todas levaram um “baque”, quando descobriram a moléstia, no entanto, para todas o choque passou rápido e elas enfrentaram com determinação, sem pensar que era o fim. O resultado foi contado nas páginas dos quatro suplementos anteriores e servem de exemplo para todas as mulheres.
Hoje, Eglieni está curada, enquanto Rosane e Janaína estão na fase final de seus tratamentos – muito bem-sucedidos até aqui.
O projeto “Outubro Rosa, Essa Causa Também é Nossa”, envolveu toda a equipe do Correio9, mas contou, também com vários parceiros, também, conscientes e preocupados com o tema. Agradecemos a todos aos especialistas consultados, aos anunciantes e a estas mulheres.
Esta é a quinta e última edição temática. No entanto, como sempre, problemas relacionados às mulheres serão assunto cotidiano nas páginas deste diário.
Ginecologista e obstetra Brunella Grillo fala sobre a saúde da mulher
DIFERENTE do masculino, corpo feminino sofre processos de transformação durante toda a vida.
Elias de Lemos (Correio9)

Com um funcionamento complexo, constantemente afetado por mudanças hormonais, alterações internas e ações externas, a saúde da mulher exige atenção contínua e deve ser acompanhada de perto por um (a) ginecologista.
No encerramento desta série de reportagens publicadas no mês de outubro, sobre câncer de mama, o Correio9 ouviu a médica ginecologista e obstetra Dra. Brunella Cesconetto Grillo. Especializada em endocrinologia ginecológica, ela atua no conjunto geral da saúde da mulher. Atende na Clínica São Camilo, em Nova Venécia, na Maternidade de São Mateus e na Unidade Mista de Internação de Jaguaré.
Brunella define a atuação da ginecologia como a “medicina da saúde integral da mulher”. E explica: “O cuidado com a saúde da mulher deve ser feito durante toda a vida. A ginecologista também é uma direcionadora para outras especialidades, porque ela acompanha sua paciente com regularidade”.
Segundo a médica, nem todas as mulheres se atêm para a necessidade de acompanhamento regular, o que é importante devido à complexidade da fisiologia feminina. No entanto, ela ressalta que a mulher deve se tocar e ao notar qualquer mudança em seu corpo, deve procurar um consultório ginecológico.
Primeira consulta
A primeira consulta ginecológica é realizada normalmente nas meninas entre 11 e 14 anos, antes ou logo após a chegada da primeira menstruação. Mas, a ginecologista aconselha iniciar o acompanhamento aos 8 ou 9 anos, quando a formação genital começa a sofrer alterações.
A primeira consulta deve ser feita com acompanhamento dos pais, quando a menina passa pelas mudanças naturais do início da puberdade. Mas ela alerta para a questão da higiene, pois muitas meninas têm problemas devido a má-higienização genital. “A higiene tem de ser ensinada desde a infância a fim de evitar problemas decorrentes disso, o mais comum são as vulvovaginites, que são inflamações na vulva e na vagina”, explicou.
Acompanhamento por toda a vida
Há também os tabus, informações mal interpretadas e incorretas que devem ser esclarecidas sobre a saúde da mulher como o uso de métodos contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis.
A médica alerta para a incidência de casos de H.P.V. entre mulheres jovens. O H.P.V. é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo, com 6 milhões de infectados anualmente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 630 milhões de homens e mulheres infectados por esse vírus no mundo. Geralmente associado às mulheres, este problema atinge cerca de 50% dos homens com vida sexual ativa, segundo a OMS.
“É uma doença que atinge mulheres e homens de todas as classes sociais. Ao se contrair o vírus, não existe cura e sim controle da doença, por isso a importância da vacinação antes do início da vida sexual”, recomenda a médica.
Além disso, existem doenças comuns às mulheres como a candidíase e o câncer de endométrio. Dada a variedade de moléstias, ela esclarece que: “O cuidado com a saúde da mulher deve ser feito durante toda a vida juntamente com os exames preventivos como o ultrassom pélvico, a mamografia e o papanicolau”.
Há uma grande variedade de exames relacionados à saúde da mulher, que são divididos em exames de consultório e os ambulatoriais. Abaixo, seguem alguns exemplos de como um(a) ginecologista pode ajudar as mulheres.
Exames no Consultório
São fundamentais para a prevenção de doenças e cuidado da saúde sexual e reprodutiva da mulher. A consulta ginecológica deve ser realizada uma vez ao ano, no mínimo.
Os exames que podem ser realizados no consultório ginecológico são:
Toque Vaginal:
Realizado para analisar principalmente a vagina, o colo e o corpo do útero. Examina-se o útero, as trompas e os ovários. É fundamental para o diagnóstico de endometriose e da doença inflamatória pélvica. Mulheres virgens não podem realizar esse exame.
Exame especular:
Avaliar a cor e aspecto da vagina e do colo do útero (se há lesões, inflamações); presença de corrimento; e presença de hemorragias.
Exame clínico das mamas:
Realizado para examinar as mamas, a fim de encontrar sinais e sintomas de doenças.
Papanicolau:
Através do material colhido no Papanicolau, é possível analisar células da vagina para detectar inflamações, displasias e doenças como HPV e o câncer de colo do útero.
Colposcopia:
Permite visualizar a vagina e o colo do útero por meio de um aparelho chamado colposcópio. Esse aparelho permite o aumento da visualização de 10 a 40 vezes o tamanho normal. É realizado fora do período menstrual.
Vulvocospia:
É realizada com o colposcópio, por meio do qual é examinada a vulva. Durante esse exame, são usados produtos químicos e corantes para realçar as áreas que serão examinadas. É indicada para mulheres que apresentam resultado anormal no Papanicolau ou para aquelas em que foram notadas alterações como vaginite e vulvovaginite.
Exames de Laboratório
São complementares aos exames ginecológicos de rotina, realizados em laboratórios ou clínicas especializadas. São solicitados pelos médicos para possibilitar ou confirmar o diagnóstico de uma doença.
Há vários tipos de exames laboratoriais: de sangue (hemograma), de urina, mamografia, entre outros.
Os principais exames requeridos pelos médicos ginecologistas são:
Mamografia:
É o método mais recomendado para o diagnóstico precoce do câncer de mama. De alta sensibilidade, pode mostrar o câncer muito antes deste ser palpável.
Laparoscopia:
É um procedimento diagnóstico e terapêutico, que possibilita o exame e a realização de cirurgias através de pequenas cânulas de metal que são inseridas no abdômen. Atualmente, a visualização interna acontece por intermédio de câmeras de vídeo miniaturizadas, a chamada videolaparoscopia. Ambos os procedimentos precisam de anestesia geral e internação hospitalar. É indicada, principalmente, para o diagnóstico e tratamento da endometriose e infertilidade.
Densitometria Óssea:
Por meio de raios-X, propõe medir a densidade mineral no segmento ósseo, avaliando-a de acordo com os padrões de idade e sexo. É o principal elemento de diagnóstico da osteoporose.
Ressonância Nuclear Magnética (RM):
Esse exame consiste em colocar a pessoa em um campo magnético, a fim de realizar exames de imagem de alta complexidade, mostrando detalhes não vistos nos exames de radiologia geral.
Ressonância Nuclear Magnética de Mama (RM):
É a RM realizada para analisar a mama através de campo magnético intenso, ou seja, sem radiação como no caso da mamografia. Não substitui a mamografia e o exame clínico da mama.
Ultrassonografia Endovaginal, Ginecológica e Obstétrica:
O exame de ultrassonografia é totalmente indolor e não ocasiona nenhum incômodo. Consiste em fazer deslizar sobre a pele um pequeno aparelho chamado transdutor, que emite ondas sonoras de alta frequência (dois milhões a 20 milhões de hertz), inaudíveis pelo ouvido humano, que são captadas de volta sob a forma de eco.
Ultrassom da Mama:
É um método de imagem que permite avaliar a glândula mamária e detectar lesões (nódulos, por exemplo). Pode indicar se o nódulo é benigno ou maligno.
Ultrassonografia para diagnóstico de Endometriose:
O ultrassom especializado para diagnosticar a Endometriose. Detecta problemas no ovário e suas sequelas, que podem afetar bexiga, ligamento, intestino, entre outros. Quando há o diagnóstico da Endometriose, o resultado auxilia o médico em uma futura cirurgia.
Fisioterapia é fundamental na recuperação pós-mastectomia

O câncer de mama é o tipo de câncer com maior incidência na população feminina do País. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que serão 59,7 mil novos casos somente neste ano. A maneira como a pessoa será tratada dependerá de cada caso. É preciso que o médico avalie todos os exames para então prescrever o plano terapêutico.
A mastectomia é uma das opções de tratamento mais usadas. É um procedimento cirúrgico para a remoção de uma ou ambas as mamas. Podendo ser parcial, quando apenas uma parte do tecido é removida, total, quando a mama é retirada por completo ou, até, radical, quando, além da mama, são retirados músculos e tecidos próximos que podem ter sido afetados pelo tumor. Além disso, a mastectomia também pode ser preventiva, para diminuir o risco da mulher desenvolver o câncer de mama.
O período pós-operatório é muito importante para o paciente, e a fisioterapia é essencial na recuperação. Segundo a responsável pela “Exercite Clínica de Fisioterapia e Reabilitação”, a fisioterapeuta Uiara Machado de Mello, de 31 anos, é preciso dar atenção ao lado do corpo no qual foi feita a retirada total ou parcial da mama.
A maioria das pessoas que passa por uma cirurgia apresenta dificuldades na realização de atividades diárias, até mesmo nas coisas mais simples, como pentear os cabelos, vestir roupas, entre muitas outras. A gente busca reduzir as dores e melhorar o movimento desta paciente, através da reabilitação funcional pós-mastectomia, que favorece uma recuperação de até 100% no membro afetado”.
Diversos procedimentos são realizados na Exercite para recuperar os movimentos das pessoas afetadas pela cirurgia. Inicialmente os pacientes são instruídos a realizarem movimentos mais leves, e depois, progressivamente vão sendo aplicados exercícios mais específicos que auxiliam no ganho do movimento do membro. “As áreas mais afetadas pelas dores é a do ombro e da cervical – região da coluna vertebral de maior mobilidade, e por isso, está mais suscetível a maior risco de desordens funcionais. Para aliviar essas dores, nós realizamos uma série de alongamentos, além da mobilização articular, que, como o nome sugere, aumenta a mobilidade da articulação”.
Segundo Uiara, é comum que surjam inchaços na região que foi realizada a cirurgia, principalmente nos braços, e, a drenagem linfática manual é uma alternativa para reduzir os efeitos indesejados da cirurgia. Além de todos os procedimentos que a clínica oferece, os pacientes também recebem orientações para realizar exercícios que melhorem a mobilidade em suas casas.
A fisioterapeuta diz que o acompanhamento de um profissional é fundamental na recuperação. “O nosso trabalho é esse, de recuperar, de reabilitar essa paciente, para que ela possa ter maior qualidade de vida possível. Retornar suas atividades normais. Mas a procura não é tão grande por falta de informação, pelo conhecimento do tratamento. É possível realizar todo esse protocolo de atendimento para melhorar e dar maior motivação para que a pessoa possa ficar sem dores e ter um ganho na qualidade de vida”.
Médica Brunella Grillo fala de mitos e verdades sobre a menopausa
PARA tirar dúvidas comuns de mulheres a respeito desse assunto, o Correio9 traz respostas a alguns desses questionamentos.
A menopausa corresponde ao período posterior ao último ciclo menstrual da mulher, somente reconhecida depois de passados 12 meses de sua ocorrência. Ao falar dos sintomas da menopausa, algumas pessoas podem encará-la como um problema de saúde. Mas a ginecologista e obstetra Brunella Cesconetto Grillo, esclarece que, na verdade, menopausa não é doença e também não precisa ser encarada com sofrimento.
A menopausa define o período que se inicia após a última menstruação da mulher, mas o que vem antes dela é o famoso climatério. É importante assegurar que, apesar de algumas vezes apresentar dificuldades, o climatério é um período importante e inevitável na vida, portanto, deve ser encarado como um processo natural, e não como doença.
Para tirar dúvidas comuns de mulheres a respeito desse assunto, o Correio9 traz respostas a alguns desses questionamentos.
A mulher sente mais calor – Verdade
Os calores ou “ondas de calor” constituem o sintoma mais comum nas mulheres, podendo ocorrer em qualquer fase da menopausa/ climatério. Manifestam-se como sensação passageira súbita e intensa de calor na pele, principalmente do tronco, pescoço e face que pode apresentar aumento da circulação de sangue, acompanhada na maioria das vezes de suor.
O único tratamento possível é a reposição hormonal –Mito
A reposição hormonal só é necessária quando a queda na produção de estrogênio possa causar alguma doença mais grave. Esta avaliação deve ser feita por profissional de saúde, e não é indicada a auto medicação. Existem públicos que não tem indicação de fazer a reposição de hormônios, como por exemplo: quem tem obesidade, pressão alta, diabetes ou predisposição para câncer de mama. Existem outros tratamentos que amenizam os sintomas, como os fitoterápicos. Esses tratamentos naturais envolvem também alimentação e atividade física, eles ajudam a aliviar os sintomas da menopausa. O uso indevido e desnecessário de hormônios para reposição hormonal pode causar danos para a saúde.
A menopausa só chega depois dos 50 anos – Mito
Para a maioria sim, ela chega por volta dos 50 anos. No entanto, em algumas mulheres, essa fase pode chegar até mesmo aos 30 anos, na conhecida menopausa precoce. Porém, a partir dos 45 anos, ela é considerada normal.
A mulher fica mais suscetível a algumas doenças – Verdade
A queda nos hormônios pode gerar um risco aumentado de osteoporose e doenças cardiovasculares, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto e hipertensão. Para evitar esses problemas, é importantíssimo manter a saúde em dia, manter hábitos saudáveis e manter acompanhamento de saúde.
Problemas como insônia, depressão e ansiedade são comuns nessa fase – Verdade
A sobrecarga física e mental que afeta negativamente o processo saúde-doença. Nesse caso, a sobrecarga pode expressar-se como cansaço, fadiga, depressão, ansiedade e diminuição do desejo sexual.
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