
Billy Baldo (Correio9)
Assim como ocorre em diversas cidades e capitais de todo o país neste feriado de 07 de setembro, um movimento pró-Governo Bolsonaro foi realizado durante a manhã desta terça-feira e contou com uma grande carreata que percorreu vários bairros do município de Nova Venécia.
A concentração dos apoiadores do presidente da República foi nas imediações do Polo Industrial, no Bairro São Cristóvão. Por volta das 9h30, a carreata iniciou e teve a participação de centenas de veículos, entre automóveis, carros de som, motocicletas, motos de trilha, caminhões e carretas. O evento também contou com a participação de ciclistas e cavaleiros.

Do alto de um carro de som, os organizadores comandavam os discursos de apoio ao presidente, principalmente em relação às suas pautas de governo. As manifestações também eram contrárias a “um ou dois” ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), tema que Bolsonaro também já vem criticando há muito tempo.
A grande carreata passou pela Rua Colatina, cortou o Bairro Filomena e foi até o Bairro Santa Luzia. No trajeto de volta, os apoiadores passaram pela Av. Vitória, no Centro, subiram a Av. Guanabara e percorreram ruas da Cidade Alta.
VÍDEO DA CARREATA NA AV. VITÓRIA:
No fim do evento, as manifestações ocorreram na Praça do Imigrante, no Centro de Nova Venécia, onde os apoiadores hastearam a bandeira do Brasil e cantaram o hino nacional.

APOIO AO PRESIDENTE BOLSONARO
Além de Nova Venécia, diversas outras cidades da região também organizaram atos pró-Bolsonaro, como São Gabriel da Palha, São Mateus, Águia Branca e outras. Na Grande Vitória, também acontece uma grande manifestação. Porém, se no interior os protestos a favor do presidente ocorrem de forma mais pacífica, o mesmo não pode ser dito nas grandes capitais, principalmente no Plano Piloto, em Brasília, e na Av. Paulista, em São Paulo, onde os ânimos estão mais acirrados e o clima é de apreensão.
Na Capital Federal, a Polícia já teve que utilizar bombas de gás e spray de pimenta para dispersar manifestantes, que destruíram barreiras e estavam com a intenção de invadir o STF, na Praça dos Três Poderes.
BOLSONARO DISCURSA EM BRASÍLIA
Sem mencionar o Poder Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro fez uma ameaça ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, durante discurso para manifestantes nesta terça-feira (7) em Brasília.
Bolsonaro discursou em um carro de som ao lado dos ministros da Defesa, Walter Braga Netto, e do Trabalho, Onyx Lorenzoni. Ele falou a manifestantes que se deslocaram em ônibus de várias partes do país para participar da manifestação, convocada, entre outros, pelo próprio Bolsonaro.
No discurso, Bolsonaro atacou o ministro Alexandre de Moraes, do STF — novamente sem citar o nome do ministro.
De acordo com o presidente, “uma pessoa específica da região dos três poderes” está “barbarizando” a população e fazendo “prisões políticas”, que, segundo afirmou, não se pode mais aceitar.
“Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse.
Nas palavras de Bolsonaro, “o Supremo Tribunal Federal perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal”.

“Nós todos aqui, sem exceção, somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir. Temos em nossa bandeira escrito ordem e progresso. É isso que nós queremos. Não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, declarou.
PAUTAS ANTIDEMOCRÁTICAS E CRISE
Os atos desta terça-feira (7) convocados por Jair Bolsonaro acontecem em meio a embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF), e em um contexto de uma acentuada crise econômica e também de queda na popularidade e nas avaliações sobre a administração de Bolsonaro.
As manifestações convocadas pelo presidente são pautadas por ameaças antidemocráticas a ministros do Supremo e ao Congresso.
A última pesquisa Ipec, divulgada no final de junho, mostrou que a aprovação do governo caiu para 24%, enquanto a reprovação alcançou 49%. Já a pesquisa Datafolha sobre as eleições presidenciais de 2022 apontam que as intenções de voto de Bolsonaro recuaram, e o atual presidente não seria reeleito em qualquer dos cenários avaliados.
Ao mesmo tempo, a população atravessa fortes dificuldades econômicas, com a disparada da inflação, e desemprego próximo a taxas recorde.
O presidente da República já havia dito, no mês passado, que poderia agir fora da Constituição. A declaração foi dada depois que Bolsonaro foi incluído no inquérito das fake news, que investiga a disseminação de notícias falsas.
A retórica golpista também ecoou no Congresso quando a Casa votou um projeto de lei que poderia ressuscitar o voto impresso. A proposta, defendida pelo presidente, foi derrubada pelos deputados.
Bolsonaro disse que só realizaria novas eleições em 2022 se fossem “limpas” — condicionando essa suposta ‘limpeza’ ao voto impresso. Não há, no entanto, qualquer comprovação de irregularidade no processo eleitoral eletrônico, que já é auditável. O próprio presidente admitiu não ter provas de uma fraude sequer.
No dia em que o voto impresso foi derrubado pela Câmara dos Deputados, repercutiu negativamente um desfile militar organizado pela Marinha para entregar um convite ao presidente no Palácio do Planalto.
Partidos de centro e de esquerda, como Solidariedade e Rede, emitiram nota dizendo que, após “sucessivas declarações golpistas”, o desfile era o desfile é uma “clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional”.
O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), opinou que o presidente mostrava fraqueza, ao invés de força, e protestou:
“Não haverá nenhum tipo de golpe contra a nossa democracia. As instituições, com o Congresso à frente, não deixarão que isso aconteça”.
Comente este post