Elias de Lemos (Correio9)
O trabalho das polícias e os bombeiros são como os seguros que pagamos; são necessários, porém, gostaríamos de não precisar recorrer a nenhum dos dois. Afinal, onde tem polícia e bombeiro, tem “encrenca”; se não for uma grande “encrenca” é, pelo menos, algum problema. E em Nova Venécia, as encrencas só aumentam a cada dia!
Roubos, furtos, arrombamentos, assaltos, crimes contra a vida, violência doméstica… São muitas as situações que demandam o trabalho das polícias Militar e Civil, no município. São circunstâncias que exigem destemor e afeição ao risco.
Os bombeiros, também, enfrentam um pouco de tudo; a maior parte de suas atuações tem sido no socorro a acidentes de moto; mas, não é só isso. Tem pessoas com surtos psicóticos, as que sofrem quedas da própria altura, com esquizofrenia, acidentes automobilísticos e de trabalho… Lembrando, também, dos infernais incêndios que se tornaram cotidianos na ação dos “heróis do fogo”.
Tanto as polícias quanto os bombeiros têm sido, cada vez mais, desafiados em Nova Venécia. As polícias enfrentam uma criminalidade em expansão em tempos de crise, enquanto os bombeiros têm virado noites no combate a incêndios em vegetação.
Em menos de uma semana, a Polícia Militar foi recebida à bala em dois pontos diferentes da cidade. Foram dois tiroteios no Bairro Altoé, que resultaram na prisão de um traficante, e uma troca de tiros com bandidos que roubaram uma caminhonete em São Gabriel da Palha e foram interceptados pela Força Tática, no Centro de Nova Venécia. Os dois marginais foram presos, sendo que um deles foi baleado na perna.
Uma semana antes, houve uma perseguição “cinematográfica” a um motoqueiro, no Bairro Rúbia. Com a ajuda de comparsas, o perseguido conseguiu escapar.
Além do labor humano, graças ao trabalho da cadela Jade, as apreensões de drogas, armas e dinheiro do tráfico, têm sido cada vez mais frequentes e maiores. Jade é infalível! Com seu faro apurado, não adianta esconder nada dela!
Já a Polícia Civil tem se defrontado com situações em que encontrar um norte para conduzir investigações são verdadeiros quebra-cabeças. Crimes planejados sem deixar rastros e a infinidade de roubos em vias públicas agitam o dia a dia na Delegacia de Nova Venécia. Muitas investigações começam no ponto zero até desvendar crimes que pareciam insolúveis. No entanto, quando os demandantes passam todas as informações à polícia, facilita muito.
Já os dias dos bombeiros têm sido “fogo”, no sentido literal da palavra! Às vezes (e são frequentes), eles estão em uma ocorrência e são chamados para outra. Na semana passada, estavam combatendo um fogaréu próximo ao Bairro Aeroporto, quando foram chamados para apagar as chamas que incendiavam próximo ao 2º Batalhão. No outro dia, combatiam em São Gabriel da Palha, quando foram convocados para socorrer onde queimava em Boa Esperança.
Quando se vê aumentos dessas ocorrências, especialmente, em relação ao trabalho policial, parece que falta ação. No entanto, é importante lembrar de que essas corporações têm um papel apaziguador, de resolução de problemas que não foram criados por elas, mas, dentro da sociedade.
As três instituições têm se esmerado no cumprimento de seus deveres, mas as demandas são cada vez maiores.
Neste sentido, é preciso haver a colaboração de toda a população. É inadmissível, por exemplo, que numa ação, como a perseguição que ocorreu no Rúbia, alguém veja o meliante se escondendo e não avise a polícia. Não precisa se identificar!
O mesmo ocorre com a incidência de incêndios. Nem sempre o fogo surge sozinho, mas, provocado pela ação humana; por pessoas irresponsáveis, sem consciência da gravidade disso para o meio ambiente e para a saúde humana, que padece com a fumaça e a fuligem liberadas pelas queimadas.
Observando as demandas por esse tripé da segurança pública: Polícia Civil, Militar e Bombeiros, percebe-se que a população não tem contribuído a contento. A Civil precisa de ajuda com informações que podem ser fornecidas por testemunhas dos acontecimentos. A Militar, também. Aliás, boa parte das apreensões de drogas resultam de denúncias pelo 190.
Já os bombeiros podem ser ajudados, se as pessoas se ajudarem também. Incêndios podem ser evitados pela responsabilidade da população. Enquanto acidentes de motocicletas podem ser reduzidos pela prudência dos condutores (que se sentem autoconfiantes demais) que fazem ultrapassagens proibidas ou perigosas, andam acima da velocidade, embriagados e não dão a mínima para o perigo dos cruzamentos.
Segurança pública é um dever de todos, cuja preservação depende da consciência, da ação e do querer de toda a sociedade em um esforço conjunto.
As três forças (Civil, PM e Bombeiros) são um apoio para a sociedade; não o começo, o meio e o fim das tragédias do cotidiano. Suas ações se tornam mais eficazes se contarem com a parceria da população civil.
Em dois grupos de WhatsApp, nós, da imprensa veneciana e de toda a região, acompanhamos, em tempo real, as rotinas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Somos informados sobre cada ocorrência, e isso se dá, muitas vezes, quando o trabalho, ainda, está em andamento ou nem começou. É por isso que, frequentemente, você encontra no final de alguma reportagem a inscrição: “mais informações a qualquer momento”, porque só podemos concluir o nosso trabalho depois que eles terminarem o deles.
O grupo “Comunicações 2º Batalhão” é administrado pela soldada Amábile Barbosa Mota e conta com 49 membros da imprensa regional, no qual todas as demandas são prontamente atendidas. Não há sonegação de informações!
Já o grupo “CBMES NV-Imprensa”, soma 34 jornalistas e é administrado pelo tenente BM Cássio Lucas da Mata, comandante da 2ªCia/2ºBBM, e pelo subcomandante, tenente Davi Pedroza e tem a mesma dinâmica de fornecimento de informações.
São através desses dois grupos que a imprensa faz a cobertura do trabalho dessas corporações que atuam 24 horas, ininterruptamente.
Vale ressaltar que não há grupo da Polícia Civil, por causa da natureza do trabalho. Investigações conduzidas pela PC exigem sigilo, para não atrapalhar os inquéritos. Assim, as informações não podem ser repassadas em tempo real, como acontece com a PM e com os bombeiros, mas, apenas no final, quando já foram concluídas.
Por fim, se por um lado a criminalidade e as tragédias parecem não ter limite, por outro, há homens e mulheres que se arriscam com coragem e determinação no cumprimento do dever que assumiram: servir à sociedade.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
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