Desde que começou a pandemia do novo coronavírus tem mudado muita coisa em nossas vidas. Aprendemos que não higienizávamos as mãos corretamente; mudou a maneira como nos relacionamos socialmente; foram-se os abraços, os apertos de mãos, beijos nos pais, avós e nas nossas crianças.
Mas, não é só isso. A pandemia tem alterado completamente a nossa rotina, incluindo o ritual da despedida e do luto.
No dia 30 de abril, a covid-19 fez sua primeira morte em Nova Venécia. Na madrugada daquela quinta-feira, por volta das 5h50m da manhã, faleceu o senhor José Motta, de 69 anos, primeira vítima do coronavírus em Nova Venécia. Mas, não era “só uma morte”. Era um pai, esposo, amigo, avô!
De lá para cá foram mais 28 mortes até esta quinta-feira, 03, devido ao coronavírus. Mas não é apenas a covid-19 que está nos tirando familiares, amigos e conhecidos. Assassinatos, acidentes e outras doenças, também, têm tirado vidas.
No trabalho jornalístico, lidamos diariamente com perdas. Temos que saber como lidar com isso e lidamos quase de forma mecânica. No entanto, nesse aspecto, esse indesejado ano de 2020 trouxe algo inesperado e que nos faz refletir: nunca vimos tantas pessoas conhecidas ou amigas morrendo tão perto de nós. É muita gente partindo e muita tristeza ficando!
Mortes nas páginas do jornal são aceitáveis, mas, na frequência que vem ocorrendo, é questionável.
Nesse estranho ano de 2020 perdemos o carisma de Renato Colombi, um homem que parecia para sempre. Tião Borboleta também se foi, o nosso treinador. Enquanto o Dr. Raul se contaminou na linha de frente de combate e morreu novo, aos 28 anos de idade.
Perdemos professores: Maria Rosállia Zotelle, Bethinha e Luis Carlos Gadioli. Quanta comoção! Quantas homenagens!
Marcos de Lima Jácome se foi como uma estrela cadente que num momento está e em seguida, some, sem chances de despedida. É só fazer o pedido para o acolhimento!
E o Mauro de Sá Rodrigues? Entre os primeiros males e a sua partida, foi um mês, mas ele abandonou a família antes, quando foi internado 21 dias antes de morrer.
Tem o Weliton Mattedi, o Bill, que foi embora e pegou a todos de surpresa, enquanto fazia trilha, no meio da mata com amigos. Foi Covid? Não; foi infarto!
Todo mundo morre ou morrerá. Mas o que dizer aos filhos e a esposa de Baldoíno Tetzner?
Tempos turbulentos, também, são tempos de aprendizado. A pandemia nos atingiu de maneira completamente inesperada, nos tornando vulneráveis, como nunca fomos antes.
É! A vida tem nos mostrado isso. Se nada é por acaso, vejamos então o momento que vivemos! Por quê?
Em poucos meses parece que nos acostumamos com a transformação em números: mas, será isso razoável?
Talvez não! Mas pode ser, apenas, uma situação transitória, como outras que existiram anteriormente e que resistimos. E da qual precisamos para rever nossos conceitos de relacionamentos pessoais e sociais.
Em tempos de tecnologia, conectados, nos sentimos juntos, sem perceber a distância. Quando a distância real chegou, ela bagunçou as nossas vidas. E como! Como é difícil ficar longe! Depois que isso passar, ficaremos mais pertos, pois agora sentimos o valor disso.
Quantos perdemos e que poderíamos ter aproveitado mais?
Do mesmo modo, sem perceber a naturalidade dos nossos rituais, começamos a sentir a dor de não vermos nossos mortos.
E são muitos: Sílvio Santana; Marcos Henrique Rodrigues; Orman Toscano; Rosane Lage, Totoca; Luís Carlos Ferreira; Marco Ziviani, entre muitos outros.
Aos familiares e amigos dos que partiram, restaram apenas a dor e a saudade…
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