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Elias de Lemos (Correio9)
Nesta quinta-feira (20 de janeiro) completou um mês do segundo mandato de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos (EUA). E, como era esperado, está realizando, desde o primeiro dia, um governo desastroso para o mundo.
Trump disse que anexaria o Canadá, a Groenlândia, tomaria o Golfo do México e o Canal do Panamá. Abriu guerra contra imigrantes e está fazendo a maior deportação da história americana.
Ele retirou os EUA do Acordo de Paris para mudanças climáticas e abandonou a OMS (Organização Mundial de Saúde). Assim como prometeu perfurar cada vez mais em busca de petróleo.
Desde que retornou à Casa Branca, o presidente lidera uma ofensiva reacionária sem precedentes na história americana.
Trump segue à risca os planos do “Projeto 2025”, um texto de 900 páginas sob a responsabilidade da ultraconservadora Heritage Fundation.
O primeiro mês do republicano embaralhou as cartas da geopolítica. Ele chocou o mundo com a proposta de fazer da Faixa de Gaza uma Riviera Francesa e deportar a população local para outros países da região.
Contrariando tudo que os EUA sempre defenderam: o livre comércio; outro conflito engendrado, nesse primeiro mês do segundo mandato de Trump, é a guerra comercial contra o mundo. Após anunciar um aumento de 25% nas tarifas sobre importações de aço e alumínio, agora, o republicano ataca os setores automotivo, de semicondutores e farmacêutico. A escalada protecionista não tem paralelo na história americana.
Vários países planejam medidas para responder aos anúncios de Trump. O Japão afirmou que vai examinar os detalhes das medidas do governo americano sobre as importações de automóveis japoneses para reagir à altura.
Para a Malásia, com o aumento das tarifas os EUA dão um “tiro no próprio pé”. As empresas de semicondutores que atuam no país são, a maioria, americanas.
O presidente Lula também declarou que o Brasil vai responder na mesma medida. Trump não se importa com aliados, como a Argentina, que exporta 60% da sua produção de aço para os EUA.
Outra guerra em curso é a crescente tensão com a China. O ministro das relações exteriores do país, Qin Gang, acusou o governo americano pelo agravamento da crise entre os dois países. Em uma entrevista, ele fez alertas sobre um possível confronto.
“Se os Estados Unidos não frearem, mas continuarem a acelerar pelo caminho errado, nenhuma quantidade de barreira pode impedir o descarrilamento, e certamente haverá conflito e confronto. Quem vai arcar com as consequências catastróficas?”, disse o ministro chinês.
A tensão com a China está longe do fim. Ela envolve desentendimentos sobre a província de Taiwan; a soberania no Mar da China Meridional, comércio internacional, incluindo a indústria de semicondutores, a guerra da Ucrânia e a competição tecnológica.
O assunto mais recente envolve acusações de espionagem. Em fevereiro, os EUA acusaram a China de ter enviado supostos balões de espionagem para o espaço aéreo americano. Com isso, houve um novo terremoto diplomático.
Diante disso, o secretário de estado americano, Antony Blinken, adiou uma viagem diplomática que faria a Pequim. O encontro seria para tratar temas importantes para os dois países e para o mundo.
Trump voltou à Casa Branca em um mundo que enfrenta o maior risco de confronto entre superpotências desde a Guerra Fria. No entanto, sua esperança é de que o americanismo conduza o mundo e não o globalismo.
Porém, potências regionais têm seguido seus próprios caminhos, regimes antidemocráticos estão construindo suas próprias alianças e as guerras que estão devastando Gaza e a Ucrânia e outros lugares estão gerando questionamentos incômodos sobre o papel dos EUA no mundo.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
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