
Elias de Lemos (Correio9)
Desde que assumiu o Ministério da Justiça, o ministro Flávio Dino vem enfrentando uma perseguição insana por parte de parlamentares de oposição ao governo Lula.
Na terça-feira (9) Dino participou de audiência pública na Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado Federal. Ele foi atendendo a requerimento da oposição. Foi a quarta vez que o ministro compareceu ao Congresso a pedido dos opositores.
O ministro começou a falar comentando a política de armamentos do governo, o tema mais discutido pela ultradireita. Ele destacou que o governo prepara uma nova regulamentação para os armamentos, que deve ser apresentada até o fim do mês de maio.
Ele enumerou, ainda, que o recadastramento realizado pelo Ministério chegou a “quase 100%” das armas registradas no País e que o próximo passo é buscar apreender armas que estiverem ilegais.
De acordo com Dino, durante todo o ano de 2022 as apreensões somaram 12 fuzis e 135 pistolas no Brasil e que, apenas nos quatro primeiros meses de 2023, já foram apreendidos 114 fuzis e 1.146 pistolas.
Durante a audiência, o senador capixaba, Marcos do Val (Podemos), questionou as ações do ministro na ocasião dos ataques terroristas de 8 de janeiro. Dino ironizou: “Se você é da Swat, eu sou dos Vingadores”.
Em seguida, o ministro criticou os ataques proferidos por do Val em suas redes sociais dizendo que o senador posta vídeos difamatórios e agressivos.
Ministro da Justiça bomba nas redes sociais
“Terraplanismo”, “vingadores”, “Beyoncé”, “alucinação”. Entre todos os ministros do governo Lula, o titular da Justiça, Flávio Dino, é o que possui maior engajamento nas redes sociais. Ele ganhou protagonismo desde os primeiros momentos do governo e se torna, cada vez, mais popular.
Depois dos ataques golpistas de 8 de janeiro, gerou uma pauta – na oposição – que tem rendido a ele convites de opositores para se explicar no Congresso Nacional.
Com isso, os embates contundentes contra adversários, em especial quando tem bolsonaristas como alvo, vêm viralizando com suas sacadas e bom humor.
Sem perceber, a oposição ao governo está criando um espaço precioso para Flávio Dino, que se tornou notícia diária e obrigatória em todos os veículos de comunicação do País. E assim vai se construindo um nome para as eleições de 2026. O marketing, a oposição garante.
Bolsonaro e aliados cada vez mais enrolados
Em pouco mais de quatro meses que Jair Bolsonaro deixou o poder, antigas figuras proeminentes do bolsonarismo e eminências que viviam manobrando por trás da cortina do governo anterior, de pedra, se tornaram vidraça.
Hoje, muitos mandachuvas estão atolados em processos judiciais ou estão sob investigação. A situação parece se encaminhar para fechar o cerco e respingar no ex-presidente Bolsonaro. Nesse caso, a consequência menos nefasta seria a perda dos direitos políticos.
O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, é investigado por omissão nos atentados golpistas, está de tornozeleira eletrônica. Carlos Bolsonaro, o filho “02” está em liberdade, porém, sendo investigado por prática de rachadinhas na Câmara do Rio de Janeiro.
Jair Renan Bolsonaro, o filho “04”, também é investigado por tráfico de influência no governo do pai. Enquanto isso, o ex-deputado Daniel Silveira está preso desde fevereiro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal, e Roberto Jefferson, também, está preso depois de ter atirado contra policiais federais para impedir o cumprimento de mandado em sua casa.
Já o blogueiro Allan dos Santos está em liberdade, porém, atolado até o pescoço com a Justiça.
Mauro Cid, o homem-bomba está preso
Para completar o inferno astral do ex-presidente, seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid foi preso na semana passada, pela Polícia Federal (PF), suspeito de fraudes em cartões de vacinação de Bolsonaro e pessoas ligadas a ele.
A PF investiga a inserção de dados falsos, sobre a vacinação contra Covid, no sistema do Ministério da Saúde, que viabilizariam a emissão de certificado que possibilitaria uma viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos.
O passaporte vacinal é uma exigência do governo americano para quem quer entrar no País. A falsificação do certificado constitui crime federal nos EUA.
Na mesma operação da PF, o aparelho de telefone celular do ex-presidente, também, foi apreendido.
Nos próximos dias, Bolsonaro deverá ser convocado a depor na PF sobre as supostas fraudes no cartão de vacinação.
“Não é crime menor, não é coisa pequena”
No dia 26 de abril, o ex-presidente depôs para falar de sua suposta participação nos ataques golpistas de janeiro. Dia 10 daquele mês, portanto, dois dias após os atos terroristas, ele publicou um vídeo estimulando o golpe.
No depoimento, ele disse que publicou o vídeo sob efeitos de remédios (morfina) e que por isso divulgou ‘sem querer querendo’. Ele chegou a dizer que “estava doidão”. Sendo assim, é possível concluir que ele passou quatro anos doidaço à frente do governo.
A Revista Fórum conversou com o jurista Pedro Serrano sobre a questão envolvendo cartões de vacinação. Para ele não é “crime menor”, não é “coisa pequena”. De acordo com ele, há quem subestime os supostos crimes cometidos pelo ex-presidente. Neste caso: “invadir um sistema público para adulterar dados pode levar Bolsonaro a 10 a 15 anos de prisão”, afirmou.
Farra com os jatos da FAB
Em apenas quatro meses! O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-Al) requisitou 37 vezes jatos da Força Aérea Brasileira (FAB) em 2023. Foi a autoridade que mais utilizou aviões oficiais. Em média, ele fez um voo a cada 3 dias.
O levantamento foi feito pelo Poder360 que analisou dados de 1º de janeiro até 28 de abril.
Das 37 viagens, 20 foram – indo ou voltando – para Maceió, capital do estado de Alagoas, terra de Lira. Segundo a assessoria do parlamentar, as viagens foram feitas em jatos da FAB por motivo de segurança, conforme manda a lei.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, realizou 34 viagens sendo 20 com destino a São Luís, no Maranhão, seu estado de origem.
O mal exemplo do deputado Lucas Polese
O deputado estadual Lucas Polese (PL-ES) foi parado em uma blitz da Lei Seca na Praia do Canto, em Vitória, na madrugada do último sábado (6). Ele recusou-se a fazer o teste do bafômetro, mas, o policial que registrou a ocorrência disse que o parlamentar exalava cheiro de álcool.
Polese dirigia um carro oficial, que fora alugado pela Assembleia Legislativa (ALES) para atender aos deputados. Por lei, o carro só deveria ser usado em deslocamentos ligados ao exercício de atividades parlamentares. Ele disse que estava cumprindo agenda oficial, mas, era 1h30 da madrugada de sábado.
Em um áudio que circula em grupos de WhatsApp, o deputado afirma que: “Se for parado em mais 10 blitz (sic) eu recuso o bafômetro nas dez. Aonde que eu vou dar abertura para quem quer me ferrar na alta cúpula da polícia? Coronel Caus (comandante geral da PM) conseguir, finalmente? Jamais rapaz, jamais”.
O episódio envolvendo o deputado aconteceu em pleno mês de conscientização sobre acidentes de trânsito – boa parte causada pela mistura de direção e álcool: o “Maio Amarelo”.
Lucas Polese é direitista raiz e defensor da “moral e dos bons costumes”. Um típico cidadão de bem, conservador que deu um péssimo exemplo. A recusa em fazer o teste é uma confissão de culpa.
Há um ditado popular que diz: “Quem não deve, não teme”.
Dino, o “Vingador”
“Eu sou ficha limpa. Eu fui juiz e nunca fiz conluio com o Ministério Público; eu nunca tive sentença anulada e por ter sido um juiz honesto, por ter sido um governador honesto; eu não admito que ninguém venha dizer que eu devo ser preso. Porque quem tem honra age assim, portanto, eu repilo, veementemente, qualquer um que venha a ofender a minha honra e ninguém vai me impedir de defender a minha honra porque quem tem honra age assim”. Frase do Ministro Flávio Dino, em lacração ao senador Sérgio Moro, que saiu em defesa do senador Marcos do Val, durante audiência no Senado.
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