REDAÇÃO CORREIO9 (com colaboração de Camilo Maia Moraes)
Na última segunda-feira, 1º de julho, começou em Londres, na Inglaterra, o Torneio de Wimbledon (transmissão pelo canal Sportv3), a mais antiga competição de tênis (1877) e também a mais glamorosa, seja por ser o único campeonato de categoria Grand Slam disputado em quadras de grama, seja em razão de suas cobiçadas premiações ou por suas históricas tradições lá nas terras da rainha – em Wimbledon todos os atletas necessariamente vestem branco –, reunindo assim os maiores tenistas da atualidade, como o número um Novak Djokovic, o astro Roger Federer, o Rei do Saibro, Rafael Nadal, a estrela Serena Williams e a prodigiosa Naomi Osaka.
O Brasil foi representado no masculino por Thiago Monteiro, eliminado na terça-feira, e também estava sendo representado no feminino por Bia Haddad, eliminada na quinta-feira dessa acirrada competição que se encerra no próximo dia 14.
Aqui em Nova Venécia, o esporte, que nasceu sendo praticado com as mãos (confira no quadro), vem descendo a ladeira e ficando mais perto do veneciano.
Aulas que antes aconteciam somente nas quadras de saibro da Associação Atlética do Banco do Brasil – AABB e do 2º Batalhão de Polícia Militar agora estão sendo ministradas na quadra de piso rápido da Praça do Granito, na Avenida Beira Rio, pelos expert da equipe Topspin, que é sediada em São Mateus-ES e que também dá aulas em Linhares-ES, Pinheiros-ES e São Gabriel da Palha-ES.
Apesar de todo o glamour que envolve o tênis, como aquele dos torneios de Wimbledon e de Roland Garros, por exemplo, e também apesar da ideia corrente de que se trata de atividade física das elites, já que se difundiu inicialmente através da aristocracia europeia (confira no quadro), o tênis é um esporte mais acessível do que se imagina. E Nova Venécia é cidade privilegiada, pois passará a contar com duas quadras públicas de tênis, a já existente no centro da cidade e aquela que em breve será inaugurada na nova praça do Bairro Ascensão.
“Um tubo de bolinhas custa menos de R$ 30,00. Com R$ 150,00 você compra um calçado adequado. Uma raquete profissional nova hoje vai de R$ 800,00 a R$ 1.300,00. Mas para se iniciar no tênis não há necessidade de uma raquete profissional. Investindo R$ 300,00 você adquire uma boa raquete nova. Dá para encontrar raquete nova até por R$ 150,00 para você começar”, esclarece Lúcio Aguiar Medina, 41, professor da Topspin que está no tênis desde os 19 anos.
Lúcio revela ainda que a raquete tem durabilidade indeterminada e, dependo da conservação, pode acompanhar o atleta a vida inteira. Por conta disso, lojas de materiais usados, inclusive virtuais, vêm ganhando espaço, e nelas é possível encontrar raquetes profissionais seminovas pela metade do preço, sendo importante, como adverte o professor, o auxílio de um profissional especializado para se escolher a raquete ideal quanto ao peso e à medida, levando-se em conta o biótipo e idade do jogador.
Por outro lado, diferentemente de grande parte dos esportes mais populares, como futebol, vôlei e basquete, o interessado no tênis – mesmo que confortavelmente calçado e mesmo que empunhando uma bela raquete Wilson, Head ou Babolat – dificilmente vai conseguir praticar um bom jogo, num bom nível, sem receber aulas.
Trata-se de um dos esportes mais técnicos e mais cerebrais que existem, que exige uma série de movimentos calculados, harmônicos e coordenados para que o praticante, por exemplo, consiga executar com eficiência um “simples” forehand, que é aquela “batida de direita” com o efeito necessário para que a bolinha passe a rede e caia com velocidade e força na quadra adversária. Por isso, aquele silêncio nas quadras profissionais não é mera “frescura”, mas pura e necessária concentração.
“Em Nova Venécia, cidade que nós acreditamos muito para o futuro do esporte na região, as aulas acontecem uma vez por semana e a mensalidade está em R$ 130,00. Para nós, além do tempo dedicado em quadra, há um custo com o deslocamento, porque saímos de São Mateus. Para o aluno, é garantia de investimento pessoal. Sempre num ambiente saudável, de muito respeito recíproco, o aluno, além de aprender o esporte diferenciado que o tênis é, acaba fazendo uma espécie de terapia em quadra, porque é muito prazeroso jogar”, comenta o soteropolitano Daniel Cerqueira dos Santos, 52, fundador da Topspin, que começou no tênis aos 14 anos de idade, na Associação Atlética da Bahia, em Salvador-BA.
O leitor talvez esteja se perguntando em quanto tempo, a partir da próxima segunda-feira, ele pode se transformar num Roger Federer.
Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic são lendas desse esporte, verdadeiros mitos, gênios das quadras, adverte Eugênio Correia Pinheiro, 30, professor da Topspin, que deu suas primeiras batidas aos 16 anos. Eugênio explica que depois de quatro anos praticando o esporte se sentiu à vontade para começar a transmitir o que havia aprendido. “Mas a partir de um ano e meio, dois anos no tênis, você já consegue dominar os fundamentos. Não será um Federer, mas estará jogando em alto nível”.
Em um mês de aula o novo praticante já começa a perceber que o valor é bem investido para se aprender – além daquela famosa batida de direita, o forehand – a executar o backhand, o voleio, o serviço ou saque, o drop shot, o swing volley, o slice, o smash, o Grand Willy, que é aquele movimento espetacular pelo qual o tenista põe em jogo uma bola de fundo de quadra rebatendo-a por entre as pernas, além de uma infinidade de estratégias que levam o aprendiz a executar com sucesso um jogo tão difícil quanto realizador.
Pelas mãos da equipe Topspin, que hoje conta com 13 alunos em Nova Venécia-ES, já passaram mais de 3 mil alunos, dentre os quais 34 campeões estaduais e dois campeões brasileiros. Saíram, por exemplo, atletas como os mateenses Brayner Oliveira Carvalho, 27, engenheiro civil, que atualmente reside em Vitória-ES, e Jordan Passos Carmo, 22, tenista profissional, filho do mateense Noelcio Passos do Carmo e da veneciana Maria Aparecida Correia, a Cida, sendo assim sobrinho do veneciano Alvimar Correa, o popular Mazinho.
Jordan conheceu o tênis através da equipe Topspin aos 10 anos e aos 14 anos já era o número dois no ranking brasileiro. Atualmente, vive na Espanha, treinando em Villena, e em dezembro passado ele alcançou sua melhor colocação no ranking mundial, chegando à 399º posição.
Brayner, também cria da Topspin, embora tenha seguido carreira profissional na engenharia, nunca deixou de praticar o esporte. E a base adquirida na escola mateense de tênis lhe garante, desde 2013, a posição de número um no ranking (primeira classe) da Federação Espírito-santense de Tênis.
“Tive a oportunidade de conhecer o tênis aos 10 anos de idade e logo nos primeiros meses percebi a diferença em relação aos outros esportes. Vi que para jogar bem precisaria de muita disciplina, concentração e dedicação. Por ser um esporte individual, nas competições você acaba aprendendo a ser seu próprio técnico e com isso você acaba conhecendo melhor a si mesmo, acaba entendendo como tomar as melhores decisões em momentos de pressão”, ensina Brayner, para acrescentar logo em seguida: “É um esporte maravilhoso, que recomendo para todos, em todas as idades. Melhora sua coordenação motora, concentração, reflexos, capacidade cardiovascular e respiratória, combate o estresse e gera alto gasto calórico por exigir todo o corpo. Além disso, o tênis ensina valores, respeito pelo jogo e pelo adversário e por isso contribui para formar não só o atleta, mas também pessoas melhores para a sociedade”.
Voltando a Nova Venécia, é válido dizer: para uma cidade que já tem um Richarlison brilhando no futebol inglês não se pode dizer que seja absurdo sonhar, num futuro próximo, com um novo talento, com um “Richarlison” veneciano do tênis, que vá disputar um Grand Slam nas quadras rápidas do Australian Open ou do US Open, no saibro de Roland Garros (após a aposentadoria de Nadal, é claro) ou lá na Inglaterra mesmo, na grama verde de Wimbledon. E se é para sonhar, por que não sonhar com um craque saindo dali, da beira do Cricaré para o mundo?
Como se diz no mundo do tênis, “come on!”
DAS MÃOS ÀS RAQUETES
Os primeiros registros do jogo, em forma embrionária, vêm da Antiguidade (Egito antigo até a Europa, séculos V e XII). Ainda no século XII, na França e na Itália, surge a versão mais assemelhada à atual, e nesse período monges praticavam o jeu de paume, ou jogo com as palmas. Mas foi mais tarde, pela palma da mão da aristocracia europeia, notadamente a inglesa, que o esporte começou a ganhar espaço, vindo a ser realizada a primeira competição oficial em 1877, na All England Lawn Tennis and Croquet Club, onde hoje acontece o Torneio de Wimbledon.
O tênis esteve presente na primeira edição das Olimpíadas da Era Moderna, realizadas em Atenas, em 1896, deixou o cenário olímpico a partir da Olimpíada de 1928, em Amsterdã, vindo a retornar 60 anos depois, em 1988, na Olimpíada de Seul. No entanto, são quatro os principais torneios da atualidade, realizados anualmente e chamados de Grand Slam: Australian Open (Melbourne), Roland Garros (Paris), Wimbledon (Londres) e US Open (Nova Iorque).
REGRAS BÁSICAS:
• O esporte é praticado em quadra de piso sintético, saibro ou grama (mais rara), utilizando-se de raquetes e bolinha. As partidas podem ocorrer em disputas individuais ou em duplas.
• O jogo é dividido em “sets” (há jogos de no máximo três “sets” e há jogos de no máximo cinco “sets”). Cada “set” é subdivido normalmente em seis “games” (vence o “set” quem fizer seis “games” primeiro). E cada “game” é construído por quatro pontos, que na linguagem do tênis são chamados de “15” (primeiro ponto), “30” (segundo ponto), “40” (terceiro ponto) e “game” (quarto ponto). É por isso que, muitas vezes, o telespectador se depara com jogo no qual, por exemplo, determinado jogador venceu o primeiro set por 6 games x 4 games, vê que, no segundo set, o jogo está, por exemplo, empatado em 3 games x 3 games, e que os jogadores estão disputando o sétimo game daquele segundo set, game que está a 40 x 15 para determinado atleta, que precisa então de mais um ponto para ganhar aquele game e fazer 4 x 3 no segundo set.
• Empatado em sets, o jogo pode ir para o tie-break, no qual vence o jogador que fizer sete pontos primeiro, com vantagem de dois pontos em relação ao adversário (7×5), e caso aconteça um empate em 6×6, a partida segue até que algum dos jogadores obtenha dois pontos seguidos.
• O jogo começa com um dos jogadores sacando (ou servindo) a partir do fundo da quadra, precisando fazer com que a bola caia na área de saque da quadra do adversário para que a disputa comece. No primeiro game um jogador executa todos os saques. No segundo game, executa todos os saques o adversário, e assim sucessivamente.
QUADRA DE TÊNIS
Para jogos individuais a quadra é um retângulo de 23,77 metros de comprimento e 8,23 metros de largura; para duplas, retângulo com 23,77 metros de comprimento e 10,97 metros de largura.
A quadra deve ser dividida exatamente ao meio por uma rede sustentada por dois postes com altura de 1,07 metros, sendo a rede mais alta nas laterais do que no centro, onde é um pouco mais arqueada, à altura é de 0,914 metros.
Nas proximidades da rede se encontram delimitadas no chão da quadra as zonas de saque. Para que tenha início a disputa por cada ponto, a bolinha precisa primeiro quicar (vindo em trajetória diagonal, ao ser inicialmente lançada pelo sacador posicionado no fundo da quadra) dentro da zona de saque. Cumprida essa exigência, a bola pode alcançar toda a quadra, terminando em ponto quando quica duas vezes do lado da quadra de um dos atletas ou quando é lançada para fora do retângulo.
Os pisos podem ser de grama, sintético ou saibro (terra batida).
Em Nova Venécia há quadras de tênis na AABB e no 2º Batalhão de Polícia Militar (saibro), na Praça do Granito e, em breve, na praça pública do Bairro Ascensão (piso sintético).
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