
Elias de Lemos (Correio9)
Um vídeo repulsivo viralizou nas redes sociais no início desta semana. E, mais uma vez, a gravação é de uma aula da AlfaCon, curso preparatório para concursos públicos de agentes de segurança. Nele, o seu fundador, o ex-policial militar Evandro Guedes exalta e defende um crime bizarro: a violação do cadáver de uma mulher, ou necrofilia.
A necrofilia é crime previsto no artigo 212 do Código Penal Brasileiro. Trata-se de um dos crimes mais rejeitados pela sociedade porque a maioria das pessoas não entende como alguém pode sentir atração sexual por cadáveres.
Como exemplo, ele usou as assistentes de palco do programa Pânico e afirmou: “Meu irmão, com aquele rabão. E ela infartou de tanto tomar bomba, na porta do necrotério. Duas da manhã, não tem ninguém, quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime”.
Com muita naturalidade, ele foi além ensinando a usar um secador de cabelo para esquentar o corpo (quando) frio antes de se satisfazer, afirmando que esse seria “o dia mais feliz da sua vida, irmão”. Em seguida, diz que a pena pelo crime é pequena, valendo responder por ela. Sim leitor, o ex-policial disse isso!
Após a repercussão negativa, Evandro recorreu à tática comum ao bolsonarismo radical: atribuiu à “interpretação da esquerda”. O que não é novidade na ultradireita, cuja prática comum é a terceirização das responsabilidades sobre suas próprias ações e declarações diante da possibilidade de punição.
Esta não é a primeira vez que o “cursinho” se envolve em apologia à prática de crimes na formação de agentes de segurança. Outro caso causou repercussão após a morte de Genivaldo de Jesus Santos, colocado em uma câmara de gás por policiais rodoviários federais no estado de Sergipe, em maio de 2022.
Em um vídeo, um professor do AlfaCon explica aos alunos, que se preparam para se tornarem policiais, como ele produziu uma câmara de gás semelhante à que sacrificou Genivaldo. Em outros, Ele defende a tortura.
Diante da repercussão negativa, Evandro tentou se justificar, mas, só piorou a situação. Ele disse, entre outros absurdos, que se a pessoa está morta, “não é uma mulher”.
Além do mais, circula na internet um vídeo de Evandro com sua filha no qual ele aparece fazendo piadas sexistas. Ele pergunta à filha o que ela acha ao vê-lo sem camisa. E pasmem: “O que você acha ao ver o pai de cueca?”, isso é pergunta que um pai faz a uma filha? Em seguida ele pede à filha para comparar o físico dele com o do namorado dela.
Evandro Guedes é assim, desse nível para baixo!
Em 2019 ele arremessou um apagador em um aluno porque estava usando o celular na sala de aula. Humilhou o rapaz com palavras impublicáveis, foi processado e debochou.
Em 2020, o dono da AlfaCon chocou internautas ao contar um caso que teria ocorrido quando ele ainda era policial militar no Rio de Janeiro. O relato é dele é de palavras de baixo calão e racismo genuíno: “O desgraçado do favelado. É isso mesmo, feio para c@r@lho, mijou na latinha de Coca-Cola e mandou, num calor desgr@aç@do 4 e meia da tarde num domingo. Aquela porr@ bateu nas minhas costas e, até hoje, eu tenho uma raiva… E a latinha subiu e o xixi veio, chegou a entrar no meu nariz, fiquei todo mijado. Porr@, mijo de favelado, a porr@ dos favelados, a crioulada, todo mundo rindo. O capitão mandou bater em todo mundo. Foi o primeiro ato de execução de maldade e crueldade que eu fiz, put@ que pariu. Ali eu descobri que eu gosto de bater nas pessoas e ponto. É uma coisa que eu gosto de fazer, e tive que me controlar por anos para não dar merda”, disse ele.
Evandro Guedes é assim, desse nível para baixo!
Amigo íntimo da família Bolsonaro, ele já apareceu em fotos e vídeos ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e já teve o seu curso de tortura divulgado pelo próprio ex-presidente.
Verifica-se, neste caso, a ausência de regulamentação de cursos preparatórios e a necessidade de resolução por parte do Estado brasileiro. O que não é tolerável é que tais cursinhos sirvam para ensinar policiais a serem bandidos.
Ultradireitista, ele se veste de verde e amarelo e exalta os valores do gado: “Deus, Pátria Família”. Quanta hipocrisia!
Evandro Guedes é assim, desse nível para baixo!
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
OS TEXTOS ASSINADOS NÃO REFLETEM, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO CORREIO9
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