Elias de Lemos (Correio9)
A descoberta de um câncer não é fácil! O medo, a ansiedade e a tristeza tomam conta dos pensamentos, impedindo que a pessoa enxergue a situação com clareza. É uma doença traiçoeira que tortura a vítima, a família e a todos aqueles que estão em volta e acompanham o drama da vítima. Esta reportagem do Correio9 conversou com o vereador veneciano Josiel Santana (o Biel da Farmácia), que descobriu recentemente a doença. Ele conta como foi a descoberta e o tratamento de um câncer no rim direito. Diz que chegou a desanimar, mas, com a ajuda da esposa, se recompôs logo e enfrentou a doença.
Até o dia 9 de julho de 2019, a vida do jovem vereador, de 40 anos, caminhava com calmaria, até que o caminhar se tornou revolto. Praticante de futebol e adepto de corrida, saudável e sem nenhum sintoma, ele fez a descoberta quase que por “acaso”.
Tudo começou quando sua esposa, Tamara Altoé Contarato Santana, foi fazer uma cirurgia estética. Nos preparativos pré-operatórios para a cirurgia, o médico solicitou uma ultrassonografia, cujo resultado diagnosticou uma esteatose hepática (é um acúmulo de gordura nas células do fígado, também chamada de infiltração gordurosa do fígado ou doença gordurosa do fígado). Ao tomar conhecimento disso, ele suspeitou de que – por terem uma rotina semelhante – também poderia apresentar o mesmo quadro.
A descoberta
Biel decidiu realizar uma tomografia cujo diagnóstico não acusou nada no fígado, mas detectou um nódulo no rim direito. “A sensação ao receber a notícia foi um baque para mim, e por extensão, para a minha família também”, disse. E prosseguiu com uma metáfora: “É como se a novela fosse acabar na sexta e eu estivesse no capítulo de quarta”. Isto aconteceu no dia 9 de julho, uma terça-feira.
No mesmo dia ele falou com o médico Cassiano Furlam Borgo, especialista na área. Ele explicou como seria o procedimento cirúrgico e disse que o tumor estava no início (medindo pouco mais de 3 centímetros).
Em seguida, Biel encaminhou o resultado do exame a médicos da sua confiança. Para seu alívio, todos garantiram que estava no início.
Daí era partir para o enfrentamento. Havia duas possibilidades: a primeira seria a realização de uma nefrectomia parcial ou uma total.
O doutor Cassiano Borgo sugeriu que a cirurgia fosse feita no Cias (Hospital Unimed Vitória), onde este tipo de operação é rotineiro. Lá, os médicos optaram pela realização da nefrectomia parcial. O procedimento é mais difícil, porém, é mais saudável para o paciente.
A cirurgia
Lá, ele foi operado no dia 2 de agosto. Entrou no centro cirúrgico por volta das 12h50 e saiu às 18h30. Teve alta no dia seguinte; permaneceu alguns dias em Vitória até retornar a Nova Venécia.
Biel contou que o pós-cirúrgico foi complicado devido aos procedimentos. Segundo ele, foi realizada uma videolaparoscopia, (cirurgia com vídeo). O método não é o tradicional, com um corte. No caso dele foram cinco cortes pequenos no lado direito do abdômen. Por um deles foi introduzida a câmera de vídeo, por outro passavam os instrumentos cirúrgicos, por outro foi introduzido um gás (para dilatar o abdômen e a equipe ter espaço de observação e ação), a equipe trabalhava através do quarto corte e o quinto foi para a retirada do rim afetado para que o tumor fosse removido.
Metade do órgão foi retirada e a metade sadia foi reposta no lugar. Agora, ele possui um rim e meio.
O pós-operatório
Depois da cirurgia ele ficou 5 dias sem alimentação e água, perdeu quase 8 quilos.
O material retirado foi encaminhado para biópsia que constatou características de um tumor maligno. Diante disso, a partir de agora ele terá que fazer acompanhamento trimestral e na medida em que for fazendo a revisão, vai aumentando a periodicidade. Esse monitoramento pode durar cinco anos.
Biel voltou a se alimentar normalmente, mas está suspenso de atividades físicas por pelo menos 2 meses.
Ele disse que não está tomando nenhuma medicação, não fez uso de nenhum antibiótico. “Isso é um sinal de que tudo ocorreu bem”, afirmou.
O caminho percorrido
Dois antagonismos marcaram o enfrentamento de Biel. Um deles foi o forte e maciço apoio da família e dos amigos, segundo ele, especialmente sua esposa Tamara. “A carga emocional foi muito forte; em alguns momentos comecei a desanimar, mas ela chegava e dizia, vamos parar com isso, porque não temos tempo a perder, vamos em frente”, disse emocionado.
Mas, se por um lado ele teve apoio, os obstáculos vieram da sua operadora de plano de saúde, a Unimed. Ao pedir a autorização para a realização do tratamento, foi informado de que a análise levaria 5 dias até autorizar. “A pessoa que atende não sabe nada do seu problema, não sabe que você está correndo contra o tempo e trata como se não fosse prioridade”, disse.
Diante disso, ele decidiu ajuizar o pedido de autorização. Ao acionar a Justiça, tudo se agilizou, antes da conclusão da ação, bastou a operadora tomar conhecimento. “Eu não estava interessado em demanda judicial, eu queria resolver o meu problema, assim, com a autorização em mãos, eu retirei a ação”, declarou.
Segundo ele, em 2017 fez o mesmo exame e não constatou nada. “Não que o exame estivesse errado, estava certo, tudo foi de lá para cá”, informou.
O vereador ressalta a importância que foi o diagnóstico precoce da doença. De acordo com ele, os médicos o informaram de que, normalmente, os pacientes chegam com nódulos de até 8 centímetros, em estado avançado. Isto se deve ao fato de que a maioria, absoluta das pessoas só procura o médico após começarem a sentir os sintomas, os quais aparecem de acordo com o progresso da patologia.
O recomeço
Ele ficou 13 dias afastado da Câmara de Vereadores (duas sessões), bem como do seu trabalho como farmacêutico, na cidade de São Mateus. “Já voltei, estou novinho”, falou aos risos.
Ele fez questão de dizer que se alguém estiver passando por situação semelhante, pode procurá-lo que ele está disposto a conversar e a orientar sobre os caminhos a seguir. “Se para mim que sou da área de saúde foi difícil obter o tratamento, imagino como dever ser para quem não é da área, que não conhece os caminhos”, conjecturou.
Os agradecimentos
Ao final da entrevista, ele enumerou agradecimentos que considera fundamentais: à Deus e Nossa Senhora Aparecida; (à Clínica de Medicina e Imagem do Hospital São Marcos (HSM); ao Centro de Diagnóstico e Imagem do (HSM); à Secretaria de Saúde do Município de Nova Venécia; à Rede Cuidar; à família; aos amigos e, por fim, ao médico Sérgio Riguette e equipe, responsável pela cirurgia.
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