OPINIÃO
* Antonio Emílio
Durante décadas o aparelho televisor foi uma grande atração nas residências brasileiras. Então símbolo de poderio econômico e objeto de desejo, muitas famílias se reuniam em torno da televisão para acompanhar os programas transmitidos via sinal analógico captado por antena.
Durante essas décadas praticamente apenas uma emissora alcançava as residências que possuíam o cobiçado aparelho. Cabia a essa emissora decidir o que as pessoas assistiriam pela manhã, à tarde ou à noite. Decidir quais notícias informariam a população. Quais as palavras que seriam usadas para essa notícia chegar aos olhos e ouvidos dos brasileiros e o mais importante: decidir sobre o que/ou de quem as pessoas NÃO seriam informadas – uma espécie de censura velada. Tratava-se de verdadeiro monopólio da informação que, por certo, conduziu centenas de milhares de brasileiros a pensar em algum momento de determinada forma, sem sequer questionar ou saber da existência de outras possibilidades – uma espécie de manipulação velada.
Com o avanço da tecnologia, felizmente logo surgiram outras emissoras, outros canais, abertos ou a cabo, que foram diminuindo consideravelmente a concentração da emissão de informação por apenas uma instituição, permitindo a variedade de esclarecimentos, a multiplicidade de pontos de vista. Permitindo questionamentos, indagações e aumento da informação. Reduziu-se drasticamente a possibilidade de censura ou manipulação.
Com o avanço incessante da tecnologia, o tão desejado televisor de outrora perde espaço para um novo meio de comunicação: as redes sociais. Consolidou-se assim a liberdade da informação, sem censura ou manipulação! Será? Receio que não…
A internet ou as redes sociais não são “territórios livres”, onde cada pessoa é um agente transmissor de opiniões ao infinito. Como toda plataforma virtual, qualquer rede social é elaborada com base em programação de computador, com base em algoritmos que podem limitar o alcance de determinada inserção apenas ao seu bairro, à sua cidade, ou à sua região, de acordo unicamente com a vontade da plataforma – ora, ora, parece que nos deparamos com uma censura velada novamente!
Da mesma forma, referida plataforma pode “bombardear” um usuário com determinado tipo de informação, restringir o alcance de outras publicações e “selecionar” o que essa pessoa “deve” ver. Ora, ora, senão nos aparenta uma real possibilidade de manipulação aqui!
Novamente a solução é a mesma: permitir e apoiar as mais variadas redes sociais e plataformas possíveis, para sairmos do monopólio e termos acesso a um maior número de informação. Exemplo é o sucesso da recém-lançada plataforma libertária GETTR, nos Estados Unidos.
Recordo então, da sempre válida lição de Dom Pedro II, o maior homem público que este país já teve. Foi perseguido por muitos veículos de comunicação (assunto para outro momento), apelidado de “Pedro Banana”, alvo de caricaturas desabonadoras e figurou em muitos artigos nem sempre respeitosos. A quem lhe perguntava se implantaria a censura, ou que deveria calar a imprensa que o criticava covardemente, o Imperador respondia: “Imprensa se combate com mais imprensa”.
Salve Pedro II, o Magnânimo.
* O autor é ex-presidente da Câmara Municipal de Nova Venécia
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