Em que pese ainda haver bastante nebulosidade sobre fatos que a história não se encarregou de esclarecer, a sessão da Câmara de São Mateus, em 28 de agosto de 1953, marcou a ruptura político-administrativa do então distrito de Nova Venécia, do município de São Mateus.
Naquela oportunidade foi levado à deliberação pelo vereador Dacílio Duarte Santos, morador de Nova Venécia, um abaixo assinado em que os residentes naquela localidade requeriam própria emancipação.
O primeiro dado que chama a atenção é se tratar de uma sessão extraordinária, convocada um dia após o vereador Domingos de Oliveira Rios solicitar quarenta dias de licença.
Chamado para substituí-lo, o vereador Antenor Nardotto também representava os venecianos. Assim como Tito dos Santos Neves, o seu Nô, que depois viria a ser prefeito de Nova Venécia, bem como Flausino Bello Casimiro que se tornaria vereador por Nova Venécia na primeira legislatura, em companhia de Dacílio Duarte Santos e Antenor Nardotto. Ou seja, já havia um número considerável de representantes do distrito de Nova Venécia para lutar pela almejada emancipação.
Consta da ata daquela sessão extraordinária, que o abaixo assinado foi levado ao debate tendo sido solicitado o “regime de urgência”, para deliberação imediata naquela propícia oportunidade. Visando obstaculizar a apreciação, o vereador Albino Negris requereu que o abaixo-assinado “permanecesse na Comissão de Justiça pelo prazo de cinco dias, de acordo com o regimento interno. Além de Negris, os vereadores José Daher e Nicanor Motta também votariam pela protelação. Já a “bancada” veneciana, Dacílio Duarte Santos, Flausino Bello Casimiro, Antenor Nardotto, Tito Santos Neves e Arnaldo Gomes de Oliveira derrubaram o requerimento. A tentativa de protelar a histórica deliberação não surtiu efeito: por cinco votos contra e três a favor o requerimento do vereador Albino Negris foi rejeitado. A Câmara de São Mateus iria votar a emancipação de Nova Venécia naquela data!
Adentrando na ordem do dia daquela sessão, superada a barreira protocolar erguida pelo vereador Albino Negris, o próximo passo seria a deliberação e votação do abaixo-assinado. O presidente da Câmara, Antonio de Carvalho submeteu a demanda ao plenário. Consta da referida ata que “depois de caloroza (sic) discussão e que todos vereadores estavam dotados da maior boa vontade para com aquele povo, foi votada em seguida a Lei nº 329, criando o município de Nova Venécia, o que se verificou por unanimidade”.
Estava vencida a batalha. Muitos fatos daquela calorosa sessão infelizmente continuam obscuros. Ainda permeiam histórias sobre o clima de animosidade e inclusive sobre porte de armas na sessão e fora dela, e peculiaridades que a história se encarregará de jogar luz no tempo oportuno.
Ainda que oficialmente se comemore como data de aniversário da cidade o dia 26 de janeiro de 1954, esta foi uma data burocrática, em que o governador do estado veio aqui instalar o novo município de Nova Venécia. Todavia, o nosso grito do Ipiranga se deu na oportunidade narrada, quando valorosos venecianos conseguiram nossa “independência” de São Mateus.
Nesse 28 de agosto de 2017, comemoramos 64 anos de história, trabalho e desenvolvimento, de um povo ordeiro e trabalhador que com seus valores éticos e morais contribuem diariamente na transformação de nosso município, deixando como exemplo para as próximas gerações um povo honrado e guerreiro que aqui vive.
Parabéns Nova Venécia, o 12º maior município do Espírito Santo. Parabéns aos que aqui nasceram e aos que escolheram esta cidade para chamar de sua. Vamos continuar juntos, trabalhando e vencendo todos os novos desafios para que Nova Venécia continue sendo uma referência de orgulho e conquistas de seu povo.
* O autor é presidente da Câmara Municipal de Nova Venécia
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