Bruno Gaburro (Correio9)

No dia 29 de maio comemora-se o Dia do Geógrafo. No Brasil, a profissão foi regulamentada pela lei 6.654 de 26 de junho de 1979, um ano após o lançamento do livro de um dos mais importantes geógrafos brasileiros, Milton Santos. A obra foi intitulada como: “Por uma Geografia Nova”, e despertava a importância da realização de estudos direcionados às relações sociais e seus problemas.
O profissional formado em Geografia é responsável por estudar, analisar e compreender a lógica de produção e transformação do espaço humanizado, bem como a relação desse com o meio natural. Assim, a pertinência do geógrafo é a abordagem da interação entre natureza e sociedade.
Porém, aqueles que desejam seguir carreira nessa área, poderão atuar de duas maneiras distintas. O profissional pode ser um bacharel em Geografia e trabalhar com todas as possibilidades que são regulamentadas pela Lei 6.654. Como também pode atuar como licenciados em Geografia, ministrando aulas da disciplina escolar de Geografia no ensino fundamental, médio e superior.
O CURSO
Em Nova Venécia, o Instituto Federal do Espírito Santo conta com o curso de Licenciatura em Geografia, que teve início no ano de 2015. No ano de 2017, quando a primeira turma completou metade da carga horária do curso, obteve a nota 4 na avaliação de reconhecimento feita pelo Ministério da Educação (MEC), numa escala de 1 a 5.
O curso de Licenciatura em Geografia ofertado pelo campus Nova Venécia destina-se a formação de profissionais licenciados em Geografia com uma visão articulada aos problemas sociopolíticos, econômicos e culturais, possibilitando aos egressos atuar em diversos campos relacionados com a área, tanto no ensino, como na pesquisa, promovendo o desenvolvimento humano sustentável, voltado para a melhoria da qualidade de vida, por meio da geração e utilização de conhecimentos e tecnologias.
A formação é oferecida na modalidade presencial, no turno noturno, com duração de quatro anos. São 40 vagas anuais, ofertadas por meio do Sisu, tendo ingresso no primeiro semestre de cada ano.
O curso oferece aos estudantes a oportunidade de participarem de dois grupos de pesquisa vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). O Grupo de pesquisa nomeado como “Educação e Cidadania”, sendo coordenado pelos professores Júlio dos Santos e Carolina Barbosa, se desmembra em um projeto de pesquisa nomeado “Currículos, Saberes e Experiências: Metodologias do Laboratório de Práticas de Ensino em Geografia”, e um projeto de extensão com o nome “Atendimento às Demandas Formativas na Educação Básica”.
As ações dos projetos estão enlaçadas às práticas do Laboratório de Práticas de Ensino em Geografia (LAPEG) “Mizael Fernandes de Oliveiras”, e incluem oficinas pedagógicas com os educadores do município, contemplando roteiros temáticos (astronomia, clima, cultura e história da África, relevo e formação da Terra e outros) na qual os estudantes das redes municipais e estaduais participam, sendo guiados pelos estudantes do curso de Geografia.
O outro grupo de pesquisa é chamado de “Grupo de Estudos, Avaliação e Gestão Ambiental” que inclui ações de pesquisa na área ambiental. Possibilitando ao licenciando atuar junto às secretarias de Planejamento, Meio Ambiente, entre outras. Mesmo que o enfoque do curso seja na formação de profissionais que atuarão na educação básica, os geógrafos em formação podem auxiliar no trabalho dessas secretarias, pois durante o curso, os alunos são envolvidos com assuntos desta natureza.
Os alunos também têm a oportunidade de participar de programas vinculados à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Programa de Residência Pedagógica e o Programa de Iniciação à Docência. São cerca de 50 bolsistas executando pesquisas e o aprimoramento das práticas e metodologias de ensino nas escolas municipais e estaduais, em uma relação entre os professores da rede pública, do Ifes, e estudantes da Licenciatura em Geografia.
Segundo a professora efetiva do Ifes, Amanda de Fátima Martin Catarucci, de 36 anos, mestre pelo programa de pós-graduação em Geografia Física da USP, bacharela e licenciada em Geografia pela USP, o futuro do curso será de ampliação do diálogo com as escolas da região, incluindo escolas do campo e de assentamentos, favorecendo experiências mais diversificadas ao licenciando, além do crescimento vertical do curso, já que atualmente já existe uma pós-graduação que trabalha com o ensino da educação básica. Posteriormente, é possível que o Ifes seja contemplado com um curso de mestrado na área.
Porém, Amanda faz um alerta: “se esses cortes, que estão sendo chamados de contingenciamento forem realmente concretizados, todos esses projetos desenvolvidos no campus Nova Venécia estão ameaçados. Tudo isso que o curso oferece tem um papel importantíssimo para a cidade, tanto nas pesquisas que contribuem para uma Educação de maior qualidade na rede pública de ensino, quanto na participação de políticas sociais, e também na economia e no desenvolvimento regional, já que sem essas bolsas, muitos alunos ficam incapacitados de dar continuidade ao curso, o que acaba impactando diretamente a economia”, salienta.
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