
Neste domingo (16) por volta das 16 horas, populares informaram para a Polícia de que havia um corpo boiando no Rio Cricaré, na altura da Rodovia Miguel Curry Carneiro, na Curva do Curtume, na saída de Nova Venécia para São Mateus.
Segundo uma testemunha, que visualizou o corpo do quintal de sua residência, o cadáver estava boiando no meio do rio; então, com a ajuda de amigos que se encontravam em sua casa, foi utilizado um bote, e eles conseguiram buscar o cadáver e trazê-lo às margens do rio.
O corpo era de um jovem, identificado como Gabriel de Souza Araújo, de 21 anos, ex-estudante do IFES.
O local foi isolado e a perícia da Polícia Civil foi acionada. De acordo com os peritos, após analisarem o corpo, foram constatados sinais de violência (pancada na cabeça).
Junto ao corpo foram encontrados um celular de marca Xiaomi e R$ 17,00 reais em espécie.
Todo o material encontrado foi recolhido pela equipe da Perícia Civil. O corpo foi encaminhado para o SML de Colatina para o exame cadavérico e depois foi liberado para a família.
O corpo do jovem está sendo velado na Capela Mortuária de Nova Venécia e o sepultamento será nesta terça-feira (18).
O caso ainda está cercado de mistérios e ainda não se pode afirmar o que realmente aconteceu. Familiares acreditam em assassinato.
A Polícia Civil vai investigar o caso.
Gabriel também era membro do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e a entidade emitiu uma nota nesta segunda-feira onde também acredita que o jovem foi morto e pede justiça. Veja na íntegra abaixo:
JUSTIÇA POR GABRIEL ARAÚJO: NENHUM MINUTO DE SILÊNCIO
É com muita tristeza e indignação que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Espírito Santo denuncia a suspeita de assassinato de Gabriel de Souza Araújo, que foi acampado no acampamento Ondina Dias, em Nova Venécia (ES).
Seu corpo foi encontrado boiando no rio Cricaré neste último domingo (16/01) apresentando sinais de violência, incluindo uma pancada na cabeça, apontando indícios que ele é mais uma vítima de crime de ódio, da LGBTfobia, por ser gay assumido.
Gabriel tinha 21 anos, era um jovem prestativo, solidário, estudioso e tinha o sonho de fazer a graduação em biologia.
Durante o período que esteve acampado, contribuiu na organização da juventude, sendo um dos organizadores de uma biblioteca para proporcionar que os acampados e acampadas tivessem acesso ao conhecimento. Foi educando da 2ª Turma do Curso de Formação de Formadores em Agroecologia organizado pelo MST.
Muito estudioso, trazia reflexões a partir das leituras e de sua realidade. Tinha planos de construir com os companheiros e companheiras um banco de sementes crioulas na região e, a partir disso, contribuir para o resgate de saberes ancestrais relacionados a produção de alimentos no campo.
Ele tinha a voz e a atuação potente, que aglutinava ideias e anseios de um país com Reforma Agrária e Justiça Social, onde pudesse viver e amar sem medo. Trazia em seu corpo negro a afirmação da luta contra o racismo, machismo e a LGBTIfobia.
Neste momento de dor, o MST/ES estende a solidariedade à família, amigos e exige que os órgãos competentes realizem as investigações e puna os culpados por este crime de ódio.
Gabriel segue presente na juventude e na luta do povo Sem Terra. Por Gabriel e contra a LGBTIfobia: nenhum minuto de silêncio.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Espírito Santo.
17 de janeiro de 2022
OBS: MATÉRIA ATUALIZADA PARA ACRÉSCIMO DE INFORMAÇÕES.
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