
Elias de Lemos (Correio9)
Na noite desta quarta-feira, 21, aconteceu o primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Nova Venécia nas eleições de 2020, promovido pela rádio Cidade FM. Os postulantes ao Executivo Municipal – André Fagundes (PDT); Antonio Emílio (Cidadania); Clio Venturim (MDB); Edson Marquiori (PSB); Gleyciaria Bergamim (DEM) e Professora Cláudia (PT) – fizeram suas explanações, responderam e perguntaram durante quatro blocos, que tiveram, ao todo, duas horas e meia de duração.
Temas como educação, cultura, infraestrutura, saúde, emprego e renda, turismo, agricultura, meio ambiente, esportes, segurança, assistência social e um tema livre foram debatidos.
Em boa medida, o debate seguiu o esperado: os primeiros colocados das pesquisas aparecem como alvos prioritários dos demais concorrentes. Não houve desrespeito, nem alteração de ânimos, no entanto, ninguém se furtou de falar algumas verdades “na cara do outro”.
No contexto geral, o debate foi amistoso. No entanto, embates mais acirrados – não foram muitos – deram o tom e o rumo da campanha daqui em diante. O alvo principal foi o candidato Edson Marquiori, que teve que enfrentar os outros cinco. Ele apanhou e, também, bateu!
E entre a dupla André e Clio, também, houve troca de farpas. Os dois protagonizaram a tônica mais agressiva e crítica de todo o debate.
A surpresa ficou por conta dos candidatos Antonio Emílio e a Professora Cláudia. Os dois estão em extremos opostos; ele é o nome da direita, e ela o da esquerda. Porém, a cordialidade entre os dois foi surpreendente, algo como não se vê – entre dois oponentes dessas duas correntes políticas – desde 2016.
Em uma campanha com restrições ao “corpo ao corpo” – em razão da pandemia – os debates servem para os eleitores avaliarem as propostas, a viabilidade e o preparo de cada candidato. A busca por rótulos e por apoio esconde, mas não anula o debate sobre políticas públicas.
Nesse ponto, André Fagundes apresentou propostas ambiciosas para os servidores, a questão social, de infraestrutura, educação e, principalmente, para a área da saúde. E foi, justamente, as propostas para a saúde que lhe renderam as maiores críticas, uma vez que ele deixou a Secretaria Municipal há pouco menos de dez meses.
Para “gerar emprego e renda” e financiar seu projeto, André propõe a concessão de incentivos fiscais por parte do município. Os impostos municipais são administrados pelas prefeituras e são destinados à manutenção da administração pública local, serviços, investimentos e manutenções locais. São eles: 1) IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana); 2) ISS (Imposto Sobre Serviços); e 3) ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis).
Antonio Emílio, por sua vez, falou em desenvolvimento ancorado em cinco eixos: 1)ação social; saúde; infraestrutura e desenvolvimento; educação e cultura e agronegócio e meio ambiente. A exemplo do André, ele também apresentou propostas ambiciosas, que segundo ele, serão executadas a partir do “enxugamento da máquina administrativa”. “Precisamos passar Nova Venécia a limpo”, disse ele.
O emedebista Clio Venturim pronunciou várias vezes a expressão “cuidar das pessoas”. Ele tem seu ponto de partida na questão dos servidores, dos quais falou sobre valorização. E, assim como vários outros, falou em política habitacional e da saúde, sua especialidade.
O candidato do PSB, Edson Marquiori, ressaltou a organização feita na Prefeitura nos últimos oito anos, os investimentos realizados em parceria com o Governo do Estado e usou números para falar do crescimento de empresas instaladas no município. Ele falou, ainda, de como a gestão atual encontrou as contas da Prefeitura, em 2013, cuja dívida estava na casa dos R$ 12 milhões. “Hoje, a Prefeitura está organizada”, disse. E, lembrou-se da enchente de 2013, a maior da história do município e da crise hídrica que se seguiu, também, a maior da história.
Para financiar seu projeto de governo, Marquiori conta com o apoio do Governo do Estado.
A democrata, Gleyciaria Bergamim, focalizou agricultura e desenvolvimento com destaque para ampliação dos conselhos municipais e suas participações nas decisões da gestão. Ela criticou a saída de empresas do município, mas, foi rebatida por Edson Marquiori. Ele levou a melhor!
A Professora Cláudia detalhou seu projeto para a agricultura familiar, com foco especial no estímulo à manutenção dos jovens no campo. Ela falou em “governo participativo, com o povo”. E, como professora de Educação Física, detalhou o seu projeto para o esporte, que segundo ela, precisa contemplar mais modalidades e não apenas o futebol.
Outro ponto defendido insistentemente pela candidata foi a valorização da agricultura familiar.
Tanto a Professora Cláudia, quanto a Gleyciaria disseram que, se eleitas, vão cobrar compromisso e apoio do governador.

No entanto – como escrito acima – nem tudo foram flores no debate. O primeiro embate aconteceu entre Marquiori e André, sobre a área da saúde. André argumentou que – quando estava na pasta – faltava-lhe o poder da caneta para decidir; quando seu oponente alegou que sua saída da Secretaria de Saúde se deu pela falta de resultados de sua gestão. Nessa, o candidato do PSB levou a melhor!
Logo depois, quando falou sobre escola cívico-militar, Marquiori foi confrontado de forma contundente pela Professora Cláudia. Ela levou a melhor!
No terceiro “round”, se confrontaram André e Clio. Clio fez a pergunta ao André. Porém, na tréplica, o pedetista tocou em algo delicado ao se referir à inelegibilidade do ex-prefeito Wilson Japonês, pai do Clio. Como era na tréplica, o emedebista pareceu engolir a seco, afinal, não poderia rebater o oponente. André levou a melhor!
Mas, nas considerações finais, Clio Venturim deu a resposta citando o trabalho do pai na Prefeitura, mas, não precisava insinuar que o outro é “aventureiro”. Mesmo assim, ele neutralizou a ofensa anterior. Clio levou a melhor!
Antonio Emílio, que passou todo o debate centrado nas propostas, derrapou no final ao fazer acusações num momento inoportuno. Ele falou de supostas irregularidades na contratação de uma empresa, por parte da prefeitura. No entanto, como vereador, ele poderia tê-la feito na Tribuna da Câmara. Ao falar em seguida, Edson Marquiori perguntou a ele porque ele não foi ao Ministério Público e questionou a gestão dele à frente da Presidência da Câmara. Marquiori levou a melhor!
Gleyciaria e a professora Cláudia saíram ilesas do debate. A petista bateu, mas não apanhou! A democrata nem bateu, nem apanhou!
Ao observar a fala da maioria dos candidatos, somos induzidos a acreditar que a partir de janeiro Nova Venécia começará a marcha para se tornar o “Jardim do Édem”. São perfeitas e resolverão tudo! No entanto, o que faltou à maioria dos prefeitáveis foi o detalhamento de como implantarão cada uma de suas promessas e como buscarão recursos para isso. Cada um disse o que pretende fazer, mas, a maioria não disse como.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
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