Elias de Lemos (Correio9)
Com o cerco se fechando em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro, e sua prisão sendo dada como certa entre seus aliados, políticos com perfil conservador começam a se movimentar no sentido de buscar a simpatia de eleitores da direita.
Entre os que estão nesse movimento, fazem parte o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo). Zema já começou escorregando na casca de banana ao dizer que o governo Lula fez vista grossa para sair vítima dos atos golpistas de 8 de janeiro. A declaração contraria os brios de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Zema não é um bolsonarista-raiz, mas, na busca de projeção nacional e ocupar o vácuo deixado por Bolsonaro, começou a adotar o mesmo discurso insano e criminoso que foi feito nas portas dos quartéis.
A carta na manga do PL para salvar a direita
A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, é o nome que corre nos bastidores do PL para herdar o espaço deixado por Bolsonaro.
A alta cúpula do partido tem o nome dela no topo da lista para as eleições de 2024 e 2026. Michelle não teve uma participação ativa na gestão do marido, atuou nos bastidores e influenciou áreas do governo. Por exemplo, foi dela a indicação de Damares Alves para o Ministério da Mulher.
Michelle tem bom trânsito entre os evangélicos, tem a simpatia de grupos conservadores. Se apresenta como uma “serva do Senhor” e manteve sua imagem limpa diante dos tropeços do marido.
Até aqui, ela escapou, até mesmo, das denúncias de recebimento de cheques suspeitos em sua conta.
Só mais uma vergonha internacional
Uma projeção, esta semana, em um prédio de Manhattan, em Nova York, chama o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns aliados, inclusive o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-juiz Sérgio Moro de “Flórida Rats”, ratos da Flórida, em tradução livre.
Em um dos vídeos que circulam nas redes sociais, publicado pelo professor da Brow University e Coordenador Nacional da Democracy Brazil, James Green, é possível ver Bolsonaro e os correligionários com as orelhas do Mickey, um personagem metafórico da Disney.
Lula sabe que houve tentativa de golpe
Para o presidente Lula está claro que houve tentativa de golpe no dia 8 de janeiro. Na quarta-feira desta semana, em entrevista à Globo News, ele disse que o serviço de inteligência do governo – Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Exército, Marinha e Aeronáutica – simplesmente “não existiu”, referindo-se aos atos golpistas.
Ele deu um recado claro: os militares fizeram parte e são responsáveis pelos atentados terroristas, tendo sido uma invasão planejada para coagi-lo a adotar a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e ser golpeado. Hoje, já se sabe que no dia 8 de janeiro, enquanto os ataques aconteciam, já havia um “decreto do golpe”; estava prontinho no forno, pronto para ser servido.
O feitiço virou contra o feiticeiro
Nada como um dia após o outro! Golpistas presos em Brasília por terem participado dos atos antidemocráticos no dia 8 de janeiro estão percebendo que um dia é caçador e no outro é caça. Que em um dia é pedra e no outro vidraça.
Depois de pregarem, convictamente, que “bandido bom é bandido morto”, que “direitos humanos só servem para defender bandidos” e de sugerirem ao “pessoal” dos direitos humanos para levarem bandidos para casa, eles estão implorando por esse “pessoal”.
Bastou conhecer o lado escuro da Lua para pedirem luz. Afinal, nada melhor do que a própria experiência para conhecer a verdade.
Gente acostumada com o conforto dos seus lares, que se acha “gente de bem”, que bandidos são os outros, estão experimentando o doce sabor da amargura de uma prisão.
Eles que defendem maus tratos com presos e cultuam torturadores, estão reclamando da comida recebida na prisão. E não é só isso: estão dormindo amontoados em celas que cabem oito pessoas, mas, com bem mais gente do que isso; e por fim, convivem diuturnamente com o cheiro (?) que exala dos banheiros.
A verdade sobre o Imposto de Renda
Circulam nas redes sociais, uma notícia sobre a incidência da alíquota de imposto de renda para quem ganha até um salário mínimo e meio. A informação é em parte falsa ao atribuir a responsabilidade ao governo Lula.
Na verdade, a tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte é corrigida periodicamente para assegurar as isenções, no entanto, a última vez que a correção foi feita foi em 2015, no último ano do governo Dilma.
Temer e Bolsonaro deveriam ter feito a correção, mas não fizeram. Em 2022, Bolsonaro já sabia que, sem a correção, quem recebe um salário mínimo e meio pagaria o imposto em 2023, porém, não fez nada para evitar.
Agora, com a batata quente nas mãos, o atual governo não poder fazer nada. Pelo princípio da anualidade, uma lei para isso teria que ser aprovada em 2022.
A correção possível de ser feita pelo atual governo deve ser feita este ano (2023) para vigorar somente em 2024.
Governo pagou recorde de juros no valor de R$ 591 bilhões
O valor dos encargos financeiros pagos pelo setor público, durante o acumulado de 2022, atingiu o maior patamar desde 2001 com desembolso de R$ 591 bilhões para o pagamento de juros da Dívida Pública.
O recorde se deve a dois fatores principais: a taxa de juros Selic que atingiu 13,75% ao ano e a Dívida Pública que foi fortemente impactada pelos gastos inesperados no enfrentamento da pandemia.
De um lado, o Banco Central (BC) usa a taxa de juros para conter o crescimento da inflação e de outro, a Dívida que saltou de R$ 3,877 trilhões em 2018 para R$ 5,87 trilhões em 2022.
A Selic vinha em uma trajetória de queda chegando ao nível histórico de 2% anuais em 2021, mas, com o crescimento constante da inflação, a taxa disparou chegando a 13,75% no ano passado.
Conforme dados do BC, para cada ponto percentual a mais na Selic, o governo paga R$ 36 bilhões de juros. Ou seja, apenas no ano passado a mágica dos juros gerou um impacto de R$ 423 bilhões nas contas públicas.
Apesar dos aumentos, graças ao empurrãozinho da inflação a relação dívida-PIB caiu de 77,5% para 77,1%; isto porque a inflação reflete aumentos na arrecadação. Se não fosse essa ajuda, a dívida corresponderia a 87,1% do PIB. Mas, como dito antes, a queda é fictícia.
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